segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Igreja Versus o Mundo





John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master's College and Seminary e do ministério "Grace to You"; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.


Por que os evangélicos tentam cortejar desesperadamente o favor do mundo? As igrejas planejam seus cultos com o objetivo de agradar as pessoas que não freqüentam qualquer igreja. Artistas cristãs imitam todas os estilos efêmeros do mundo tanto na música como no entretenimento. Os pregadores estão horrorizados com o fato de que a ofensa do evangelho pode colocar alguém contra eles, por isso omitem deliberadamente partes da mensagem que o mundo não aprovara.

O evangelicalismo parece ter sido seqüestrado por legiões de porta-vozes carnais que estão fazendo o melhor que podem para convencer o mundo de que a igreja pode ser tão inclusiva, pluralista, mente aberta como as pessoas mais mundanas.

http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=287

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O JEJUM COMO REFORÇO À ORAÇÃO



Texto áureo

“Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e, então, naqueles dias, jejuarão” (Lc.5:35)


INTRODUÇÃO

- Em complemento ao estudo sobre oração neste trimestre letivo, traremos um breve estudo sobre o jejum, uma prática muito salutar que se deve adicionar à oração.

- O jejum é uma prática presente em diversas religiões durante todos os tempos da história da humanidade, prática que foi exercida por Jesus que, ao contrário de falsos mestres de nosso dias, recomendou-a, sim, para a Sua Igreja.

- O jejum, desde as mais remotas épocas, sempre foi uma prática presente na vida religiosa da humanidade. No entanto, este fato não nos autoriza, em absoluto, a dizer que o jejum não deva ser praticado pelos cristãos. Muito pelo contrário, a Bíblia e, em especial, o próprio Jesus ensina a Sua Igreja que devemos jejuar e que, até mesmo, em certas ocasiões, o jejum é necessário para a vitória do crente.

I - O O QUE É JEJUM

- O jejum é a abstenção total ou parcial de alimentação com a finalidade de aprimoramento do exercício da oração e da meditação. É uma prática encontrada nas mais antigas religiões da humanidade, em todos os lugares e nos mais variados estágios da civilização. Assim, tanto foram encontrados sacerdotes de tribos nos mais distantes continentes que jejuavam para ter maior contacto com as divindades ou os espíritos dos antepassados, como também, como o jejum tem sido prática regular em todas as grandes religiões da atualidade (islâmicos, hinduístas, budistas, judeus e, por fim, os próprios cristãos).

- Por trás do jejum, existe a crença (que é válida) de que a mortificação do corpo, o sacrifício faz com que o homem se aproxime mais da divindade, porquanto revela seu desapego aos prazeres e às coisas materiais mais importantes, que são as referentes à sobrevivência, com o intuito de melhor perceber a vontade de Deus e de melhor agradá-l’O. Verdade é que não podemos entender o jejum, como muitos que assim fazem nas outras religiões, como um necessário desprendimento do corpo, como se o corpo fosse um mal em si e, portanto, um obstáculo para que tenhamos uma vida espiritual. Esta ideia, não corresponde ao ensino bíblico a respeito do assunto, pois Deus fez o homem corpo, alma e espírito (Gn.2:7, I Ts.5:23) e a Bíblia infirma que tudo quanto Deus fez foi por Ele considerado bom (Gn.1:31), o que inclui o nosso corpo.
OBS: "…Dentro de certas escolas filosóficas greco-romanas e fraternidades religiosas jejuar, como um aspecto de ascese, foi aproximado à convicção de que a humanidade tinha experimentado um estado primordial de perfeição que foi perdida por uma transgressão original. Por várias práticas ascéticas como jejuar, praticar a pobreza voluntária e a penitência, o indivíduo poderia ser restabelecido a um estado onde a comunicação e a união com o divino foram tornadas possíveis novamente. Consequentemente, em várias tradições religiosas, um retorno a um estado primordial de inocência ou felicidade ativou várias práticas de ascese julgadas necessárias ou vantajosas, provocando tal retorno. Para tal se agrupa a suposição subjacente básica de que aquele jejum era, de algum modo, propício para iniciar ou manter contato com Deus. Em alguns grupos religiosos (por exemplo, Judaísmo, Cristianismo e Islã) jejuar, gradualmente, se tornou um modo de expressar devoção e adoração a um ser divino específico.
Além da suposição subjacente básica de que jejuar é uma preparação essencial para revelação divina ou para algum tipo de comunhão com o espiritual ou o sobrenatural, muitas culturas acreditam que o jejum é um prelúdio em tempos importantes na vida de uma pessoa. Purifica ou prepara a pessoa (ou grupo) para maior receptividade em comunhão com o espiritual.…" (BINGEMER, Maria Clara Lucchetti. Jejum e fome zero: elementos quaresmais. Disponível em: www.google.com.br/search?q=cache:2JwR9lGw40MJ:www.adital.org.br/asp2/noticia.asp%3Fidioma%3DPT%26noticia%3D6706+jejum&hl=pt-BR&ie=UTF-8)

- É por isso que a Bíblia não considera o jejum como uma penitência ou um sacrifício necessário para o desenvolvimento espiritual, pois devemos também ter o nosso corpo envolvido no anúncio da salvação, tanto que Deus o tornou templo do Espírito Santo (I Co.6:19). O jejum é uma prática recomendada, mas é um método para reforço da oração, não algo que possa trazer algum mérito ou que demonstre haver algum merecimento na vida de algum homem, pois tudo o que recebemos de Deus é fruto da Sua imensa misericórdia e graça (Lm.3:22). Este errôneo conceito de jejum próprio dos gentios, foi o motivo da reprovação da prática farisaica, como vemos no sermão do monte (Mt.6:16). Assim, ao contrário do que argumentam alguns falsos mestres nos nossos dias, Jesus não reprovou o jejum mas, sim, este errado conceito de jejum.
OBS: A ideia do jejum como penitência está difundida em muitos credos religiosos. Entre os muçulmanos, o jejum, ao lado de ser uma forma de agradecimento a Deus pela revelação do Alcorão durante o mês de Ramadã, que é um dos pilares da fé islâmica, também é prescrito como penalidade em virtude de algumas faltas. Assim, por exemplo, um muçulmano que mata outro acidentalmente e não tem condições de pagar uma indenização à família da vítima, deve jejuar dois meses consecutivos como pena(Alcorão, 4:92). Entre os católicos romanos, também, o jejum é considerado uma prática obrigatória durante o tempo de penitência (cânon 1249 do Código Canônico). O Catecismo da Igreja Romana afirma que uma das formas de penitência é o jejum (artigo 1434), que corresponderia à penitência interior consigo mesmo, baseando-se, para tanto, no escrito do livro apócrifo de Tobias que diz : "…vale mais a oração com jejum e a esmola com justiça do que a riqueza adquirida com a injustiça…" (mias uma vez vemos um livro apócrifo dar base a um pensamento da doutrina romanista). O Papa João Paulo II (1978-2005) reforçou este entendimento romanista a respeito do jejum ao afirmar que o jejum é "…prática penitencial que exige um esforço espiritual mais profundo, isto é, a conversão do coração com a firme decisão de se afastar do mal e do pecado, para se predispor melhor à realização da vontade de Deus. Com o jejum físico, e ainda mais interior, o cristão prepara-se assim para seguir Cristo e ser sua fiel testemunha em qualquer circunstância. Além disso, o jejum ajuda a compreender melhor as dificuldades e os sofrimentos de tantos irmãos nossos, oprimidos pela fome, pela miséria e pela guerra. Ele estimula também a um movimento concreto de solidariedade e de partilha com quem se encontra em necessidade." (Angelus de 2 de março de 2003. Disponível em: www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/angelus/2003/documents/hf_jp-ii_ang_20030302_po.html).


