quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A natureza de Deus e a oração do homem




A soberania de Deus é o sustentáculo da oração. Deus é o autor e a fonte de todo bem que temos experimentado e de todo bem que esperamos para o futuro. Deus governa, preserva e dirige todas as coisas. Nada foge ao controle pleno de Deus. O apostolo Paulo exalta o senhor em sua soberania no capitulo 11 de sua carta aos romanos no versículo 36; “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas”... (Gr. Ta Panta).
A soberania de Deus esta intimamente ligada à sua criação. A tese de que ele governa, preserva e dirige todas as coisas, e que tudo é dele, por ele e para ele, levanta um aspecto fundamental e preponderante na oração eficaz. Nossa oração só será eficaz se orarmos para que Deus realize nossos desejos segundo a sua vontade. Nada è mais importante do que isto, tanto para Deus quanto para nos.
A natureza de Deus é revelada em seus atributos. Deus é perfeito, imutável, sábio, etc. Esses atributos que enfatizamos nos dão à idéia de que Deus não erra, pois é perfeito, não muda, pois é imutável e não é tolo, pois é sábio. Isto significa que existem coisas que Deus por sua natureza não pode fazer. Por exemplo; não podemos orar pedindo a Deus que nos de perfeição nesta vida, pois sabemos que seu plano de salvação inclui a perfeição para toda a igreja no arrebatamento e não para indivíduos no decorrer da vida cristã. Este é um tipo de oração que Deus não pode responder. Mas então perguntamos o que fazer com o versículo de Lucas 1, 37. Que diz; “porque nada é impossível para Deus”? Ora este versículo deve ser interpretado à luz das revelações bíblicas sobre a natureza de Deus, e, por conseguinte de acordo com seu contexto imediato. Portanto este versículo significa que nada é impossível para Deus somente dentro de seu plano e seu propósito. Para a humanidade é impossível que ela venha a salvar a si própria, contudo para Deus isto é possível, ele criou um plano de salvação e o executa dentro desse plano para Deus nada é impossível. Agora, uma filosofia bíblica clara e coerente nos mostra que existem coisas que Deus jamais faria. È impossível que Deus minta, pois é verdadeiro, é impossível que Deus renuncie a si mesmo, alias esta é uma coisa que ele requer de nos, mas ele não pode fazer. Tenha certeza se pecar Deus reage a você com ira, pois isto é de sua natureza. Porem se arrepender e voltar a ele em oração e suplica, ele reage a você com misericórdia e graça, pois isto é da natureza dele. É por isso que a maioria de nossas orações não é eficaz, pois são orações egoístas que não estão de acordo com sua vontade. As orações feitas segundo a vontade de Deus podem e mudam o rumo das coisas, e também a nossa historia.
.
Definições

O erudito evangelical James I. Packer em seu livro “a evangelização e a soberania de Deus define de modo coerente e brilhante a doutrina bíblica da oração. Ele diz; a oração é uma confissão de impotência e necessidade, um reconhecimento de falta de recursos próprios e dependência, e uma invocação do poder soberano de Deus para que ele faça por nós o que nós mesmos não temos capacidade de fazer”. Esta definição enfatiza de um modo sucinto e coerente a dependência, a impotência e a necessidade que o homem tem em relação à provisão tanto da própria vida como de seus recursos para sua subsistência e enfatiza que na oração reconhecemos que só Deus em sua soberania pode prover para nos tanto nossa vida como os recursos para vivermos.
Alem do que Packer enfatiza, podemos também acrescentar três aspectos básicos na oração. Primeiro, adoração, louvor e ação de graças. Segundo, confissão de pecados. Terceiro petição e intercessão. Podemos também definir a oração como o exercício da fé como confiança na certeza que Deus nos ouve recebe e responde nossas orações. Ou definir de acordo com o Pr. Eliezer de lira que diz; a oração é o meio que Deus proveu ao homem, a fim de que este viesse a estabelecer um relacionamento de comunhão continua com ele.

