sábado, 20 de agosto de 2011

PAULO E A QUESTÃO DA CONTRIBUIÇÃO FINANCEIRA EM CORINTO





O assunto relativo à contribuição financeira não é muito ventilado em o Novo Testamento. Ao contrário do que vemos nos dias hodiernos, não era um assunto que tivesse a atenção e o foco dos apóstolos.
No entanto, ao contrário do que dizem alguns, não se tratava de questão de somenos importância, tanto que, em suas duas cartas aos coríntios, o apóstolo Paulo cuida do assunto, precisamente porque, entre os problemas que existiam naquela igreja e que o levaram a esta relação epistolar, estava a relutância dos coríntios no pedido do apóstolo para que ajudassem os crentes da Judeia, que passavam por privações econômico-financeiras.
Com efeito, na primeira carta do apóstolo à igreja de Corinto que se encontra no texto sagrado (pois tudo indica que era, na verdade, a segunda carta que escrevia àquela igreja, como se percebe de I Co.5:9), o apóstolo dá aos coríntios a mesma ordem que dera, antes, aos gálatas, ou seja, que fizessem uma coleta no primeiro dia da semana com o objetivo de angariar recursos para os crentes judeus (I Co.16:1-3).
Na expressão do apóstolo, percebemos, de pronto, que havia um costume de se fazer coletas para os santos, ou seja, ao contrário do que alguns argumentam, a prática da contribuição financeira sempre foi parte integrante da adoração a Deus e tinha por objetivo a ajuda aos necessitados.
Paulo, portanto, não instituiu uma coleta nesta carta, mas pediu aos coríntios que, conforme o costume já observado, em meio à coleta que se fazia aos santos, começassem a fazer uma espécie de fundo que fosse destinado aos crentes judeus.
Tendo tido conhecimento da necessidade que havia entre os crentes da Judeia, o apóstolo, usando de sua autoridade, pedia aos crentes de Corinto que, em suas contribuições, começassem a formar um fundo com o objetivo de suprir as necessidades dos crentes judeus.
Nesta ordem do apóstolo, vemos, de pronto, que toda e qualquer contribuição financeira deve ser feita com propósito definido. Paulo, na qualidade de apóstolo, tinha autoridade para determinar a formação do fundo, mas tinha, por isto mesmo, de dizer qual a finalidade deste fundo: a ajuda aos crentes da Judeia.
É preciso que toda contribuição se faça com um determinado propósito, que seja especificada, até porque, no geral, pelo que vemos do costume trazido a nosso conhecimento pelo apóstolo, a coleta deve ser feita “para os santos”, ou seja, a contribuição tem por finalidade a ajuda à própria comunidade, de forma direta ou indireta.
Mas, além deste propósito (que já retira grande número de arrecadações dos nossos dias, cujo objetivo é puramente de enriquecimento de alguns e não o bem-estar da comunidade), o apóstolo Paulo, também, traz-nos outra importante lição, qual seja, o planejamento.
Paulo pede que os coríntios iniciem esta coleta, esta formação do fundo desde já, quando recebem a carta, para que não viessem a fazer coletas quando ele chegasse a Corinto (I Co.16:2).
O apóstolo, sabendo que tal ajuda significava um “plus” aos irmãos coríntios, não queria que o fardo fosse demasiadamente pesado aos santos e, por isso, pedia que se separasse à parte uma quantia desde já, para que não se tivesse um atabalhoado contribuir, além da capacidade de cada um, quando ele chegasse a Corinto, com o propósito de ir para Jerusalém em seguida.

