quinta-feira, 7 de maio de 2009

A DESINTEGRAÇÃO FAMILIAR, O FATOR DESAGREGADOR E DESTRUIDOR DO NOSSO SÉCULO


A desintegração familiar é a doença que mais males provoca na humanidade do presente século.

Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. (Gn.2:24)

INTRODUÇÃO


- A família, obra-prima da criação divina, é o principal alvo dos ataques do príncipe deste mundo que, por meio de eficaz trabalho de desintegração das famílias, está destruindo os indivíduos, os grupos sociais (inclusive as igrejas locais) e a humanidade, como um todo.

I – O QUE É E QUAIS AS FUNÇÕES DA FAMÍLIA

- O primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20).

- Os homens, mesmo, sem conhecer a Palavra de Deus, reconhecem o papel fundamental que a família exerce na vida de um homem. A Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma que "…a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado." (artigo XVI, nº 3), preceito que é repetido pela Constituição brasileira, que afirma que "…a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado…" (art.226). Entretanto, apesar dos preceitos normativos solenes, o adversário tem realizado um trabalho terrível de destruição contra a família, até porque seu trabalho é o de matar, roubar e destruir (Jo.10:10).

- Deus não só criou a família como estabeleceu quais as regras e as condutas que devem ser observadas pelos membros da família. As Escrituras trazem quais os parâmetros do relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos e entre irmãos. O segredo da felicidade no relacionamento familiar está em ter uma conduta conforme a Bíblia Sagrada.

- Como a família foi criada por Deus, é Ele quem deve estabelecer as regras, as normas ao homem, a quem cabe, simplesmente, obedecer. A família não é nossa criação, nem pode ser estruturada segundo os nossos conceitos ou a nossa vontade. Existem princípios que devem ser seguidos. Muito se fala, hoje, a respeito da diversidade de culturas, dos diferentes modos de vida das várias raças, tribos e nações em volta do mundo, mas isto não é suficiente para que consideremos que os princípios estabelecidos por Deus não devam ser observados por todos os homens. Os homens, envolvidos em seus delitos e pecados, acabam distorcendo os princípios estabelecidos por Deus e cabe à igreja, como defensora destes princípios, imergir nas culturas dos povos de modo a que tais culturas sejam transformadas e voltem aos princípios estatuídos pelo Senhor. Observemos que, entre os próprios judeus, a dureza de coração foi responsável pela existência de normas jurídicas sobre a família que estavam em desacordo com os princípios estabelecidos por Deus, como denunciou o próprio Senhor Jesus ao ser indagado sobre a norma do repúdio que vigorava, na época, em Israel (Mt.19:3-8).

- As Escrituras indicam que o homem não foi feito para viver solitariamente. Muito pelo contrário, a Bíblia é explícita ao dizer que , ao contemplar o homem, Deus afirmou que " não é bom que o homem esteja só" (Gn.1:18), tendo, então, estabelecido a necessidade de criar a mulher, que serviria como uma adjutora, ou seja, como uma ajudadora, que estivesse diante do homem. Esta explicitação do texto bíblico, em que se dá a narrativa da criação da mulher, especifica algo que o próprio Deus já havia delineado no instante em que decidiu criar o ser humano, porquanto, ao nos ser informada a intenção divina, é-nos dito que, no plano divino, estava o de dotar o homem não só de domínio sobre a criação na terra, mas também, de capacidade de reprodução (Gn.1:28), o que exigia a formação da família, único ambiente em que se poderia concretizar o desejo de Deus para o homem.

- É, precisamente, dentro deste escopo que devemos observar a família. Ela é uma instituição que foi criada por Deus para que o homem pudesse cumprir tudo aquilo que Deus havia planejado para que o homem fizesse. Sem a família, seria impossível que o homem frutificasse e se multiplicasse sobre a face da Terra e, por conseguinte, que o homem pudesse dominar sobre a criação que estava na Terra. É interessante notar que, ao exercer a sua primeira função de dominador sobre o restante da natureza terrena, o homem percebeu que estava só, sentimento este que foi observado por Deus. Sem a providência divina de criação da mulher e, por conseguinte, da família, o homem não teria condições sequer de dominar o restante da natureza, pois, acometido que estava de um sentimento de solidão, de falta, não teria condições psicológicas epara se impor frente aos demais seres.