A excelência da linguagem

A oração é um exercício essencial não somente para o cristão individual, mas para a edificação da igreja no seu aspecto coletivo. A oração é o único meio legitimo de se comunicar com Deus. A vida cristã sendo vivida na vida de Cristo depende exclusivamente de um relacionamento intimo com Deus. A coisa fundamental para se iniciar e dar prosseguimento a um bom relacionamento com Deus e com o próximo é a comunicação. O bom relacionamento requer comunicação e confiança. O relacionamento é um fator indispensável para o cristão ter intimidade e conhecimento de Deus. Como conheceremos alguém com quem não falamos? Como seremos íntimos de quem não conhecemos? Como nos relacionaremos com quem não temos intimidade nem conhecemos e nem conversamos? Como confiaremos em um desconhecido? Como confiaremos em quem não temos intimidade? Como confiaremos em quem nunca conversamos? O relacionamento a intimidade o conhecimento e a confiança são fatores essenciais e indispensáveis á vida tanto cristã como secular, na família, no trabalho, no transito, na escola, na igreja em todos os seguimentos de nossa vida. E tudo isto começa com a comunicação. Se não existe comunicação, não existe relação, se não existe relação, não existe intimidade, se não existe intimidade, não existe conhecimento, se não existe conhecimento, não existe confiança, se não existe confiança, não existe comunhão, se não existe comunhão, não existe cristão. É por isto que a linguagem e a comunicação e fundamental para os propósitos de Deus. A fala-linguagem-comunicação é a principal característica que distingue os homens dos animais. E é exatamente a fala que reflete de modo claro e inequívoco a imagem e a semelhança do homem com Deus. O homem fala exatamente porque Deus fala, e Deus dotou o homem desta capacidade porque quer se comunicar-conversar com o homem eternamente. Há muito tempo os cientistas brigam com suas teorias procurando encontrar uma explicação racional para a linguagem humana, e terminam sempre onde começam, sem respostas. A linguagem é um dom de Deus. Portanto esta é a filosofia bíblica da oração, Deus fala é dotou o homem desta capacidade para que ambos possam se comunicar eternamente em um relacionamento de conversa interminável.

Pb. Juliano da Silva
Setembro 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

O MINISTÉRIO PROFÉTICO APÓS O ARREBATAMENTO DA IGREJA



A atividade profética prosseguirá mesmo após o arrebatamento da Igreja.

Texto áureo – “E ele me disse: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas, e reis” (Ap.10:11).


INTRODUÇÃO

- Em complemento ao estudo deste trimestre, estudaremos o ministério profético após o arrebatamento da Igreja.

- A retirada da Igreja do mundo não representará o término do ministério profético. Na Grande Tribulação, haverá profetas, como também no reino milenial de Cristo, quando Israel se tornará o reino sacerdotal planejado pelo Senhor desde a entrega da lei no Sinai.

I – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NO PERÍODO DA GRANDE TRIBULAÇÃO

- Temos visto que a atividade profética se iniciou como uma resposta divina à invocação ao nome do Senhor, gesto feito por Sete ao ter seu primeiro filho, Enos (Gn.4:26), tanto que o primeiro profeta que as Escrituras nos registram é Enoque (Jd.14), o sétimo depois de Adão.

- A profecia é a comunicação de Deus aos homens e, deste modo, é uma atividade que, embora tenha por assunto a salvação, a revelação do plano de Deus à humanidade, não se esgotou com a consumação da obra redentora no Calvário.

- Tanto é assim que, mesmo depois da morte e ressurreição de Jesus, continuamos a ter a atividade profética, agora exercida pela Igreja, que foi edificada pelo Senhor Jesus (Mt.16:18), Igreja esta que tem uma missão profética, visto que é a agência do reino de Deus na Terra.