- Um dos pais da Igreja (nome que recebiam os grandes nomes da Igreja depois dos apóstolos até a Idade Média), o italiano Pedro Crisólogo (380 ou 406-451), que foi bispo de Ravena, afirmou: “…Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente. O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações, atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha os seus ouvidos às súplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.(…). Peçamos, portanto, destas três virtudes – oração, jejum, misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; sejam elas para nós uma única defesa, uma única oração sob três formas distintas.…” (CRISÓLOGO, Pedro. A oração, o jejum e a misericórdia. Disponível em: http://reporterdecristo.com/a-oracao-o-jejum-e-a-misericordia/ Acesso em 01 out. 2010). Em outro sermão, o mesmo Pedro Crisólogo diz que “…O jejum é paz do corpo, força dos espíritos e vigor das almas( Sermo VII: de ieiunio 3 apud JOÃO PAULO II. Audiência geral de 21 de março de 1979. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/1979/documents/hf_jp-ii_aud_19790321_po.html Acesso em 01 out. 2010).

- Quando falamos em jejum, há aqueles que entendem que o jejum é a abstinência completa de todo e qualquer alimento, tanto água quanto os demais alimentos, não aceitando a ideia de que possa existir um jejum parcial. Entretanto, devemos compreender o jejum como uma abstinência total ou parcial de alimentação. O jejum envolve uma abstinência, uma privação, que pode não ser completa. Um exemplo bíblico de jejum parcial encontramos em Dn.10:3, onde o profeta afirma que não comeu manjar desejável, num exemplo de que a abstinência não era total. Desta forma, não temos respaldo bíblico para afirmar que todo e qualquer jejum somente é válido se for total.
OBS: Atualmente, não há mais, entre os católicos romanos, uma definição do que seja o jejum, mas, no Código Canônico anterior, datado de 1917 e que vigorou na Igreja Romana até 1983, o jejum era considerado como uma abstinência em que, no mínimo, não se deveria tomar mais do que uma refeição completa, permitida a ingestão de outro alimento outras duas vezes ao dia, regra que, embora não conste mais do Código Canônico, ainda tem sido considerada como válida entre os católicos romanos. No Brasil, entretanto, a Igreja Romana não tem incentivado esta prática (com exceção talvez dos carismáticos), tanto que o jejum semanal prescrito para as sextas-feiras foi substituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela prática de obras de caridade e exercícios de piedade.

- Existem algumas dúvidas relativas ao jejum, que seria aqui oportuno discutir, a saber:
a) O jejum deve envolver, também, a abstinência de relações sexuais? No sentido estrito, o jejum é a abstinência de alimentos, ou seja, de comida e/ou de bebida. Desta forma, como o sexo não é um alimento, não estaria envolvida na ideia de jejum tal abstinência. No entanto, é inegável que a prática do sexo é algo que está relacionado com a satisfação do corpo e, em virtude disto, logo se associou a ideia de jejum à abstinência também de sexo, uma associação que não se entende seja desarrazoada, mas que não se afigura como um mandamento(entre os muçulmanos, o jejum envolve a abstinência sexual). Numa ocasião, pelo menos, a Bíblia registra que a consagração para a presença de Deus envolveu a abstinência sexual, como se vê na entrega dos dez mandamentos ao povo de Israel (Ex.19:15), embora não esteja explicitado que tal abstinência estivesse acompanhada de um jejum. A Bíblia ensina-nos, entretanto, que, para que haja a abstinência sexual, é necessário que haja mútuo consentimento entre marido e mulher, sem o que não se terá como regular tal abstinência (I Co.7:10). Desta forma, o jejum não envolve, necessariamente, a abstinência de relações sexuais, mas não é errado incluí-la no sacrifício, desde que isto se faça através de consentimento mútuo de marido e mulher. Ademais, a abstinência sexual, por si só, independentemente do jejum, constitui-se em um reforço à prática da oração, observadas as restrições bíblicas já mencionadas.

b) O jejum envolve a abstinência de ingestão de remédios e de medicamentos? Outra dúvida frequente é se o jejum impede a pessoa de ingerir remédios e medicamentos durante o período da abstinência. Entre os católicos romanos, o jejum prescrito para uma hora antes da participação na comunhão expressamente exclui a água e o remédio(cânon 919 do Código Canônico). Entendemos que o remédio não é alimento e, portanto, sua ingestão não quebra o jejum, até porque se pode fazer um jejum parcial, como veremos infra. Entretanto, há remédios que, para serem ingeridos, exigem a ingestão de algum tipo de alimento, o que impediria, pelo menos, um jejum total. Esta situação demonstra que pessoas enfermas devem evitar a prática do jejum até o seu pronto restabelecimento, havendo outras formas de agradar a Deus e de buscá-l’O mais intensamente, como falamos infra.

c) O jejum é quebrado pela participação na mesa do Senhor? Outra discussão que surge é se a pessoa que está jejuando quebra o jejum se participar da mesa do Senhor. A ingestão do pão e do vinho, na Ceia, faz quebrar o jejum? Muito se tem discutido sobre este assunto, mas entendemos que a melhor opinião é a defendida, entre outros, pelo pastor e escritor Severino Pedro da Silva, segundo a qual, como o pão e o vinho não têm o escopo de alimentar o corpo e, sim, são símbolos de um alimento espiritual, a participação da mesa do Senhor não tem o condão de quebrar um jejum que esteja sendo levado a efeito por um servo do Senhor. Jamais um crente, a pretexto de um jejum, deverá deixar de participar do corpo de Cristo, pois a participação na ceia é um mandamento do Senhor e obedecer é melhor do que sacrificar. No entanto, se a consciência do crente não aceita que ele possa manter o jejum participando da ceia, que o entregue antes da participação, como, aliás, sabiamente, em todas as ceias, costuma proceder, na igreja que preside, pastor Raimundo Soares de Lima (Indaiatuba/SP), que sempre entrega, coletivamente, o jejum dos crentes presentes no culto da Ceia do Senhor, antes do início da participação.

d) Devem-se praticar os atos de higiene pessoal enquanto se jejua? Muitos têm dúvida se, durante o jejum, podem praticar atos de higiene e cuidado pessoais, como tomar banho, escovar os dentes, vestir-se bem ou algo similar. Entre os judeus, havia aqueles que entendiam que, durante o jejum, não se devia tomar banho. Foi a partir deste ensinamento que surgiu o jejum farisaico, em que a pessoa fazia questão de mostrar aos outros que estava jejuando. Deste modo, como isto foi duramente criticado pelo Senhor no sermão do monte, torna-se evidente que não só pode, mas que o crente deve praticar estes atos de higiene durante o jejum, até para não demonstrar que está jejuando. Estas práticas estão inclusas na expressão bíblica "unge a tua cabeça e lava o teu rosto" (Mt.6:17).

e) Considera-se de jejum o período de abstinência durante o sono? Há muitas pessoas que, para jejuar, buscam o período do sono, ou seja, alimentam-se bem e vão dormir, procurando acordar mais tarde no outro dia, exatamente para que não "sejam tentados a quebrar o jejum". Esta prática não deve ser seguida pelos crentes. O jejum é a abstinência de alimentos, ou seja, é deixar de se alimentar em período em que normalmente haveria a alimentação. O período de sono não é um período em que nos alimentemos normalmente e, portanto, esta falta de alimentação não pode ser considerada como jejum.