- Alguns estudiosos costumam dizer que a mulher é uma criatura mais excelente que o homem, porque é o resultado do suprimento de uma carência do homem, sendo, portanto, por assim dizer, um aperfeiçoamento da criação divina. No entanto, se bem observarmos a narrativa bíblica, chegaremos à conclusão de que não é a mulher a criação mais excelente na humanidade, mas, sim, a criação da família, pois foi a criação desta instituição que significou a supressão da carência tanto do homem (que havia motivado a criação da mulher), como da própria mulher. O texto bíblico é claro ao indicar que a tão-só criação da mulher era uma condição necessária, porém não suficiente para que se tivesse a solução da questão da solidão. Esta solução, diz-nos o texto sagrado, somente se deu a partir do instante que Deus estabeleceu que homem e mulher, doravante, se uniriam, formando famílias, de modo a permitir que o propósito divino de domínio e frutificação fosse realizado e concretizado pela humanidade. Assim, é a família a mais excelente criação divina para a humanidade, sendo, pois, assaz apropriado o título desta nossa lição, vez que o comentarista intitulou a família como sendo a "obra-prima de Deus".

- Sem a família, pois, não pode o homem atingir o propósito estabelecido por Deus quando de sua criação. Não há como o homem atender ao que lhe é exigido pelo seu Criador sem que exista a família. Sem a família, o homem não pode sequer ser considerado um homem no sentido estrito da Palavra e as conseqüências que têm vindo à sociedade moderna em virtude do intenso e progressivo processo de desintegração familiar que temos contemplado é uma prova do que estamos a dizer. Via de regra, os criminosos mais hediondos que têm surgido, que nem sequer se portam como seres humanos, tamanha a sua bestialidade, verdadeiras bestas-feras em corpo humano, são pessoas que foram vítimas da ausência da instituição familiar no histórico de suas vidas. A destruição da instituição familiar representa, assim, a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, toda a sociedade.
OBS: Uma das maiores demonstrações da dificuldade de nossos tempos está, precisamente, em observarmos que o adversário de nossas almas, o deus deste século, tem conseguido obnubilar a própria concepção de família no meio da humanidade, algo que, para não se dizer que se trata de implicância ou desvario dos crentes, é observado por diversas pessoas, inclusive o ex-chefe da Igreja Romana, João Paulo II, que, em 1981, assim afirmou: "…A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais.…" (JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Familiaris Consortio, nº 1. www.vatican .va Acesso em 01 mar.2004).

- Neste ponto, é importante esclarecermos que o objetivo da família é o de permitir o cumprimento do propósito divino estabelecido para o homem, qual seja, o domínio sobre a criação na Terra, bem como a frutificação e multiplicação na face da Terra e o suprimento da necessidade de companheirismo. A família, portanto, tem como finalidade o suprimento de necessidades relativas à vida sobre a face da Terra, ou seja, a família não tem qualquer finalidade no tocante à vida eterna, como bem explicou Jesus quando questionado pelos saduceus, a indicar que, na eternidade, não haverá a instituição familiar humana (Mc.12:25), pois a família humana terá sido substituída pela Igreja, que é a família de Deus (Ef.2:19), o povo de Deus que habitará para sempre com o Senhor (Ap.21:3).

- O primeiro papel da família é o da frutificação, ou seja, o de propiciar condições para que o homem produza o fruto do Espírito, pois, quando falamos em frutificação, não estamos nos referindo à reprodução biológica, conceito que se encontra no “multiplicai e enchei a terra” de Gn.1:28, mas, sim, na construção de um “modus vivendi” (modo de vida) de acordo com a vontade de Deus, como, aliás, Jesus nos fala em Jo.15:16, bem como complementa o apóstolo Paulo em Gl.5:22.

- Eis, portanto, o principal motivo para que o adversário de nossas almas se levante contra a família com tanto ímpeto. Sem a família, o homem não tem condições de frutificar, sua frutificação fica muito prejudicada. Assim, quando se destrói a família, retira-se do homem o principal ambiente favorável para que venha a produzir o fruto do Espírito. Não é por outro motivo, aliás, que o apóstolo afirma que a Igreja deve ser “a família de Deus” (Ef.2:19), pois se faz necessário que, ante o processo de desintegração familiar existente neste século, a Igreja seja um refúgio e crie um ambiente em que se torne possível a frutificação, o que somente se atingirá se cumprirmos o mandamento de Jesus: “amai uns aos outros” (Jo.15:17).

- Entendida a finalidade da família e sua circunscrição a esta dimensão terrena de nossa vida, podemos, então, estabelecer quais seriam as funções da família, qual o seu papel diante da sociedade e de cada ser humano, segundo o propósito estabelecido por Deus.