- A profecia, pois, não depende da Igreja para continuar a existir, visto que já existia antes de a Igreja surgir. Por isso, quando a Igreja for arrebatada, dando fim à dispensação da graça, a atividade profética não cessará, pois ela é independente da Igreja, embora, na atualidade, seja ela exercida pela Igreja e tão somente por ela.

- Uma das demonstrações que temos de que a atividade profética não se esgota com a Igreja é a circunstância de ainda haver profecias do Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas, o que é suficiente para mostrar que a atividade profética suplanta o período da Igreja ou a própria Igreja. A profecia não apenas falava da salvação do homem, mas, também, da restauração de todas as coisas (At.3:21), algo que ainda não ocorreu e que ainda está para vir.

- Por isso, no dia em que Jesus vier arrebatar a Sua Igreja, pondo fim à graça, a atividade profética não será eliminada da face da Terra, prosseguirá existindo, mas, tendo em vista a retirada da Igreja, assumirá um novo perfil.

- Com o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo, que é a Pessoa divina que promove a comunicação de Deus com o homem, deixará de atuar de forma indiscriminada como tem sucedido desde o dia de Pentecostes. A Igreja, sobre quem foi derramado o Espírito Santo, subirá ao encontro do Senhor nos ares (I Ts.4:16,17), guiada pelo Espírito Santo, que, assim como a Igreja, anela a chegada daquele dia (Ap.22:17). Temos uma figura desta realidade na passagem bíblica do casamento de Isaque e Rebeca, pois esta foi levada ao encontro daquele por Eliezer, tipo do Espírito Santo (Gn.24:58-67).

- No entanto, o Espírito Santo não abandonará a Terra, como até alguns equivocadamente ensinam. Por primeiro, por ser Deus, Ele é onipresente e, portanto, não poderia deixar de estar na Terra. Por segundo, como a atividade profética não cessará, mesmo durante a Grande Tribulação, mister se faz que o Espírito atue, ainda que não mais indiscriminadamente, como agia na época da Igreja.

- Após o arrebatamento da Igreja, as Escrituras nos indicam que Israel conseguirá reconstruir o seu templo em Jerusalém, mediante um acordo que fará com uma grande liderança política, surgida do reerguimento do antigo Império Romano (Dn.9:26,27), acordo este que se tornará possível por causa de dois importantes fatos que alterarão a geopolítica internacional: uma grande vitória militar de Israel contra uma aliança de países liderada pela Rússia, Irã, Líbia e Turquia (Ez.38,39) e a conquista do poder no Ocidente por esta grande liderança política, neste Império Romano redivivo.

- Com a reconstrução do templo, começa a última semana das setenta semanas profetizadas por Daniel (Dn.9:24-27), bem como o período descrito em diversas passagens bíblicas, mas notadamente nos capítulos 6 a 19 de Apocalipse, conhecido como “Grande Tribulação”, um período de juízo divino sobre a Terra, que será entregue nas mãos do Anticristo e do Falso Profeta.

- Enquanto o poder político, econômico e religioso do mundo cai nas mãos da “trindade satânica” (diabo, anticristo e falso profeta), Deus providenciará que surjam profetas, cheios do Espírito Santo, que pregarão a verdade e conclamarão a humanidade ao arrependimento de seus pecados, apesar de toda a eficácia e poderio que se permitirão ao Anticristo e ao Falso Profeta (Dn.7:19-25; II Ts.2:8-12; Ap.13).

- Mesmo diante de um quadro desolador, o Senhor terá, no meio da humanidade, o Seu povo, aqueles que crerão em Jesus e alcançarão a salvação, como sendo a respiga da colheita (Lv.19:10: 23:22; Rt.2:3,15-17). O primeiro grupo mencionado é o dos cento e quarenta e quatro mil assinalados dentre as doze tribos dos filhos de Israel, israelitas que se converterão ao Senhor Jesus, muito provavelmente por causa da atividade profética que se desencadeará neste período. Estes israelitas, mencionados em Ap.7:1-8 e 14:1-5, servirão ao Senhor Jesus e se tornarão Sua propriedade, sendo as “primícias de Deus e do Cordeiro” do remanescente salvo de Israel. Estes, por terem sido assinalados pelo Senhor, parecem ser os únicos que sobreviverão ao Anticristo, já que fazem parte do Israel fiel, que será preservado (Rm.11:25,26; Ap.12:14-17).