f) Quanto tempo deve durar o jejum? Muito se indaga sobre o período de duração do jejum, como se o tempo do jejum fosse torná-lo melhor ou não, ou que Deus exigiria um tempo mínimo de jejum. De qualquer maneira, o importante é que haja o propósito por parte do jejuador e uma sinceridade capaz de sensibilizar o coração de Deus. Cada pessoa deve saber da sua estrutura e, com base nisto, calcular o tempo de jejum. Um jejum total não pode ser muito duradouro, pois os casos constantes da Bíblia de prolongados jejuns completos (Moisés-Ex.24:18, 31:18; 34:28, Elias - I Rs.19:8 e Jesus - Mt.4:2) são casos especiais, relacionados com a missão específica e singular destes dois homens de Deus e do próprio Senhor Jesus, razão pela qual não podem nem devem ser copiados pelos crentes. O jejum feito acima das condições físicas somente tratará problemas de saúde física e mental ao jejuador, sendo motivo de escândalo e não de glorificação do nome do Senhor e não devemos dar motivo de escândalo (I Co.10:32; Mt.18:7). Entretanto, deve-se observar que a ciência médica não considera como sendo de jejum um período inferior a 4(quatro) horas (nenhum exame médico que exija jejum é realizado em período inferior a este), de sorte que não há que se falar em jejum inferior a este período, pois não há aqui qualquer privação de alimentação, mas mero intervalo de refeições.

g) Pode-se jejuar enquanto se faz uma dieta? Há muitas pessoas que, por estarem fazendo uma dieta alimentar, estética ou médica, querem aproveitar-se da ocasião para jejuar. Seria isto possível? Em primeiro lugar, devemos lembrar de que o jejum não se confunde com a simples dieta alimentar. Já há grupos religiosos que estipulam jejuns como verdadeiras dietas, tendo um cardápio de abstinência assim como as receitas de dieta que cada vez mais proliferam no mundo. Em segundo lugar, se estamos diante de uma dieta médica, não se terá jejum, pois o jejum é uma privação de algo que se pode consumir e a pessoa estará sendo privada de alimentação por questões de saúde e não estará deixando de se alimentar de coisa alguma, o que prova não se tratar de jejum algum. Se a dieta for estética, teremos uma atitude puramente motivada para aspectos de beleza e de bem-estar corporal, atitudes que são incompatíveis com os propósitos que devem ser levados a efeito pelo jejum. Portanto, concluímos que uma dieta não pode ser "aproveitada" como jejum.

- O conceito de jejum, ademais, não envolve apenas a ideia de privação alimentar. O jejum, também, é caracterizado pela existência de um propósito, de uma finalidade precisa e clara. Como afirma o professor Felipe de Aquino, católico da Comunidade Canção Nova, “…Ao jejuar devemos concentrar-nos não só na prática da abstenção do alimento ou das bebidas, mas no significado mais profundo desta prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver, disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar seja da forma que for. O jejum tem como finalidade nos levar a um equilíbrio necessário, e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de ‘atitude consumística’, característica da nossa civilização. …” (AQUINO, Felipe de. A importância do jejum. Disponível em: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2010/02/18/a-importancia-do-jejum/ Acesso em 01 out. 2010).

- É exatamente este o ponto em que Jesus discordava dos jejuns praticados pelos fariseus, que eram práticas rituais, formais, meras ostentações, sem qualquer propósito senão o da autoglorificação e da autoexaltação. Devemos jejuar sempre que temos um motivo, um propósito, um objetivo definido e estabelecido. Sem que haja este propósito, o jejum será tão somente uma privação alimentar, uma dieta. Daí porque não podermos concordar com a definição de jejum que teria sido supostamente anunciada numa "aparição" na cidade sérvia de Medjugorje, segundo a qual "jejum é refrear a nossa gula e disciplinar o nosso comer" (apud O jejum. Disponível em: www.google.com.br/search?q=cache:GjTEA6a3JLQJ:www.diocese- sjc.org.br/jejum.php+jejum&hl=pt-BR&ie=UTF-8).

- É a existência deste propósito e desta finalidade que difere o jejum de uma simples privação alimentar. Jejuar é muito mais do que simplesmente passar fome e sede e é neste particular que muitos têm fracassado: buscam no jejum uma ostentação, uma autoglorificação e o que conseguem, com isso, além da reprovação divina, é tão somente instantes de privação alimentar, uma dieta que, às vezes, nem benefícios traz para a saúde física do que jejua.
OBS: A preocupação com a saúde física do que jejua, aliás, é algo que sempre norteou a prática do jejum nas religiões ao longo da história da humanidade e que, aliás, tem faltado no meio evangélico. Com efeito, já os rabinos judeus diziam que o jejum, como todos os preceitos bíblicos, foi dado como "Torat Chaim" , ou seja, como ensinamentos pertinentes à vida e que os homens devem viver e não morrer por eles. Daí porque os enfermos e as crianças eram isentos desta obrigação, que também não poderia colocar em risco a vida do jejuador. O Código Canônico da Igreja Romana exclui água e remédio do jejum que deve ser observado uma hora antes da sagrada comunhão, como também dispensa as pessoas idosas e enfermas desta prática(cânon 919), revelando, assim, o cuidado que deve haver quanto a estas situações. Daí porque ter o pastor Elinaldo Renovato de Lima, , em seu artigo sobre a prática do jejum, na revista Ensinador Cristão, afirmado, sabiamente, que "…pessoas portadoras de doenças do estômago tenham cuidado com seu organismo. Não é aconselhável que pessoas com úlceras ou gastrites façam jejum. Deus não quer sacrifício. Ele quer obediência, fidelidade, santidade." (Evite os exageros: esclarecimentos importantes sobre a prática do jejum na vida cristã. Ensinador Cristão, ano 4, nº 15, jul.-ago.-set./2003, p.14).

II - O JEJUM NAS ESCRITURAS

- Na lei de Moisés, o jejum foi estabelecido como obrigatório no dia da expiação, quando o povo deveria "afligir a sua alma", expressão que significa, precisamente, praticar o jejum (Lv.16:29 - na Nova Versão Internacional, o texto diz : vocês de humilharão (ou jejuarão)). Vemos, portanto, que o primeiro propósito do jejum que se encontra na Palavra de Deus é o de humilhação, de arrependimento de seus pecados. Esta mesma ideia para o jejum encontramos no tempo de Samuel (I Sm.7:1-12) e até mesmo fora de Israel, como ocorreu entre os ninivitas após a pregação de Jonas (Jn.3:6-10).

- Na primeira manifestação voluntária de jejum que se tem notícia no meio de Israel, em Jz.20:26, temos um novo propósito para a prática do jejum. No tempo do terceiro sumo-sacerdote, Fineias, no início do período dos juízes, vamos observar os soldados israelitas jejuando buscando uma orientação divina a respeito da guerra civil contra a tribo de Benjamim. O jejum, portanto, também era utilizado para se ter uma orientação da parte de Deus.

- Quando Deus, em cumprimento à Sua Palavra, feriu o primeiro filho de Davi com Bate-Seba de enfermidade, Davi recorreu ao jejum para tentar alcançar a cura da criança, num novo propósito estabelecido para esta prática (II Sm.11:16,17). É interessante observar que, morta a criança, Davi cessou de jejuar, numa clara demonstração de que o seu jejum tinha um propósito definido e que assim deve proceder alguém que, como Davi, tem um coração segundo o coração do Senhor (I Sm13:14; 16:1).

- Também é exemplo de jejum como pedido de orientação e de súplica a Deus o que foi convocado pelo rei Josafá (II Cr.20:3), ocasião em que, ao contrário do que ocorrera com Davi, Deus concedeu o desejo do coração do povo. Outro exemplo de jejum em dias difíceis é o que foi feito pela rainha Ester, que, neste particular, foi acompanhada pelo seu povo (Et.4:16,17), bem como o de Neemias (Ne.1:4) ou de Esdras(Ed.7:21).