- A primeira função da família é, conforme observamos na própria Palavra de Deus, a de propiciar a perpetuação da espécie humana. A Bíblia diz que o ser humano foi feito macho e fêmea (Gn.1:27), para que houvesse a frutificação e multiplicação do gênero humano (Gn.1:28). Assim, a primeira função da família é permitir a reprodução da espécie, para que se cumpra o propósito divino para o homem. Tal afirmação bíblica é acolhida, sem restrições pela sociologia. Como afirmam os renomados sociólogos norte-americanos Paulo Horton e Chester Hunt, "…cada sociedade depende principalmente da família para a produção de filhos. Teoricamente, são possíveis outros arranjos, e muitas sociedades têm sistemas para a aceitação de crianças produzidas fora de um relacionamento matrimonial. Porém, nenhuma estabeleceu um conjunto de normas para o suprimento de filhos, exceto como parte de uma família." (Sociologia, p.170-1). Assim, em dias de profundo desprezo pela instituição do casamento, que, é, como veremos durante este trimestre, o meio legítimo para a constituição de uma família, tiveram os legisladores e juristas de estender o conceito de família, a fim de poder abrigar os filhos decorrentes de relacionamentos amorosos que têm surgido nestes nossos dias trabalhosos, tudo porque não se consegue conceber como se pode propagar a espécie senão num ambiente familiar.
OBS: Disto não escapou sequer o Brasil que, na Constituição de 1988, teve de criar duas novas espécies de família para que se impedisse a desproteção dos filhos. Assim é que reconheceu como sendo família não só a oriunda da união estável entre homem e mulher, sem casamento, como também a comunidade formada por um dos pais e seus descendentes(artigo 226 da Constituição da República). Aliás, recentemente, na lei que criou a renda mínima, também se alargou o conceito de família.

- A segunda função da família é a de regrar o relacionamento íntimo e sexual entre homem e mulher. A multiplicação e o preencher da terra não se fariam desordenadamente, a exemplo do que ocorre com a maior parte das espécies animais irracionais, mas o homem e a mulher, para poder se reproduzir e cumprir o desígnio divino, teriam de constituir solenemente a família, através do casamento (Gn.2:23,24). Como afirmam os já mencionados sociólogos Horton e Hunt: "…a família é a principal instituição através da qual as sociedades organizam e regulam a satisfação dos desejos sexuais…todas as sociedades esperam que a maioria dos contatos sexuais ocorra entre pessoas que suas normas institucionais definem como tendo acesso legítima uma à outra…nenhuma sociedade é inteiramente promíscua."(op.cit., p.170). A história demonstra que onde a sociedade deixou de ter a família como o ambiente adequado para o relacionamento sexual, gerando, por conseguinte, a disseminação da imoralidade sexual e da prostituição, a civilização simplesmente desmoronou, a sociedade deixou de existir como tal. São exemplos bíblicos do que estamos a dizer a geração dos dias de Noé, a geração dos dias de Ló nas chamadas cidades da planície (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), bem como o reino do norte, isto é, o reino de Israel nos dias do profeta Oséias.

- A terceira função da família é a chamada função de socialização, ou seja, a família é o meio pelo qual o ser humano é inserido na vida em sociedade. É na família que o homem aprende as regras e a forma de convivência com os seus semelhantes e com o próprio Deus. Ao estabelecer que o homem deveria frutificar e multiplicar-se sobre a face da Terra, Deus afirmou que isto deveria ser feito para que os homens pudessem sujeitar a criação terrena (Gn.1:28). Ora, ao dizer que a frutificação e a multiplicação antecederiam ao domínio, Deus, implicitamente, estava afirmando que os filhos, resultado desta frutificação e multiplicação, deveriam ser conscientizados de que o homem havia sido criado para dominar a criação na Terra. Esta informação, esta conscientização, que nada mais é senão a "educação" (palavra latina que significa orientação, direção, condução para um determinado lugar), é, portanto, uma das tarefas primordiais da família. Esta função educadora da família, que, no ato da criação, foi apenas implicitamente indicada nas Escrituras, foi explicitamente considerada pelo Senhor na dispensação da lei, quando Moisés determinou que os pais nunca deixassem de instruir e de ensinar seus filhos os mandamentos dados por Deus a Israel (Dt.6:6-9), algo que, posteriormente, foi relembrado em forma poética pelo salmista (Sl.78:1-8).