- Boa parte dos estudiosos entende que são estes cento e quarenta e quatro mil assinalados que promoverão a pregação do evangelho do reino de que fala Mt.24:14, o que os torna profetas diante do Senhor, vez que levarão a mensagem salvadora do Evangelho, substituindo, assim, a Igreja nesta tarefa. Segundo estes estudiosos, é o trabalho destes assinalados que permitirá que nações não se dobrem ao Anticristo e possam adentrar no reino milenial de Cristo.
OBS: “…Entre os judeus salvos haverá 144.000 selados. O selo certamente é o mencionado em Ap.14:1. São representantes das tribos de Israel. Certamente dentre eles sairão missionários que levarão ao mundo a Palavra de Deus (Is.66:19). Eles substituirão a Igreja na obra de testemunhar. Deus nunca ficou sem testemunho, nem mesmo durante a apostasia de Israel (I RS.19:18,19; Rm.11:5)…” (HERMEL, João Maria.Escatologia. In: Apostila da 62ª EBO da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém, 2008. p.62).

- O segundo grupo é o dos “santos do Altíssimo”, aqueles que crerão em Jesus na Grande Tribulação, mas não pertencem ao remanescente de Israel e que, por isso, mesmo tendo crido em Jesus, acabarão sendo vencidos pelo Anticristo e mortos como mártires (Dn.7:25; Ap.6:2,9-11; 7:14-17).

- Mas, como se formará este povo que serve e crê em Jesus, se a Igreja foi arrebatada e não se pode ter salvação a não ser crendo em Jesus Cristo (At.4:12), fé esta que vem pelo ouvir pela palavra de Deus (Rm.10:17) e pelo convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8)?

- Porque, após o arrebatamento da Igreja, Deus levantará duas testemunhas, dois profetas que, por três anos e meio, durante a primeira parte da Grande Tribulação, serão os porta-vozes de Deus sobre a face da Terra, anunciando que Jesus arrebatou a Igreja e que se está diante de um período de juízo sobre a humanidade que, se não se arrepender, será destruída. Estas duas testemunhas são mencionadas em Ap.11:1-14.

- As duas testemunhas profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, ou seja, três anos e meio, vestidas de saco (Ap.11:3), ou seja, transmitirão uma mensagem de arrependimento e confissão dos pecados, indicando o juízo divino, que não tardará. Sua pregação se dará num momento extremamente difícil para que se dê crédito à pregação, pois se estará num período de aparente paz no mundo, inclusive com o judaísmo a todo vapor, diante do restabelecimento do templo em Jerusalém.
OBS: “…Estas passagens bíblicas [I Ts.5:3; Ap.6:2, observações nossas] falam da paz e prosperidade que a terra experimentará no princípio do governo centralizado da Besta (Dn.11.36). Ela convencerá o mundo de que acaba de rariar a era da paz e do progresso com que a humanidade sonhava. A política, a religião, a economia e a ciência serão suas metas principais. A ciência atingirá um ponto nunca alcançado. Todo esse progresso será falso, porque será superficial e porque durará pouco. Logo depois, a Besta revelará seu verdadeiro caráter maligno, ao mesmo tempo em que os juízos desencadeados do Céu, sob os selos, trombetas e as taças do Apocalipse, capítulos 6 a 18, porão tudo a descoberto, mostrando que as multidões foram totalmente iludidas…” (HERMEL, João Maria. op.cit., p.61).