- O Talmude, segundo livro sagrado dos judeus, contém um livro a respeito dos jejuns ( o "Rolo dos Jejuns", em hebraico "Meguilat Ta'anit"), onde se estabeleceu, precisamente, que os jejuns têm um tríplice propósito: arrependimento, súplica pela ajuda de Deus, o luto ou a comemoração.
OBS: "…O jejum que levava ao arrependimento era considerado significativo só na medida em que era um ato de livre e espontânea vontade, para que incentivasse um auto-exame honesto de parte do jejuador. O jejum como súplica pela intervenção de Deus em época de grandes dificuldades era, frequentemente, um ato coletivo. Na história conturbada do povo judeu, espalhado por dezenas de diferentes lugares através do mundo, a observância de dias especiais de jejum era bastante usual. Podia ser ordenada pelas autoridades rabínicas de uma só comunidade - ou mesmo de toda uma região ou país - com o fito de implorar a ajuda de Deus para antepor-se a qualquer decreto severo da Igreja ou do Estado, ou para frustrar as intrigas dos inimigos implacáveis em seu ódio aos judeus. Em épocas de seca, as comunidades rurais se reuniam para jejuar a fim de provocar a chuva. Quando a peste atacava, os guetos judaicos jejuavam para suplicar a proteção divina. O terceiro objetivo, em importância, do jejum - que havia sido instituído pelos Profetas - era o de fazer relembrar aos descendentes de Abraão as muitas calamidades que se haviam abatido sobre eles em diversas ocasiões desde o Cativeiro no Egito.…" (Nathan AUSUBEL. Jejum e dias de jejum. In: JUDAICA, v.5, p.393-4).


- Ao lado deste jejum, porém, a Bíblia também informa ter surgido um jejum cerimonial, um desdobramento do jejum obrigatório do dia da expiação, de tal maneira que o próprio calendário judaico ficou recheado de dias de jejum a ponto de, no tempo dos fariseus, haver dois jejuns semanais, o das segundas-feiras e o das quintas-feiras (Lc.18:12). O Senhor sempre demonstrou Seu desagrado e reprovação a este tipo de jejum, formalista e ritualístico, despido de qualquer outro propósito senão de autoexaltação e de autoglorificação (Is.58:3-7; Zc.7:3-14; Mt.6:16-18). O jejum banalizou-se tanto que era até forma de sinal de acordo homicida, ou seja, passou a ser até uma garantia para a prática de um crime (At.23:12,13).
OBS: "…Entre todos os dias de jejum, só o Iom Kipur, o Dia da Expiação, havia recebido a sanção da Torah como mandamento. Na medida em que o costume tem um poder de perpetuação tão poderoso quanto o da lei canônica, toda uma série de jejuns extra-escritura ocupam um lugar firmemente plantado na vida religiosa judaica. O jejum de Tishah b'Av, o nono dia de Ab, era objeto de maior reverência. É um dia de dor nacional e de contrição, comemorativo da Destruição ( 586 a.E.C. e em 70 E.C., respectivamente) tanto do Primeiro quanto do Segundo Templos, em Jerusalém. A implicação deste e de outros jejuns comemorativos é a seguinte: se as calamidades se abateram sobre o povo judeu, foi, segundo as palavras da liturgia, 'por causa de nossos pecados'- como castigo de Deus.(…). Outro dia de jejum tradicional é o Tzom Guedaliahu (o Jejum de Gedalias). Tem lugar no dia que se segue a Rosh Hashanah (o Ano Novo judaico, observação nossa), e é observado pelos judeus ortodoxos em memória de Guedalias, apelidado 'o Virtuoso'. O rei Nabucodonosor da Babilônia, depois de haver reduzido o Primeiro Templo a ruínas, em 586 a.E.C., havia indicado a Guedalias para governador de Judá. Por razões desconhecidas, ele foi assassinado por seus irmãos judeus. Em represália, houve um massacre de judeus. O jejum de Assarah B'Tevet (o décimo dia de Tevet) rememora o começo do cerco de Jerusalém por Nabucodonosor. O jejum do décimo-sétimo dia de Tamuz comemora uma série de calamidades nacionais arroladas no Talmud. Segundo o Êxodo 32:19, Moisés quebrou as tábuas dos Dez Mandamentos naquele dia; e também naquele dia os sacrifícios diários do Templo foram abolidos, Tito conseguiu abrir uma brecha nos muros de Jerusalém durante o cerco daquela cidade, o general sírio Atsotomos queimou os Rolos da Torah, e um ídolo pagão foi colocado no próprio santuário do Monte Sion pelos sacerdotes acovardados do Templo. Essas eram algumas das razões que os sábios religiosos da era rabínica davam para explicar e justificar o castigo que Deus impôs a Israel, quando destruiu o Templo e espalhou o Seu povo no Exílio(…) por todos os mais longínquos recantos da terra. Ta'anit Ester (o jejum de Ester) é observado pelos tradicionalistas na véspera de Purim, em gratidão à memória do jejum patriótico que a rainha Ester fez quando em busca de orientação divina e de força para levar a efeito a súplica que devia fazer pelas vidas de seus irmãos judeus perante seu marido, o rei Assuero, da Pérsia. A véspera do Pessah (Páscoa, observação nossa) é comemorada pelos ultra-ortodoxos com o Ta'anit Bechorim ( o jejum dos Primogênitos), como expressão da gratidão a Deus por haver poupado os primogênitos de Israel à época do extermínio dos primogênitos egípcios, antes do Êxodo do Egito pelos israelitas. Na categoria de jejuns comemorativos, também os aniversários presumíveis das mortes de figuras eminentes da Bíblia, tais como Moisés, Aaarão, Miriam, Josué e Samuel, e dos mártires rabínicos que haviam perecido nas mãos dos romanos (Akiva ben José, os Dez Mártires, e outros) eram observados, em geral, com jejuns de meios dias, em séculos passados. Esses dias de jejum, porém, não são mais observados, exceto por um punhado de tradicionalistas ferrenhos.…" (Nathan AUSUBEL. Jejum e dias de jejum. In: JUDAICA, v.5, p.394).

- Nos dias de Jesus, como vimos, o jejum era uma prática constante e regular entre os judeus, desde os essênios, que se isolavam da sociedade, até os fariseus, que era o grupo religioso mais numeroso daqueles dias. Os discípulos de João Batista também jejuavam (Mt.9:14). Indagado sobre o motivo pelo qual Seus discípulos não jejuavam, Jesus respondeu aos discípulos de João Batista que não era o período de Seu ministério o tempo oportuno de jejuar, mas dias viriam em que deveria haver jejum por parte dos cristãos (Mt.9:15). Assim, ao contrário do que se tem apregoado por falsos mestres, de que o jejum seria uma prática da antiga dispensação, não presente entre os crentes, o próprio Jesus afirmou, categoricamente, que os crentes haveriam de jejuar, prova de que isto não foi abolido pelo Senhor.

- Jesus não disse que os crentes não jejuariam, mas que não se fazia necessário jejuar enquanto Jesus estivesse ali, ao lado dos discípulos, em carne e osso, orientando-os, ensinando-os e os guardando de todo o mal. Por que precisariam jejuar numa situação como esta? Entretanto, após a glorificação do Senhor, já vemos a igreja jejuando para buscar a orientação do Espírito Santo (At13:2). Deste modo, não há qualquer base bíblica para ensinamentos de que o jejum não tem lugar na dispensação da graça.

- Jesus reprovou o jejum ritualístico, sem propósito outro que não o da ostentação do jejuador, o típico jejum dos fariseus, jejum este, aliás, que, infelizmente, está presente em muitas igrejas locais por parte de "santarrões" que gostam de, em seus testemunhos e palavras, fazer questão de dizer aos ouvintes que estão jejuando ou que jejuam tantas e quantas vezes ao dia, pessoas que, assim como o fariseu da parábola, estarão apenas prestando um desserviço para suas próprias almas (Lc.18:9-14). Que sejamos verdadeiros servos do Senhor, seguindo os conselhos do Senhor sobre como jejuar (Mt.6:16-18).
OBS: Recentemente, tivemos conhecimento de que, em uma determinada igreja local, o líder jejuou por quarenta dias e, ao término do seu jejum, foi recebido com gala por toda a congregação, tendo em vista que se encontra em um “estado de maior santidade”, sendo acolhido como um verdadeiro “super-homem”, todo vestido de branco. Quanta hipocrisia e quanta desobediência à Palavra do Senhor!