- A quarta função da família é a chamada função afetiva, ou seja, a família é o local estabelecido por Deus para que o homem e a mulher não se sintam sós, mas possam se complementar, possam alcançar satisfação e prazer. Diz-nos as Escrituras que foi para retirar este sentimento de solidão que se abateu sobre Adão após a nomeação dos animais que Deus criou a mulher e, em seguida, a instituição familiar. A família é o lugar em que o homem e a mulher se sentem realizados do ponto-de-vista humano, em que se satisfazem todos os sentimentos e emoções que vêm da própria alma. O homem é um ser social, não foi feito para viver sozinho e, somente na família, esta necessidade é suprida. Como afirmou, com muita propriedade, a Constituição "Gaudium et Spes", documento do Concílio Vaticano II, que foi a reunião que estabeleceu os atuais parâmetros da doutrina da Igreja Romana, …Deus não criou o homem solitário. Desde o início, ' Deus os criou varão e mulher' (Gn.1,27). Esta união constituiu a primeira forma de comunhão de pessoas. O homem é, com efeito, por sua natureza íntima, um ser social. Sem relações com os outros, não pode nem viver nem desenvolver seus dores. Deus, portanto, como lemos novamente na Escritura Sagrada, viu ' serem muito boas todas as coisas que fizera' (Gn.1,31)." (Gaudium et Spes, nº 12.In: Compêndio do Vaticano II. Ed. Vozes, p.154-5). Horton e Hunt afirmam que "…seja o que for que as pessoas precisam, uma delas é a resposta humana íntima. A opinião psiquiátrica sustenta que provavelmente a maior causa isolada de dificuldades emocionais, problemas de comportamento e até de moléstia física é a falta de amor, isto é, a falta de um relacionamento cálido e afetuoso com um pequeno círculo de pessoas íntimas…"(Sociologia, p.171). O conteúdo afetivo da família está demonstrado nas Escrituras quando se afirma que, na constituição da família, o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e se apegar à sua mulher (Gn.2:24). São dois gestos de forte teor emocional e sentimental: deve-se deixar pai e mãe, ou seja, existe um vínculo, existe algo que prendia o homem à sua família, e, ao mesmo tempo, deve-se apegar à sua mulher, isto é, deve-se criar um vínculo, um "cordão de três dobras" no novo casal (Ec.4:12). A existência deste relacionamento afetivo na família é tão característico que, para figurar o Seu relacionamento amoroso com o homem, Deus não usará outro símbolo senão o da própria família, pondo-se como Pai e Seu Filho como Noivo da Igreja.
OBS: A presença do afeto na família é tão peculiar a este grupo social que, na atualidade, em meio à própria descaracterização da família frente aos princípios bíblicos, que os juristas têm, cada vez mais, considerado que o que identifica uma família nos nossos dias é, precisamente, a existência da "afeição" entre os integrantes de um núcleo familiar. Neste sentido, aliás, vale a pena aqui reproduzir o pronunciamento do pastor batista Gilson Bifano na 84ª Assembléia da Convenção Batista Brasileira, realizada em 2003: “…Que é uma família?
Não podemos continuar aceitando a definição clássica de família como sendo tão somente quando vivem sob um mesmo teto um casal e um ou mais filhos. Temos, como igreja, de rever nosso conceito de família, ampliar nossa visão e pensar nos vários tipos de família. Temos em nossas igrejas: - famílias conjugais. São aqueles casais sem filhos ainda ou que não tiveram filhos; temos famílias nucleares, compostas de pai, mãe e filhos;- temos famílias unipessoais (onde só uma pessoa mora numa casa, podendo ser um solteiro, uma viúva, ou uma divorciada). - temos as famílias monoparenterais quando há somente a presença de um dos pais e a família ampliada ou extensa. Quando nós, como igrejas, pensarmos nessa amplitude, teremos melhores condições de ajudar as famílias a serem a realização do plano de Deus para a sociedade. Na Bíblia, encontramos exemplos de vários de tipos de família. - famílias monoparenterais, como é o caso de Agar e Ismael, depois de serem expulsos por Sara. - família de solteiros, como parece: Marta, Maria e Lázaro.
- também no Novo Testamento, encontramos a família nuclear formada por José, Maria, Jesus e seus irmãos.
- temos exemplo de uma família conjugal, um casal que aparentemente não teve filhos, como é o caso de Áquila e Priscila.
- vemos também no Novo Testamento o caso de Pedro, que possivelmente tinha a sua sogra por perto, e é exemplo de uma família ampliada. Uma pastoral ou um ministério com famílias não deve ter como alvo somente os casais da igreja.…” (Gilson BIFANO. A família e os desafios de um novo tempo. http://www.clickfamilia.org.br/familia/index_lista_resultado.asp?ID=620 Acesso em 05 mar.2004).