- Verdade é que esta “aparente paz” é enganosa, visto que as Escrituras nos mostram que, mesmo durante o primeiro período da Grande Tribulação, teremos a intensificação de todas as mazelas que hoje já vivemos, no chamado “princípio das dores”, consoante nos mostram os selos do capítulo 6 do livro do Apocalipse.

- Estes profetas serão levantados por Deus com grande poder, pois terão de enfrentar o Anticristo e o Falso Profeta, desmascarando-lhes. São chamados de “as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante de Deus na Terra”(Ap.11:4), razão pela qual há estudiosos que entendem tratar-se de Enoque e de Elias, dois profetas que não provaram a morte e que estariam sendo preservados pelo Senhor para esta missão do final dos tempos. Sem adentrar em especulações quanto à identidade de tais profetas, o certo é que, como afirma o pastor José Serafim de Oliveira, “…Deus enviará duas testemunhas durante o governo do anticristo para confortar o Seu povo, os judeus. Estas duas testemunhas serão dois homens cheios do Espírito Santo, que Deus levantará nesta ocasião para resistirem o anticristo e pregarem a Palavra de Deus, cujos ministérios serão semelhantes aos ministérios de Moisés e de Elias.…” (SERAFIM, José. Desvendando o Apocalipse: livro da revelação, p.68).

- Durante o período de ministério destes homens, eles não conseguirão ser vencidos pelos seus adversários. Todos quantos se levantarem contra ele serão mortos (Ap.11:5) e terão eles a autoridade do Espírito Santo em suas mensagens. Além da autoridade do Espírito, que levará muitos à conversão, também farão sinais e prodígios, inclusive impondo, a exemplo de Elias, seca no período de sua profecia e poder para converter a água em sangue, a exemplo de Moisés, podendo, também, ferir a terra com tantas pragas quantas quiserem (Ap.11:6).

- Notamos, pois, que, ao contrário do que ocorre na atualidade, o Espírito Santo não será derramado entre o povo de Deus. Durante o tempo da profecia destas duas testemunhas, terão eles o Espírito Santo, serão eles os propagadores da mensagem do Evangelho, o veículo para a comunicação de Deus com o homem. Voltamos, assim, ao que havia antes da Igreja, quando, em Israel, Deus Se comunicava com o Seu povo através dos profetas. Exceção serão apenas os 144.000 assinalados, as primícias do remanescente fiel de Israel.

- Embora nada lhes possa fazer mal durante o tempo de seus ministérios, as duas testemunhas não poderão impedir o martírio dos “santos do Altíssimo”, daqueles que crerem em suas mensagens ou da dos 144.000 assinalados e se converterem a Cristo Jesus. Todos estes serão vencidos pelo Anticristo e mortos (Ap.13:10). Não serão salvos, como bem explica o pastor José Serafim, pela sua morte, pois a morte não traz salvação alguma, mas serão mortos por terem sido salvos pela graça, por terem crido em Jesus.
OBS: “…Foram perseguidos e mortos pelo anticristo por não negarem a sua fé. Lavaram as vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Não foram salvos pelo seu próprio sangue, como alguns ensinam. Foram salvos pela graça. Só o sangue de Jesus purifica e torna o pecador apto para entrar na presença de Deus.…” (SERAFIM, José. op.cit., p.53).

- Terminado, porém, o tempo do seu ministério (três anos e meio), o Anticristo coroará a sua vitória sobre os santos matando as duas testemunhas (Ap.11:7). Este seu ato, que se seguirá à sua “falsa ressurreição” (Ap.13:3), confirmará, aos olhos de toda a terra, de que o Anticristo é um deus e que merece ser adorado. O Falso Profeta, que também fará sinais, fazendo até descer fogo do céu (muito provavelmente para se contrapor aos sinais das duas testemunhas, que, como Elias, haviam fechado o céu para que não chovesse), também levará o povo a reconhecer o Anticristo como “deus”, instituindo, assim, o culto ao Anticristo, para o que convergirão todas as religiões até então existentes, salvo o judaísmo, que com isto não concordará (Ap.13:13-15).