- O primeiro ensino de Jesus sobre o jejum é de que devemos jejuar. Disse o Senhor "quando jejuardes", ou seja, Jesus já avisava que a Sua Igreja teria necessidade de jejuar, tanto assim que, no episódio em que expulsou um demônio após ter descido do monte da Transfiguração (Jo.17:12), foi claro ao afirmar que expulsão de determinada casta depende necessariamente de jejum e oração.

- O segundo ensino de Jesus é de que o jejum deve ser algo entre Deus e o jejuador, de tal modo que ninguém deverá saber sobre o propósito que apresentamos diante do Senhor. Trata-se de um propósito que deve permanecer em oculto, daí porque devemos nos mostrar diante dos demais homens como se não estivéssemos jejuando, não mostrando que estejamos nos abstendo de alimentação ou fazendo algum sacrifício, mas, muito pelo contrário, dando a entender que estamos normais e que nada está ocorrendo. Não se está dizendo que devemos ser hipócritas, mas que devemos manter o assunto em segredo com o Senhor. Quem jejua está querendo ter maior intimidade, aproximar-se mais do Senhor e não é possível que não possa, diante deste propósito, manter um ambiente de segredo, que é uma característica primeira da intimidade. A maior intimidade com Deus começa na existência deste segredo entre o jejuador e o Senhor.

- O terceiro ensino de Jesus é de que o jejum deve ter um propósito, uma finalidade. Ao mesmo tempo em que há um segredo entre o jejuador e Deus, faz-se preciso que o jejum tenha um fim, um objetivo a ser perseguido. Disse Jesus que Deus, vendo o nosso jejum, nos recompensará. Ora, o que é a recompensa? É um prêmio, é um galardão que se dá. Sendo assim, o jejum deve ter um propósito, pois, se não fosse assim, não teria como Deus nos dar uma recompensa, nos dar o galardão, o prêmio pretendido. Se Deus no-lo concede, é porque existe um objetivo, um fim que foi perseguido pelo jejuador.


III – O ASPECTO ESPIRITUAL DO JEJUM

- O mais importante aspecto do jejum é o seu lado espiritual, ou seja, somente pode jejuar quem estiver em comunhão com o Senhor, ou seja, a privação de alimento somente tem validade quando a pessoa, antes de se abster da comida e da bebida, já se absteve da prática do mal. Este ensinamento encontra-se no livro do profeta Isaías, no seu capítulo 58.

- Sendo uma forma de sacrifício em que o jejuador pretende se aproximar mais de Deus, é importante que tenhamos em mente que o nosso Deus é um Deus que se preocupa muito mais em obediência do que em sacrifícios (I Sm.15:22; Ec.5:1; Os.6:6; Mt.9:13; Mc.12:33). Assim, de nada adianta jejuarmos intensamente se não nos abstivermos, em primeiro lugar, da prática do mal e do pecado. Não existe vida cristã sem renúncia ao mal, sem rompimento com o pecado. A graça de Deus, diz-nos a Palavra, ensina-nos que devemos viver neste mundo de forma sóbria, justa e pia, após renunciar às concupiscências mundanas e à impiedade (Tt.2:11,12). Ser cristão é estar separado do pecado, é ser santo (I Pe.1:15,16).

- Não adianta querermos jejuar se não tivermos uma vida de santidade. A santidade
não vem pela prática do jejum, pois a santificação não é resultado de uma vida de sacrifícios, mas de uma vida sem pecado, de desvio do pecado e do embaraço que pode nos levar ao pecado (Hb.12:1), uma vida de constante vigilância (Mc.13:37; Ef.6:18).

- No entanto, o fato de termos de ter uma vida de santidade e de verdadeira demonstração de amor ao próximo não exclui a necessidade de praticarmos o jejum. Deus não prefere os sacrifícios à obediência, mas o fato de termos de ter uma estrutura espiritual que faça com que nosso jejum seja aceito não quer, em absoluto, dizer que estamos dispensados da prática do jejum. Muitos têm se utilizado do texto do profeta Isaías para justificar a ausência do jejum na sua vida devocional. Dizem que são caridosos, que têm se dedicado à oração e à leitura da Palavra do Senhor e que, por isso, não precisam jejuar. Não é isto que se infere do texto bíblico. O profeta diz que não aceita o jejum de quem não tem compromisso com a Palavra de Deus, de quem não Lhe obedece, mas também não diz que o jejum é substituído pela prática da virtude, que é uma obrigação, uma consequência da real conversão.

- O profeta afirma que Deus não deseja que haja um jejum de pessoas que vivam contendendo, debatendo e que buscam a autoglorificação (Is.58:3,4). Deus só aceita o jejum daqueles que soltarem as ligaduras da impiedade, que desfizerem as ataduras do jugo, ou seja, do pecado, o jejum de quem receba o verdadeiro amor divino em sua vida e, assim, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É o jejum de alguém assim que Deus recebe.

- Lembremo-nos de que, muitas vezes na Bíblia, o jejum está relacionado com uma atitude prévia de arrependimento dos pecados e de busca intensa da presença do Senhor. Mesmo quando estamos diante de uma circunstância bíblica de jejum agradável a Deus em que não se está diante de arrependimento, mas de busca de orientação divina, temos a verificação de que o povo está em comunhão com o Senhor, como se vê nos casos de Ester, Neemias, de Esdras ou dos crentes na igreja de Antioquia. É importantíssimo que o jejum tenha, em primeiro lugar, este caráter espiritual e que, em seguida, tenha um determinado propósito, para que, aí sim, a privação alimentar tenha eficácia como reforço à oração.

- Este sentido espiritual não deve existir apenas antes do jejum, mas deve perdurar durante todo o jejum. Há evidente quebra de jejum se a pessoa, embora tenha mantido a abstinência alimentar, pratique alguma transgressão durante o período de abstinência. Um jejum desta natureza não é aceito pelo Senhor. Há quem confunda a lição de Jesus a respeito do segredo do jejum com a possibilidade de um jejum com total descuido, em que a pessoa até se esqueça que está diante de Deus ofertando um sacrifício. Devemos viver normalmente, não deixar transparecer que estamos jejuando, mas esta discrição e segredo não devem permitir que tenhamos um cotidiano totalmente despreocupado, desatento, a ponto de permitirmos nos envolver com a prática de ações que desagradem a Deus. Devemos nos manter em espírito de oração durante o período da abstinência, exercendo as tarefas do dia-a-dia, mas com o nosso homem interior na presença de Deus a cada momento do período de abstinência.
OBS: “…O jejum nos ajuda a aprender a renunciar a alguma coisa. Ele nos faz capazes de dizer ‘não’ a nós mesmos, e nos abre aos valores mais nobres de nossa alma: a espiritualidade, a reflexão, a vontade consciente. O jejum nos coloca de pé e de cabeça para cima. Há muitos que caminham de cabeça para baixo; isso acontece quando o corpo comando o espírito e o esmaga. É o prazer do corpo que o comanda e não a vontade do espírito. É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si mesmo, mas apenas um “meio”, deve apenas preparar o caminho para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar em nós condições para poder viver os valores superiores. Por isso o jejum não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz que nos liberta.…” (AQUINO, Felipe de. end.cit.)