- A quinta função da família é a função protetora. Como ensinam Horton e Hunt, "…em todas as sociedades, a família oferece um certo grau de proteção física, econômica e psicológica a seus membros…" (op. cit., p.172). É na família que nós encontramos proteção, ou seja, na família, nós temos um "lar", um local onde somos acolhidos e desfrutamos de liberdade, um lugar onde está a nossa privacidade e intimidade. Nos povos pagãos, era no ambiente familiar que se invocava a proteção das divindades dos antepassados, os chamados "deuses lares". Este ambiente de intimidade e de privacidade peculiares à família é a razão e fundamento de vários dispositivos legais adotados pelos povos civilizados, como as garantias da inviolabilidade do domicílio (ninguém pode penetrar na casa de alguém, mesmo que tenha ordem judicial para tanto, durante a noite) e do segredo de justiça que envolve as disputas forenses relativas a causas familiares. Deus sempre tratou a família com integral respeito relativo a esta intimidade, algo que, lamentavelmente, não tem sido observado em algumas igrejas locais. A família é inviolável, é o espaço criado por Deus para que as pessoas desfrutassem de sua intimidade e privacidade. Em várias ocasiões, vemos o Senhor determinando este respeito, como, por exemplo, no episódio da Páscoa, em que as famílias deveriam ficar em suas residências, somente se permitindo que famílias pequenas se reunissem(Ex.12:3,4), ou, então, no milagre da ressurreição da filha de Jairo, quando se permitiu apenas que o núcleo familiar estivesse com Jesus e Seus discípulos mais íntimos (Lc.9:51). O lar é um ambiente de proteção, de intimidade, resultado da vida de afeto que se estabelece entre os cônjuges e entre os cônjuges e seus filhos. Mais uma vez, a família é usada como figura do relacionamento entre Deus e o homem, quando, no sermão do monte, Jesus afirma que devemos orar a Deus como nosso Pai e, portanto, num ambiente de intimidade (Mt.6:6).

- A sexta função da família é a função econômica. Horton e Hunt, com propriedade, afirmam que "…a família é a unidade econômica básica na maioria das sociedades primitivas…"(op.cit., p.172). Ainda que, na nossa sociedade atual, esta função econômica tenha perdido, consideravelmente, sua importância, vez que ".exceto na fazenda, a família já não é mais a unidade básica de produção econômica…tornou-se, na verdade, uma unidade de consumo econômico, fundada no companheirismo, afeição e recreação.…"(op.cit., p.176), o fato é que a subsistência da chamada "população economicamente inativa" (crianças, inválidos, idosos sem condições de trabalhar, desempregados crônicos etc.) continua sendo uma tarefa da instituição familiar, mormente em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, em que a infra-estrutura de assistência social é , ainda, sofrível. Tanto assim é que a nossa Constituição comete, primordialmente, à família a tarefa de sustento das pessoas que não têm condições de trabalhar e de se sustentar (artigo 203 da Constituição da República: "A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social e tem por objetivos:.......V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não ter meios de prover á própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei." - grifo nosso). A função econômica da família foi estabelecida por Deus logo após a bênção que deu ao primeiro casal, ao determinar que a natureza estava à sua disposição para obterem o necessário mantimento (Gnm.1:29,30), mantimento este que passou a ser obtido com dificuldade e de forma penosa, depois do pecado do homem (Gn.3:17-19). O cuidado que se deve ter no sustento dos integrantes da família é algo que deve sempre estar na mente dos verdadeiros e autênticos crentes, porquanto foi o que se observou na vida de Jesus e de Sua família terrena (Mt.13:55; Mc.6:3).

- A sétima função da família é a função de "status", ou seja, é através da família que o ser humano obtém a sua primeira posição na sociedade, posição esta que pode ser alterada, mas jamais alguém deixa de ocupar o lugar que lhe dá a estrutura social pelo fato de pertencer a uma determinada família. Deus, ao estabelecer a família, determinou que seria através dela que o homem ocuparia a sua posição de dominador sobre a criação na Terra. Também, ao estabelecer as regras que regeriam o povo de Israel, teve o cuidado de nunca permitir que as famílias e, conseqüentemente, as tribos de Seu povo se descaracterizassem e se misturassem entre si (Nm.27:1-11), tendo, também, sido proibido o aparentamento com os estrangeiros descompromissados com a lei do Senhor (Dt.7:1-4;Ed.9,10). A família deve manter a sua posição diante de Deus, temos de servir a Deus e levar nossa família a também fazê-lo, para que, em nossas vidas, seja uma realidade a afirmação de Josué: " Eu e a minha casa serviremos ao Senhor".