- Com a morte das duas testemunhas pelo Anticristo, são calados estes dois profetas, que passam a ser “troféus” das duas bestas, tendo seus corpos expostos em Jerusalém, que se tornará a sede do culto ao Anticristo (Ap.11:8-10), diante da profanação do templo por ele, que se dará concomitantemente (Dn.9:27; 11:31; Mt.24:15). Estarão ali para “provar” a deidade do Anticristo e a circunstância de que o Falso Profeta proclama a “religião verdadeira”.
OBS: É interessante anotar que, na escatologia islâmica, há a crença de, pouco antes do dia do julgamento, haverá três profetas. Um deles, falso, chamado de “Al-Dajjal“, que será desmascarado por “Mahdi”, um profeta que, juntamente com “Isa” (que é Jesus), que retornará, vencerá “Al-Dajjal” numa batalha.

- Estes profetas, porém, ressuscitarão, ao final do período da Grande Tribulação, ou seja, três anos e meio depois de sua morte, num grande sinal e prodígio que testemunhará a iminência da derrota do Anticristo e do Falso Profeta, encontrando-se com o Senhor nos ares, quando este, acompanhado da Igreja, retornar das bodas do Cordeiro para a batalha do Armagedom (Ap.11:11-13; 19:11-21), retorno, aliás, que foi profetizado pelo primeiro profeta, Enoque (Jd.14).

- Após a morte das duas testemunhas, inicia-se o pior período da Grande Tribulação, onde os juízos divinos serão derramados sobre a Terra, com a preservação tão só do remanescente fiel de Israel.

- Mas, diante da cessação do ministério profético das duas testemunhas e da circunstância de que o Israel fiel ir para o deserto, acuado, sem condição alguma de propagar a mensagem do Evangelho (Ap.12:12-17), teremos a cessação da atividade profética durante a segunda metade da Grande Tribulação, numa situação similar ao “silêncio profético” entre Malaquias e João Batista?

- A resposta é negativa. Em Ap.14:6-11, é dito que três anjos trarão mensagens aos homens, a respeito do juízo de Deus, conclamando-os a temer a Deus e lhe darem glória e a recusarem o sinal da besta para que não sofressem os juízos divinos. Vemos, pois, que a comunicação de Deus com os homens não cessará, não haverá novo “silêncio profético”. Deus calou-Se porque estava para vir a salvação, mas, agora, que está para vir o juízo, a destruição, Sua misericórdia e amor O impedem de ficar calado. Aliás, foi esta a mensagem deixada pelo último profeta antes do “silêncio profético interbíblico”, Malaquias: “Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que Eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml.4:5,6). Ou seja: Deus sempre abre uma oportunidade antes do juízo. Aleluia!

- Assim como antes do dilúvio, levantou Noé para pregoar a justiça (II Pe.2:5); antes da destruição do reino de Israel (o reino das dez tribos do norte), levantou Oseias para mostrar o Seu amor para com Israel (Os.1) e, antes da destruição do templo e de Jerusalém, levantou Jeremias em Judá (Jr.1), também anunciará uma mensagem às nações antes que desfira o golpe final de juízo sobre os impenitentes da Grande Tribulação.
OBS: Segundo alguns estudiosos, aliás, os 144.000 assinalados estarão em pleno trabalho de evangelização neste período, o que, também, afasta a hipótese de “silêncio profético” nessa época.

- Muito se discute se se trata aqui de anjos, que pregariam esta mensagem, ou, então, se tais anjos são mensageiros humanos, novos profetas que serão levantados neste período. Os estudiosos dividem-se. O pastor José Serafim entende tratar-se de mensageiros celestiais, o que faz sentido, diante da inexistência de pessoas que sirvam a Deus fora do remanescente fiel de Israel, grande parte deles encurralado nos montes do deserto da Judeia. Será esta mensagem, porém, que levará ou ajudará a levar algumas nações a não se voltarem contra Israel, o que lhes permitirá a entrada no reino milenial de Cristo (Mt.25:31-46).

II – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NO REINO MILENIAL DE CRISTO

- A Grande Tribulação termina com a vitória de Jesus sobre os exércitos do Anticristo e do Falso Profeta que, congregados no vale do Armagedom, estarão prontos para exterminar o remanescente fiel de Israel, que se encontrará entrincheirado nos montes da Judeia (Jl.3:11-21).

- O Senhor Jesus, sete anos após o pacto entre o Anticristo e Israel, surgirá glorioso nas nuvens, com a Igreja, e pessoalmente tratará de trazer livramento e salvação a Israel (Is.63:1-6; Ap.19:11-21). Os israelitas remanescentes, ao verem o Senhor nos ares, O aceitarão como o Messias, convertendo-se ao Senhor Jesus (Zc.12:8-13:6).

- Diante desta conversão, Israel receberá o Espírito Santo, que será derramado sobre toda a nação, ocorrendo, assim, o cumprimento cabal da profecia de Joel, que só foi parcialmente cumprida no dia de Pentecostes (Jl.2:28-32). Com a palavra o pastor João Maria Hermel: “…Israel buscará a Deus, começando assim o derramamento do Espírito Santo. Vejamos isso na profecia de Joel 2.20, o Senhor destroçando os invasores e em Joel 2.28, a promessa do derramamento do Espírito Santo. Essa promessa teve cumprimento parcial no Dia de Pentecostes (At.2.16,17) e terá pleno cumprimento onde muitos judeus serão salvos. Uma evidência é que no Dia de Pentecostes não se cumpriram os sinais preditos em Joel 2.30,31, o que ocorrerá somente durante a Grande Tribulação (Mt.24.29; Ap.6.12-14; At.2.19,20).…” (op.cit., p.62).

- Este derramamento do Espírito Santo sobre todo o povo de Israel cumprirá o desejo manifestado por Moisés a Josué: “…Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o Seu Espírito!” (Nm.11:29b). Por isso, aliás, o profeta Zacarias informa que não haverá mais profetas para o povo de Israel, visto que cada um terá o Espírito Santo e não precisará mais de profetas para se chegar a Deus (Zc.13:2-5).
OBS: É interessante notar que o judaísmo entende que Israel se tornou uma nação de profetas ao passarem o Mar Vermelho, pois, então, aí, teriam tido uma experiência sobrenatural, que os capacitaram a ser profetas. “…No Egito, os judeus presenciaram ocorrências sobrenaturais, mas quando o Mar dos Juncos [O Mar Vermelho, observação nossa] se abriu ao meio, todos os judeus adquiriram a condição de profetas. Está escrito mo Midrash [interpretações não literais de textos bíblicos feitos pelos mestres judaicos desde Esdras até por volta do século IV d.C. – observação nossa] que mesmo o mais simples dos judeus ‘viu no Mar de Juncos o que não fora visto nem pelo profeta Ezequiel’(…). No sétimo e último dia de Pessach ~[Páscoa, observação nossa] todos os judeus se tornaram profetas. D’us se tornou uma realidade tão palpável que, na Canção do Mar, entoada pelo Povo Judeu em louvor a D’us por sua salvação, as crianças proclamaram: ‘Este é meu D’us!’ indicando claramente perceber a Presença Divina…” (TRÊS níveis de percepção do Divino. In: Morashá, ano XVII, mar. 2010, n.67, p.9). Este pensamento é interessante, pois nos mostra, claramente, que, a partir da experiência no Mar Vermelho, Israel foi se descredenciando para ser uma nação de profetas, já que não pôde se tornar apto para receber a promessa de Abraão, recebendo, diante disto, a lei no monte Sinai, o que explica a frustração de Moisés na sua afirmação a Josué.