- Outro ponto importante que devemos salientar no que respeita ao jejum é o cuidado que devemos ter no momento da entrega do jejum. O jejum é como um presente que se está oferecendo ao Senhor e, portanto, não podemos ser descuidados e negligentes no instante da entrega do jejum. Findo o período da abstinência, é importante que nos dediquemos alguns instantes em oração, agradecendo a Deus pela oportunidade que tivemos de lhe oferecer este sacrifício, por ter nos guardado de ter quebrado o propósito, por termos podido resistir às necessidades físicas em prol da adoração e do louvor ao Senhor. Ninguém jamais se preocupa em dar um presente a alguém e, depois de todo o cuidado e esforço para a escolha, para a compra e para a preparação do presente, entrega-o de forma abrupta e descortês à pessoa que vai ganhar o presente, mas há alguns que, no instante da entrega do jejum, são extremamente displicentes e chegam, mesmo, a tomar a refeição sem os mínimos cuidados. Não estamos falando de ostentação ou de formalismo, mas devemos dedicar alguns instantes de oração ao término do jejum para coroarmos de êxito todo o propósito que nos trouxe mais para perto do Senhor, pois o jejum é uma atitude de reforço à oração, dela jamais pode se desvincular.

- Neste sentido, as pessoas que não têm condições de jejuar, seja pela sua saúde física, seja pela sua idade, seja pela natureza de suas atividades que impedem tal prática, não devem se martirizar ou achar que serão menos crentes porque não podem jejuar, mas devem compensar esta impossibilidade por outras práticas igualmente relevantes e edificadoras, como a oração e a prática do amor cristão.
OBS: A prática de judeus, muçulmanos e de católicos romanos de substituírem o jejum pela filantropia, como se observa, portanto, não é algo desarrazoado e é algo que tem respaldo bíblico. Se a pessoa não pode jejuar, pode substituir esta prática por outras que têm, igualmente, o agrado do Senhor. Neste sentido, aliás, é interessante o que consta no Alcorão: "…Jejuareis determinados dias; porém, quem de vós não cumprir jejum, por achar-se enfermo ou em viagem, jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício, consegue cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á, alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabê-lo. O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e vidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais. " (2:184,185). Como diz a nota explicativa destes versículos corânicos, "…o jejum muçulmano não é uma auto-tortura…" e deve ser considerado como um desvio de atenção da comida, da bebida e do sexo para algo mais elevado.

- Terminamos ainda citando o professor Felipe de Aquino: “…O jejum confere à oração maior eficácia. Por ele o homem descobre, de fato, que é mais ‘senhor de si mesmo’ e que se tornou interiormente livre. Se dá conta de que a conversão e o encontro com Deus, por meio da oração, frutificam nele. Assim, o jejum não é algo que sobrou de uma prática religiosa dos séculos passados, mas é também indispensável ao homem de hoje, aos cristãos do nosso tempo. …” (end.cit.).

Caramuru Afonso Francisco

sábado, 30 de outubro de 2010

SÉRGIO PAULO GOMES DE ABREU, FUNDADOR E PRIMEIRO COORDENADOR DO PORTAL ESCOLA DOMINICAL – UM BATALHADOR PELO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS





No último dia 26 de outubro, o Senhor promoveu para a glória o irmão Sérgio Paulo Gomes de Abreu, coordenador do Portal Escola Dominical e presidente da Associação para a Promoção do Ensino Bíblico.

O irmão Sérgio Paulo Gomes de Abreu nasceu em 18 de dezembro de 1948, em Santos/SP, filho de um casal de membros das Assembleias de Deus em Santos/SP, onde seu pai era o maestro da orquestra. Desde cedo, o infante Sérgio Paulo dedicou-se à música e ao louvor, tendo, ainda na juventude, assumido a regência da orquestra da Assembleia de Deus em Santos/SP.

Casou-se com a irmã Celeste Bileski, com quem teve três filhos: Noemi, Rachel e Igor.

Estudou Matemática na USP, não chegando a concluir seu curso diante do vertiginoso crescimento profissional, atuando na área de tecnologia da informação e de marketing, tornando-se executivo de importante empresa multinacional, tendo, inclusive, morado na França durante algum tempo.

De volta ao Brasil, fixou residência, com sua mulher, em São Paulo/SP, passando a frequentar a Assembleia de Deus do Belenzinho, onde cooperou muitos anos como violinista na orquestra daquela igreja, tendo, no final da década de 1990, assumido a Diretoria da Escola de Música da Associação Jahn Sorheim, a entidade que congrega os músicos da Assembleia de Deus – Ministério do Belém.

Incomodado com a indiferença da Igreja frente ao avanço da tecnologia, principalmente com o advento da internet, que Sérgio Paulo viu nascer, envolvido que estava com a tecnologia da informação, juntamente com o irmão André Bérgsten, neto do saudoso missionário Eurico Bérgsten, fizeram, às suas expensas, o primeiro “site’ da Assembleia de Deus do Belenzinho e iniciaram o projeto do Portal Escola Dominical, com o intuito de aproveitar o potencial da internet para aprimoramento dos professores da Escola Bíblica Dominical não só da Igreja no Brasil, mas em todo o mundo.

O Portal Escola Dominical iniciou suas atividades em janeiro de 2001, tendo, quando saiu do ar por problemas econômico-financeiros em 2008, um acesso médio diário de mais de 3.000 (três mil) pessoas, tendo sido, desde então, um poderoso instrumento de apoio para as Escolas Bíblicas Dominicais de todo o mundo. Há testemunhos comoventes de como o Portal Escola Dominical foi instrumento indispensável para o ensino da Palavra de Deus em lugares afastados da África, como as selvas em Angola, ou para comunidades brasileiras isoladas em países do Primeiro Mundo, como o Japão.

No Portal Escola Dominical, o irmão Sérgio Paulo Gomes de Abreu demonstrou todo o seu amor a Deus e à Sua Palavra, tendo, apesar dos inúmeros e grandes problemas particulares vivenciados (em 2001, Sérgio Paulo ficou desempregado, não passando, desde então, a ter um rendimento estável), mantido, às suas próprias custas e com imenso sacrifício seu e de sua família, o trabalho até 2008, quando, sem nenhuma condição mais de manter o site no ar, continuou o trabalho do Portal, mas através do encaminhamento de e-mails.

Cabe aqui registrar, aliás, as inspiradas e bem lançadas palavras de outro grande nome da EBD no Brasil, o irmão Luiz Henrique de Almeida Silva, das Assembleias de Deus em Imperatriz/MA, que, por ocasião das condolências à família enlutada, assim se manifestou: “Perdemos um dos maiores entusiastas da EBD no Brasil, esforçado e zeloso pela obra de DEUS. DEUS nos console a todos e faça com que todos reflitam sobre a falta de ajuda que os dedicados servos de DEUS sentem por parte de seus alunos na labuta do ensino. DEUS possa consolar os inconsoláveis”.

Além do Portal Escola Dominical, dentro desta linha de defesa da Palavra e de realização concreta dos desígnios divinos da Palavra de Deus entre os homens, o irmão Sérgio Paulo Gomes de Abreu também se envolveu no trabalho da ADHONEP, tendo sido Vice-Presidente do Capítulo Paulista, como também estava a realizar anônimo mas vigoroso esforço junto aos segmentos da Igreja empenhados em trazer para o nosso país os resultados do projeto “Transformação”.

Sérgio Paulo Gomes de Abreu, com seu fino trato, com seu amor à causa do Evangelho e do ensino da Palavra de Deus, serve-nos de exemplo para os dias difíceis que estamos a atravessar, dias de perseguição certa à pregação do genuíno e verdadeiro Evangelho, dias em que precisamos, mais do que nunca, usar toda a tecnologia e avanço científico para pregarmos que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e está muito próximo de nos levar para o céu.