II – O MODELO BÍBLICO DA FAMÍLIA E AS ARMAS PARA A DESINTEGRAÇÃO FAMILIAR NESTE SÉCULO

- Vistas as funções da família, observemos que o modelo bíblico para a família se encontra sintetizado em Gn.2:24, que, não por acaso, foi escolhido para ser o texto áureo deste apêndice. Ali, o Senhor determina como deve ser a família, a saber:
a) uma união heterossexual – “deixará o varão seu pai e sua mãe e apegar-se-á à sua mulher”. Uma família somente poderá cumprir seu papel e sua finalidade se for a união entre um homem e uma mulher. Os dois sexos (“sexo” significa “parte”) precisam se complementar para que, unidos, cumpram todos os propósitos divinos estabelecidos ao ser humano. Esta complementação faz com que a família possa procriar, cumprindo o papel da multiplicação e do preenchimento da terra, como também que se construa uma verdadeira vida em comum.
b) uma união firmada no casamento, ou seja, no máximo compromisso de formaram uma só vida perante os demais homens – “deixará o varão e apegar-se-á à sua mulher”. As expressões bíblicas denotam um compromisso solene, o máximo comprometimento entre um homem e uma mulher que, perante os demais seres humanos, passam a compartilhar uma só vida, uma só existência perante a face da Terra. Este compromisso máximo é o que se denomina de “casamento”, não importando a forma, que varia segundo a cultura de cada povo, de cada nação, mas que deve sempre ser um compromisso sério e duradouro.
c) independência – “deixará o varão o seu pai e a sua mãe” – as famílias são independentes umas das outras, têm uma intimidade que não pode ser devassada por quem quer que seja. A família é um altar de adoração a Deus, um local sagrado, que não pode sofrer interferências, inclusive dos pais dos que resolvem se casar.
d) livre consentimento – “deixará o varão e apegar-se-á à sua mulher” – as famílias devem ser formadas pelo livre consentimento de homem e mulher, sem qualquer constrangimento, por um ato de livre escolha. O varão “deixa” pai e mãe, ou seja, toma uma decisão livre e sem qualquer pressão ou condicionamento.
e) construção de vida em comum – “e serão ambos uma só carne” – a família é o compartilhamento de vida entre homem e mulher e, até um certo instante da vida, dos filhos que lhe sobrevierem. É a construção de um só projeto de vida, de uma coexistência até que haja a separação pela morte física ou por um impasse entre a vida espiritual e a vida a dois sobre a face da Terra.
f) monogamia – “e deixará o varão e apegar-se-á à sua mulher” – a família deve ser construída sob a monogamia, ou seja, cada homem terá apenas uma mulher e vice-versa. A poligamia é execrada por Deus, não corresponde ao princípio ético estabelecido pelo Senhor, como, aliás, Jesus realçou em Seu ministério (Mt.19:1-12).

- Este modelo bíblico tem sido alvo de violentos ataques do adversário que, ao longo dos séculos, sempre tem buscado desintegrar a família conforme os parâmetros divinos, a fim de impedir que os homens tenham um ambiente propício para servirem ao Senhor.

- O primeiro ataque que sofre a família neste século se volta contra a heterossexualidade, algo que, comos e viu no apêndice 2 deste trimestre, é a principal vítima das hostes espirituais da maldade neste período final da dispensação da graça. Cresce assustadoramente no mundo a pressão para a oficialização e apologia às chamadas “uniões homoafetivas”, uma excrescência e uma demonstração de rebeldia contra o modelo divino familiar. Se todos adotassem a fórmula da chamada “união gay”, a humanidade desapareceria em uma única geração, pois não haveria procriação. Ademais, a “união homoafetiva” demonstra toda sua perversão na medida em que não cumpre quaisquer das funções familiares acima expostas, quase sempre nada mais sendo do que a regularização patrimonial para relacionamentos marcados pela depravação.
OBS: No Brasil, ante a dificuldade de aprovação no Congresso Nacional da “união homoafetiva”, apesar de esforços de vários projetos de lei e propostas de emenda constitucional neste sentido, o movimento homossexual, graças ao firme apoio que sempre teve do atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, aguarda que o Supremo Tribunal Federal legalize as “uniões homoafetivas”, mediante pedido de reconhecimento formulado pelo referido governador, que deve ser julgado em breve pelo Supremo Tribunal Federal. Oremos para que a Corte Suprema não decida de forma absolutamente contrária à Constituição da República e à sã doutrina.