- Sobre esta realidade, também, fala-nos o profeta Daniel, que, na profecia das setenta semanas, teve a revelação divina de que a profecia e a visão cessariam para o seu povo, i.e., para Israel, após setenta semanas, contadas da ordem para a reconstrução de Jerusalém. Como já dissemos supra, falta ainda uma semana para que tal se realize e esta semana findará, precisamente, no término da Grande Tribulação, com a derrota do Anticristo e do Falso Profeta pelo Senhor Jesus, na batalha do Armagedom (Dn.9:24).

- Convertido ao Senhor Jesus, Israel poderá cumprir o propósito divino de ser o reino sacerdotal e povo santo, propriedade peculiar de Deus dentre os povos (Ex.19:5,6), motivo por que as nações todas, através de Israel, adorarão ao Senhor, vindo a Jerusalém anualmente, por ocasião da Festa dos Tabernáculos (Is.66:18-23; Zc.14:16-21).

- Jesus reinará não só sobre Israel mas sobre o mundo inteiro, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Teremos entrado no reino milenial de Cristo, estando tanto Israel quanto a Igreja a reinar com o Senhor e a exercer o papel sacerdotal (Ap.1:6,7; Is.66:21,22).

- Haverá ministério profético durante o reino milenial de Cristo? A resposta é afirmativa. Embora as Escrituras informem que não haverá mais profetas para o povo de Israel, o certo é que, na profecia de Joel, é dito que os filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões e os velhos sonharão sonhos (Jl.2:28).

- Em Israel, dada a plenitude do Espírito Santo, não se fará mais necessário haver profecias, pois se estabelecerá o novo concerto, profetizado por Jeremias, onde haverá perfeita comunhão entre Cristo e Israel (Jr.31:31-34), numa dimensão toda especial, pois terão alcançado a salvação de forma definitiva (Rm.11:25-27), ainda que num patamar inferior ao da Igreja glorificada, que, a esta altura, também não mais precisará do ministério profético, pois já terá atingido, desde o arrebatamento, a perfeição (I Co.13:9,10).

- Com relação às demais nações, todavia, o ministério profético continuará sendo necessário e os profetas serão, precisamente, os israelitas, os quais prosseguirão o trabalho iniciado pelos 144.000 assinalados durante a Grande Tribulação. Como reino sacerdotal, Israel, que terá um templo em Jerusalém (o templo descrito por Ezequiel, nos capítulos 40 a 46), organizará o culto ao Senhor, mas, também, como propriedade peculiar dentre os povos, será a nação de profetas almejada por Moisés, levando o conhecimento de Deus às nações e as trazendo à adoração (Is.66:19).

- Por isso é dito que os filhos e as filhas dos israelitas profetizarão, que seus mancebos terão visões e que seus idosos sonharão sonhos, porquanto a eles será dado o ministério profético durante o milênio. Israel não só oferecerá sacrifício das nações a Deus, como também promoverá o conhecimento da verdade a todas as nações, comunicando-lhes a vontade de Deus.

- Ao término do milênio, quando Satanás for solto, far-se-á a grande opção daquela geração longeva de todas as nações e muitos, apesar de tudo quanto ouviram da parte do Senhor, serão enganados pelo inimigo e destruídos na rebelião final (Ap.20:7-10).

- Só, então, quando passarem estes céus e terra (Ap.20:11; 21:1), cessará o ministério profético, sobrevindo, então, o juízo do trono branco (Ap.20:12-15). Após este julgamento, com o fim da história, todos os homens que creram em Cristo Jesus desfrutarão da dimensão eterna, onde não será mais necessária a profecia, visto que todos estarão em plena comunhão com o Senhor (Ap.21:3).

- Notemos, por fim, que, a partir da complementação das Escrituras, todos os profetas são orais, não reduzem a escrito suas mensagens, visto que as Escrituras se completaram (Ap.22:18,19).



Caramuru Afonso Francisco