A propósito, irmão Sérgio Paulo não se cansava de dizer que, tendo nascido em 1948, data do ressurgimento do Estado de Israel, pertencia, sim, à geração do arrebatamento. Acordemos enquanto é tempo e conheçamos e prossigamos a conhecer o Senhor (Os.6:3). Como sempre lembrava o irmão Sérgio Paulo, o povo de Deus está sendo destruído por falta do conhecimento da Palavra de Deus (Os.4:6). Que, como ele, combatamos o bom combate contra esta obra destruidora até o momento em que o Senhor nos chamar para a glória.

* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede (São Paulo/SP), colaborador do Portal Escola Dominical.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Características de uma oração sábia




Para que nossas orações sejam eficazes elas devem ser feitas com sabedoria. A oração feita com sabedoria é uma oração que penetra profundamente no coração de Deus, e, por conseguinte o impele a agir em nosso favor.
A oração sàbia é uma oração que envolve uma profunda reflexão critica racional e intelectual. Já que Paulo nos exorta a oferecermos um culto racional (Rm. 12. 1), é perfeitamente legitimo que façamos nossas orações no culto publico e também de oração de um modo racional. Ao orar o cristão deve saber o que esta dizendo, pois se orarmos sem saber o que dizemos seremos apenas tagarelas, e Deus não reconhece orações tagarelas (Mt. 6. 7). Acho que é isso que Paulo quis dizer quando escreveu aos Corintios;... ”Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente”... (1Co. 14. 15). Este verso, bem como seu contexto é muito importante para nosso propósito, pois aqui Paulo ensina que a oração feita com a mente-entendimento é melhor do que a oração com o espírito porque a oração com a mente-entendimento edifica a igreja, enquanto a oração com o espírito edifica somente o individuo que ora em espírito. E Paulo nos ensina neste texto (1Co. 14), que a edificação da igreja é prioritária. Portanto a oração com o espírito deve ser restringida no culto publico e a oração com a mente-entendimento deve ser supervalorizada.

A oração feita com uma reflexão critica racional e intelectual envolve três características básicas; primeiro lógica, segundo coerente, terceiro teologicamente correta.

1 Oração lógica.

Por oração lógica queremos dizer uma oração que tem um raciocínio encadeado, este tipo de oração deve ter uma ligação clara nas idéias, e não um amontoado de palavras desconexas que não fazem nenhum sentido. Veja agora a ordem lógica da oração modelo (Mt. 6. 9-15), ou a oração sacerdotal (Jo. 17).

2 Oração coerente.

Por oração coerente queremos dizer, não somente o lado lógico, mas indo mais além nos referimos ao lado da harmonia ou acordo entre o que esta sendo dito na oração com a soberania os propósitos e a vontade de Deus. Orações incoerentes são orações impossíveis para Deus responder. De acordo com Paulo, Deus opera em nos seu querer e seu efetuar de acordo com sua boa vontade (Fl. 2. 13). Portanto todo cristão deve conhecer esse querer, esse efetuar, e essa boa vontade, para começar a orar em perfeita harmonia com Deus, ou seja, desenvolver orações coerentes. O conhecimento de Deus é indispensável para uma oração coerentemente sábia. Acho que é por isso que Deus se agradou da oração de Salomão, e deu a ele sabedoria e conhecimento e muito mais. E também acho que é por isso que Paulo ora a Deus pedindo que Deus de à igreja de Eféso, espírito de sabedoria e revelação (2Cr. 1. 11. 12; Ef. 1. 17-19).




3 Oração teologicamente correta.

Uma oração teologicamente correta é uma oração caracteristicamente lógica e coerente com a natureza de Deus. Se levarmos verdadeiramente em conta tudo que dissemos acima, e tudo que ainda iremos dizer, faremos orações teologicamente corretas. Este tipo de oração envolve um alto grau de reflexão e critica intelectual. Temos que ter muito cuidado com o que falamos na presença de Deus, pois a sabedoria é uma de suas perfeições eternas. Um exemplo de oração teologicamente incorreta é a oração da parábola do fariseu que subiu ao templo para orar juntamente com um publicano (Lc. 18. 9-14). Semelhantemente Jô ao orar de modo ignorante atribui a Deus injustiça ao afirmar sua justiça afirmando que Deus não poderia punir assim um homem justo como ele, mas quando Deus o confronta ele reconhece que falou de coisas que não entendia coisas maravilhosas que ele não compreendia, agora ele pede a Deus para ensiná-lo (Jô. 23. 11-13; 42. 3, 4).
Portanto nossas orações precisam ser sàbias, ou não seram eficazes. Para desenvolvermos uma oração lógica, coerente e teologicamente correta precisamos ter um ambiente propicio. Nossos cultos públicos e nossos cultos de oração devem ser pautados por uma ordem e decência capaz de nos dar um ambiente solene para orarmos com entendimento e não com gritaria e tagarelice. A busca por um ambiente oculto e silencioso para orar era uma característica de Cristo, bem como fazia parte de sua doutrina (Mt. 26. 36; 14.23; 6. 5, 6).





“SOLI DEO GLORIA”
Pb. Juliano da Silva
Outubro 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lição 2 - A oração no A.T


Introdução

Texto Ex30.34-38

Como nos foi dito magistralmente pelo Pb.Juliano da Silva oração é :”... um exercício essencial não somente para o cristão individual,mas para a edificação da igreja no seu aspecto coletivo.A oração é o único meio legítimo de se comunicar com Deus.”(1)
Concordamos c om esta sentença .Mui especialmente as três palavras que grifamos.Senão vejamos:
• Único – por único exclusivisamos algo.è o mesmo que dizer que não há outra forma.
• Meio - a oração de fato é um meio (Jr33.3) e não um fim em si mesma.É uma comunicação e não um pronunciamento ou algo do género.
• Legítimo – verdadeiro podemos crer com toda a nossa fé –se orarmos ,seremos ouvidos!(1Cr 7.14)


A oração no A.T

Hoje exploraremos estes conceitos sob a luz do Antigo Testamento. Não nos esqueçamos; existe uma doutrina bíblica da oração!É Deus quem nos ensina como é que nos relacionamos com Ele.(Rm15.4)”Muitas coisas não serão realizadas no Reino de Deus se não houver oração intercessor ia dos crentes.”(2)
Na verdade nos falta tempo e espaço para uma melhor exposição do tema.Temos no Pentateuco muitas personagens que nos ensinam muito acerca da oração .O patriarca Abraão é um bom exemplo disso .Abraão era um homem de tendas e altares!(Gn 13.18) Isto é muito significativo .Isso porque tendas nos fala do que é passageiro e temporário – “nossa pátria não é aqui”(Hb 11.9)Onde está o nosso tesouro?(Mt 6.21;Tg 4.3)
Temos também em Abraão uma vida caracterizada por edificação de altares.Cultivo de vida com Deus oração...Como é diferente nos dias pós-modernos...!A intercessão também é notável.(Gn18.23-33;20.17).”Fé não é nosso pensamento positivo,nem tão pouco a exteriorização de palavras mágicas que pensamos ou queremos ,mas,sim,a confiança naquilo que deus nos fala ,confiança no que Deus diz.” (3)
O desenvolvimento da oração no A.T. ,ou ,da doutrina bíblica da oração nos mostra que a comunhão com Deus é gradativa e crescente.A oração tem papel preponderante aqui!
A palavra de Deus usa termos muito sugestivos para descrever a pratica da oração no A.T. tais como:

• “invocar a Deus”Sl 17.6. o mesmo que reconhecer Sua existência e a dependência do orante diante do Senhor!
• “invocar o nome do Senhor”Gn4.26. Nome fala de caráter. Invocar o nome do Senhor é ter confiança absoluta nEle pelo que Ele é!Ex 3
• “levantar a alma”Sl 25.1 .Emoções ,sentimento.Não apenas proferir palavras ,repetir...
• “buscar ao Senhor”Is55.6 .Um dos mais ricos termos para oração na bíblia.Fala de querer achar,propósito, interesse etc.(Sl63.1;Jr29.13;Lm3.25;Sf2.3).Jeus ensinou também sobre este ponto (Mt6.33;7.7;Lc11.9)
Não podemos nos esquecer dos símbolos e tipos da oração: ex.incenso. Aliás este tinha sua formula estabelecida pelo próprio Deus! (Ex30. 34-38; comp. Ap8. 3,4;Sl 141.2)
Neste ponto entendemos que são erradas praticas, tais como “oração forte”, “oração contraria”;que nas palavra do Ev. Caramuru A. Francisco –“macumba evangélica”!
Belos exemplos de oração do A.T.
• Salomão – 2Cr 1.7-10
• Elias - 1Rs 18.36-39
• Davi-Sl 51
Na poesia judaico-bíblica encontramos também muitos ensinamentos. Como asseverou o autor da lição ,Pr.Eliezer de Lira : “os salmos expressam o relacionamento de Israel com Deus .Neles observamos a relação do homem com Deus : suas alegrias ,tristezas ,louvores lamentações,súplicas e adorações são expressas das mais diversas formas ... evidenciam que se pode expressar o estado da alma diante de Deus ,pois os seus diferentes estados não precisam ser suprimidos na vida de um autêntico servo de Deus.”(grifo meu)


Ev.André Moreira
Bacharelando em Teologia - FAETAD

Notas bibliográficas

1- Conceitos chave .aula 2 -4 tri. 2010.CEPROEDI.Pb.Juliano da Silva
2- BEP ,CPAD –A oração eficaz –pag. 555
3- A Bíblia livro por livro - JUERP. s/d. Isaltino Gomes Coelho Filho

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A natureza de Deus e a oração do homem




A soberania de Deus é o sustentáculo da oração. Deus é o autor e a fonte de todo bem que temos experimentado e de todo bem que esperamos para o futuro. Deus governa, preserva e dirige todas as coisas. Nada foge ao controle pleno de Deus. O apostolo Paulo exalta o senhor em sua soberania no capitulo 11 de sua carta aos romanos no versículo 36; “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas”... (Gr. Ta Panta).
A soberania de Deus esta intimamente ligada à sua criação. A tese de que ele governa, preserva e dirige todas as coisas, e que tudo é dele, por ele e para ele, levanta um aspecto fundamental e preponderante na oração eficaz. Nossa oração só será eficaz se orarmos para que Deus realize nossos desejos segundo a sua vontade. Nada è mais importante do que isto, tanto para Deus quanto para nos.
A natureza de Deus é revelada em seus atributos. Deus é perfeito, imutável, sábio, etc. Esses atributos que enfatizamos nos dão à idéia de que Deus não erra, pois é perfeito, não muda, pois é imutável e não é tolo, pois é sábio. Isto significa que existem coisas que Deus por sua natureza não pode fazer. Por exemplo; não podemos orar pedindo a Deus que nos de perfeição nesta vida, pois sabemos que seu plano de salvação inclui a perfeição para toda a igreja no arrebatamento e não para indivíduos no decorrer da vida cristã. Este é um tipo de oração que Deus não pode responder. Mas então perguntamos o que fazer com o versículo de Lucas 1, 37. Que diz; “porque nada é impossível para Deus”? Ora este versículo deve ser interpretado à luz das revelações bíblicas sobre a natureza de Deus, e, por conseguinte de acordo com seu contexto imediato. Portanto este versículo significa que nada é impossível para Deus somente dentro de seu plano e seu propósito. Para a humanidade é impossível que ela venha a salvar a si própria, contudo para Deus isto é possível, ele criou um plano de salvação e o executa dentro desse plano para Deus nada é impossível. Agora, uma filosofia bíblica clara e coerente nos mostra que existem coisas que Deus jamais faria. È impossível que Deus minta, pois é verdadeiro, é impossível que Deus renuncie a si mesmo, alias esta é uma coisa que ele requer de nos, mas ele não pode fazer. Tenha certeza se pecar Deus reage a você com ira, pois isto é de sua natureza. Porem se arrepender e voltar a ele em oração e suplica, ele reage a você com misericórdia e graça, pois isto é da natureza dele. É por isso que a maioria de nossas orações não é eficaz, pois são orações egoístas que não estão de acordo com sua vontade. As orações feitas segundo a vontade de Deus podem e mudam o rumo das coisas, e também a nossa historia.
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Definições

O erudito evangelical James I. Packer em seu livro “a evangelização e a soberania de Deus define de modo coerente e brilhante a doutrina bíblica da oração. Ele diz; a oração é uma confissão de impotência e necessidade, um reconhecimento de falta de recursos próprios e dependência, e uma invocação do poder soberano de Deus para que ele faça por nós o que nós mesmos não temos capacidade de fazer”. Esta definição enfatiza de um modo sucinto e coerente a dependência, a impotência e a necessidade que o homem tem em relação à provisão tanto da própria vida como de seus recursos para sua subsistência e enfatiza que na oração reconhecemos que só Deus em sua soberania pode prover para nos tanto nossa vida como os recursos para vivermos.
Alem do que Packer enfatiza, podemos também acrescentar três aspectos básicos na oração. Primeiro, adoração, louvor e ação de graças. Segundo, confissão de pecados. Terceiro petição e intercessão. Podemos também definir a oração como o exercício da fé como confiança na certeza que Deus nos ouve recebe e responde nossas orações. Ou definir de acordo com o Pr. Eliezer de lira que diz; a oração é o meio que Deus proveu ao homem, a fim de que este viesse a estabelecer um relacionamento de comunhão continua com ele.

A excelência da linguagem

A oração é um exercício essencial não somente para o cristão individual, mas para a edificação da igreja no seu aspecto coletivo. A oração é o único meio legitimo de se comunicar com Deus. A vida cristã sendo vivida na vida de Cristo depende exclusivamente de um relacionamento intimo com Deus. A coisa fundamental para se iniciar e dar prosseguimento a um bom relacionamento com Deus e com o próximo é a comunicação. O bom relacionamento requer comunicação e confiança. O relacionamento é um fator indispensável para o cristão ter intimidade e conhecimento de Deus. Como conheceremos alguém com quem não falamos? Como seremos íntimos de quem não conhecemos? Como nos relacionaremos com quem não temos intimidade nem conhecemos e nem conversamos? Como confiaremos em um desconhecido? Como confiaremos em quem não temos intimidade? Como confiaremos em quem nunca conversamos? O relacionamento a intimidade o conhecimento e a confiança são fatores essenciais e indispensáveis á vida tanto cristã como secular, na família, no trabalho, no transito, na escola, na igreja em todos os seguimentos de nossa vida. E tudo isto começa com a comunicação. Se não existe comunicação, não existe relação, se não existe relação, não existe intimidade, se não existe intimidade, não existe conhecimento, se não existe conhecimento, não existe confiança, se não existe confiança, não existe comunhão, se não existe comunhão, não existe cristão. É por isto que a linguagem e a comunicação e fundamental para os propósitos de Deus. A fala-linguagem-comunicação é a principal característica que distingue os homens dos animais. E é exatamente a fala que reflete de modo claro e inequívoco a imagem e a semelhança do homem com Deus. O homem fala exatamente porque Deus fala, e Deus dotou o homem desta capacidade porque quer se comunicar-conversar com o homem eternamente. Há muito tempo os cientistas brigam com suas teorias procurando encontrar uma explicação racional para a linguagem humana, e terminam sempre onde começam, sem respostas. A linguagem é um dom de Deus. Portanto esta é a filosofia bíblica da oração, Deus fala é dotou o homem desta capacidade para que ambos possam se comunicar eternamente em um relacionamento de conversa interminável.

Pb. Juliano da Silva
Setembro 2010