- O segundo ataque que sofre a família neste século é o desprestígio do casamento. As legislações civis dos países vêm, ano após ano, desprestigiando a figura do casamento. Se é verdade que o dogma romanista da indissolubilidade, que vigorou durante séculos nas legislações dos países ocidentais, era, também, uma excrescência, o certo é que passamos do extremo da indissolubilidade do casamento para a plena dissolubilidade. Hoje, o divórcio está cada vez mais fácil e se busca ainda mais facilitá-lo. Os casamentos são fugazes, passageiros, quase que uma brincadeira entre duas pessoas. O resultado é o aumento escandaloso de divórcios e separações, com a criação de milhares, milhões de crianças moral e afetivamente deformadas, verdadeiro caldo de cultura da criminalidade violenta e cruel que temos observado em nossos dias.

- Além da facilitação e do estímulo para o divórcio e separação, há o reconhecimento de outras formas de união como formadoras de família, como as uniões estáveis (“amasiamentos”), “uniões livres”, concubinatos, “amizades coloridas” e tantas outras maneiras humanas e pecaminosas de convivência entre um homem e uma mulher, uniões sem qualquer compromisso, que também degeneram moral e afetivamente a humanidade. O reconhecimento por parte da legislação de direitos a participantes de tais uniões, às vezes com vantagem sobre os casados, torna-se um fator a mais a promover a desintegração familiar e suas deletérias conseqüências.
OBS: No Brasil, a legislação tem sido cada vez mais permissiva. A união estável já foi praticamente equiparada ao casamento, embora o casamento ainda esteja em um patamar levemente superior, pela Constituição da República de 1988. O concubinato, uma forma ainda inferior de convivência, teve alguns direitos reconhecidos no Código Civil de 2002 e o projeto do “Estatuto das Famílias”, em discussão no Congresso Nacional, pretende ampliar a proteção a outras formas de união, inclusive as “uniões homoafetivas”. Os tribunais, por outro lado, também estão a reconhecer, aqui e ali, efeitos jurídicos para todo o tipo de união, baseando-se cada vez mais na presença de “afetividade”, ainda que sem qualquer compromisso.

- O terceiro ataque que sofre a família diz respeito à independência. As dificuldades econômico-financeiras, a concentração da população nas grandes cidades, a libertinagem sexual tem feito nascer, com cada vez mais freqüência, famílias sem qualquer independência. Famílias que já nascem com filhos, por causa da fornicação e da libertinagem sexual, famílias cujos pais, mesmo tendo filhos no momento oportuno, mas que não pode criá-los por causa de ambos terem de trabalhar para o sustento do lar, criam figuras anômalas de convivência familiar, onde estranhos, avós e todo o tipo de gente passa a compartilhar de uma intimidade da família, que, na verdade, não existe.

- O resultado do surgimento destas “famílias dependentes” é a própria destruição do ambiente de privacidade e de segurança que deveria ser construído pela família, com um maltrato, muitas vezes, irreversível no relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos, com um prejuízo para a formação moral, afetiva e espiritual dos filhos. As conseqüências estão aí para todos constatarem: aumento da violência doméstica (inclusive a sexual, que envolve a pedofilia), a insegurança e a total falta de formação por parte dos filhos, que se tornam presas fáceis de grupos que criarão “ambientes de substituição de carência afetiva” (gangues, organizações criminosas, as “tribos” imersas na prostituição, no uso das drogas e na violência etc.), prejuízo na socialização nas escolas e igrejas locais (escolas e igrejas precisam da formação mínima nos lares, que passa a não existir e nem sempre têm condições de suprir esta falta, o que inviabiliza a sua própria missão).

- O quarto ataque sofrido pela família volta-se contra o livre consentimento. Muitas famílias são formadas mediante o constrangimento dos cônjuges. São os “casamentos arranjados”, os “casamentos forçados”, uma triste realidade que não se apresenta apenas em países muçulmanos, mas que, por incrível que pareça, tem surgido inclusive em certos meios evangélicos, onde se tem apresentado um falso ensino com base na “corte”, que seria o “namoro santo”, um casamento resultante da escolha dos pais, para que haja a devida “bênção”. Tal ensinamento, sem qualquer embasamento bíblico (o que trazem como base bíblica, nada mais são que notas culturais da Antigüidade Oriental, a mesma cultura, aliás, que aceitava a poligamia e que Jesus fez questão de dizer que era fruto mais da “dureza dos corações” do que dos princípios éticos bíblicos)., apenas fomenta a revolta e a indignação dos jovens que, ante um justo sentimento de privação indevida da liberdade, acabam sendo envolvidos pelo adversário e levados a adultérios, divórcios, separações e tantas outras práticas libertinas e contrárias à sã doutrina.

- As famílias devem ser formadas mediante o livre consentimento dos que vão se unir, pois o livre-arbítrio foi uma dádiva divina ao homem. Como servos do Senhor, devemos, sempre, buscar seguir a orientação e direção do Espírito Santo, mas jamais constranger alguém a fazer isto ou aquilo. Isto é uma violência que não tem qualquer base bíblica ou aprovação divina.
OBS: Neste sentido, devemos sempre evitar comportamento tão comum entre os crentes, que é o de obrigar jovens que fornicaram a se casar. Não há base bíblica alguma para que haja o casamento de duas pessoas que praticaram fornicação. A fornicação é pecado, deve ser devidamente punida no seio da igreja, mas o casamento dos que fornicaram não é meio de salvação, nem tampouco uma atitude que tenha a aprovação do Senhor.

- O quinto ataque sofrido pela família volta-se contra a construção da vida em comum. O individualismo e o egoísmo dos dias trabalhosos em que vivemos também acertou em cheio a vida familiar. Em vez de construírem “uma vida em comum”, muitos hoje se unem com o único propósito de desfrutarem de “momentos agradáveis”, de “instantes de felicidade”. Há, mesmo, aqueles que se casam e continuam a morar cada um em sua casa, encontrando-se esporadicamente, quase sempre com o único propósito de manterem relações sexuais. São os ditos “casamentos abertos”, outra invenção humana, onde, inclusive, se permite a infidelidade conjugal consentida.

- Não existe mais sequer a intenção de se construir uma vida em comum, de se compartilhar a vida. Cada um tem seu projeto de vida, mantém uma inconcebível individualidade e independência um do outro, o que persiste quando sobrevêm os filhos, se é que eles vêm, pois, também, está cada vez mais comum haver os chamados “casais dinks” (“dink” – “double income, no kids”, i.e., renda dobrada, nenhuma criança), que buscam tão somente reforçar seus orçamentos, ter momentos de lazer e de prazer em conjunto, sem qualquer intenção de procriação ou de comprometimento de um com o outro.

- O resultado disto é a destruição da própria família. Tais “famílias” não são, na verdade, famílias, mas pessoas que resolvem ter uma aparência de vida familiar para até justificar uma “parceria sexual fixa”, sem qualquer intenção de procriação. Trata-se de mais uma estratégia do inimigo para fazer desaparecer a humanidade e, de certo modo, tem atingido seus efeitos, pois o crescimento demográfico dos países europeus, onde esta tendência é mais forte, tem sido negativo já há quase duas décadas, a ponto de, em cerca de 20 anos, os imigrantes serem maioria absoluta da população em toda a Europa.
- O sexto ataque sofrido pela família volta-se contra a monogamia. Não bastasse a poligamia ser praticada pelo islamismo, que é a religião que mais cresce no mundo, temos que a permissividade sexual dos dias hodiernos tem feito nascer a tolerância à “poligamia informal”, ou seja, à existência de pessoas que têm diversos relacionamentos concomitantes, algo visto como normal e que é, inclusive, algo que produz admiração e respeito entre os homens, com cada vez maior freqüência. Cada vez mais se admite na sociedade a existência de “matriz” e “filial” nos relacionamentos afetivos, caminhando, como já se disse, a legislação a uma concessão de efeitos jurídicos a este estado anormal.

- Este estado caótico em que se encontra a família está a exigir de cada um dos servos do Senhor uma atitude de restauração dos valores bíblicos, de ensino da Palavra de Deus, notadamente a crianças, adolescentes e jovens, sobre o modelo bíblico de família. Devem as igrejas locais, ainda, criar ambientes complementares que supram, de algum modo, a carência afetiva, moral e espiritual dos lares, devendo, também, criar atividades que tornem os lares verdadeiros altares de adoração ao Senhor. Sem tais providências, não se poderá fazer com que as famílias vençam esta crônica doença, que é a sua desintegração.

Caramuru Afonso Francisco

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