Este planejamento deve ser feito por parte daqueles que estão à testa da organização e que ordenam a contribuição, para se evitar um jugo pesado sobre a administração financeira de cada irmão e para que se possa alcançar, a seu tempo, o propósito definido.
Nosso país tem um histórico de falta de planejamento, a começar da Administração Pública, mas tal comportamento jamais pode invadir a administração eclesiástica. Estamos a lidar com o povo de Deus, estamos a lidar com os santos, e a falta de planejamento, nesta área, não ficará impune diante do Senhor. Lembremos disto!
Outro ponto que Paulo faz, a respeito da coleta, é dizer que, quando chegasse, mandaria os recursos para Jerusalém por intermédio daqueles que fossem aprovados pelos irmãos de Corinto, que, inclusive, decidiriam se Paulo deveria, ou não, ir com eles (I Co.16:3,4).
Temos aqui um outro ponto importantíssimo com relação à contribuição financeira na Igreja. Aquele que ordenou a contribuição deve ficar fora da posse dos recursos, posse esta que deve ser mantida com pessoas que gozem de credibilidade e confiança da comunidade.
Temos aqui a lição da transparência, que tanto tem sido defendida e aplicada para dar aparência de honestidade em recursos públicos, mas que, já nos primórdios da Igreja, era a tônica a ser seguida pelos servos de Cristo. Afinal de contas, como nos fala o apóstolo, somos “filhos da luz e filhos do dia, não somos da noite nem das trevas” (I Ts.5:5), “andamos na luz” (I Jo.1:7) e, por isso, todas as nossas obras precisam ser manifestadas, claras e transparentes (Jo.3:21).
Paulo não assumira uma postura totalmente contrária a seu envolvimento com o transporte dos valores até Jerusalém, mas deixava a decisão para a comunidade que iria contribuir e, o que é importante, fazia questão de que o número de crentes que fossem designados para a posse deste dinheiro fosse plural, exatamente para que tudo fosse feito às claras, com transparência e de modo a que tivesse o comprometimento de toda a comunidade.
A comunidade, portanto, não apenas participa enquanto contribui, mas, também, participa na guarda e posse dos valores, na medida em que escolhe quem deveria ficar com os recursos até a vinda do apóstolo, como também era ela quem decidiria quem levaria os recursos até Jerusalém.
O acompanhamento da comunidade da arrecadação dos recursos e a prestação de contas daqueles que ela própria escolhe para geri-los é, assim, uma máxima indispensável para que se mantenha a credibilidade e a confiança na gerência dos recursos, para que se atinjam os propósitos previamente estabelecidos pela liderança.
Apesar desta determinação do apóstolo, porém, parece que os crentes de Corinto não atenderam ao chamado do apóstolo, fruto até da difícil relação que estava havendo entre os coríntios e Paulo, como se vê do teor da segunda carta que Paulo escreve àquela igreja (que parece ser a quarta carta neste “diálogo epistolar”, à luz de II Co.2:4).
Afirmamos isto em virtude do que o apóstolo escreve nos capítulos 8 e 9, quando assinala que, ao contrário das igrejas da Macedônia, Corinto ainda não havia completado a sua contribuição para os crentes judeus.
Assim, ao invés de amaldiçoar os crentes de Corinto, ou chamá-los de ingratos, egoístas ou ladrões, o apóstolo inicia a sua admoestação louvando o comportamento dos crentes macedônios que, apesar de pobres e necessitados, prontamente haviam atendido à ordem do apóstolo e iniciado a sua contribuição em prol dos crentes da Judeia.
Paulo louva a voluntariedade das igrejas macedônias que, apesar de sua pobreza, foram generosas, dando até acima de sua capacidade e o fazendo, dizia o apóstolo, porque, primeiramente, deram ao Senhor, para só então, atender ao chamado do apóstolo (II Co.8:1-5).
Notamos, pois, que o apóstolo, ao enfrentar a questão da inobservância de sua determinação por parte dos crentes de Corinto, mostra que o atendimento a seu chamado por parte dos crentes da Macedônia não era em virtude de sua “autoridade apostólica”, mas, antes de mais nada, porque eles se deixaram dominar pelo Espírito Santo, porque sua generosidade era fruto de sua íntima comunhão com o Senhor: “mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus.” (II Co.8:5).
A contribuição financeira é apenas uma expressão daquilo que se encontra no homem interior. Os crentes da Macedônia haviam se entregado verdadeiramente ao Senhor e, por isso, apesar de sua pobreza, contribuíam financeiramente em prol dos crentes da Judeia, porque haviam se doado ao Senhor, não mais viviam, mas Cristo vivia neles (Gl.2:20).
Era uma situação espiritual completamente diferente da que viviam os coríntios, que haviam sido considerados por Paulo como “crentes carnais”, visto que, entre eles, ainda imperavam a inveja, contendas e dissensões ( I Co.3:1-3).
Os crentes macedônios eram excelentes contribuintes porque eram “crentes espirituais”, pessoas que haviam se entregado por completo ao Senhor e que, por isso, estavam prontos a fazer a vontade divina e, na ordem de Paulo, igualmente movida pelo Espírito Santo, detectaram a vontade do Senhor e, mesmo sem muitos recursos materiais, não só iniciaram mas completaram a sua contribuição, sendo, por causa disso, ainda mais abençoados pelo Senhor.
A contribuição financeira é reflexo da situação espiritual das pessoas e, desta maneira, não há melhor forma de se obter uma prontidão de vontade no angariar de recursos econômico-financeiros em prol dos santos senão através do crescimento espiritual dos crentes.
O que se vê hoje em dia é uma luta para angariar recursos com base não no crescimento espiritual dos contribuintes, mas, sim, com a amplificação da ganância, da inveja e de toda sorte de carnalidade. Busca-se, dentro da mentalidade consumista-materialista-hedonista de nossos tempos, mentalidade esta que nada mais é que o reflexo do “mistério da injustiça” entre nós (II Ts.2:7), fazer com que as pessoas transfiram seus recursos para as “empresas religiosas”.
O resultado de um tal comportamento é funesto, pois, se pode haver, num primeiro instante, uma grande arrecadação, com o enriquecimento de alguns com isto, temos, no médio e longo prazo, não só o esgotamento da fonte de recursos, pois, mais cedo ou mais tarde, o engodo é descoberto pelos contribuintes, como, o que é mais grave, uma dupla destruição: as “empresas religiosas” passam a ser meros “conglomerados empresariais”, diversificando suas atividades para manterem seu rendimento e os contribuintes engodados passam a pertencer ao grupo cada vez mais numeroso dos “decepcionados com a graça de Deus”, pessoas que, dificilmente, obterão a salvação, vez que associarão a ganância destes inescrupulosos “mercadores da fé” (que passam a ser apenas mercadores e aliados manifestos do sistema anticristão – Ap.18:9-18) ao Evangelho.

Paulo, ao elogiar a atitude dos crentes da Macedônia, não faz promessas de prosperidade material àqueles que contribuíram, nem tampouco procura despertar a ganância ou a inveja dos coríntios em relação aos macedônios, mas, bem ao contrário, diz que os crentes da Macedônia eram pobres, e pobres permaneceriam, mas, por serem entregues totalmente a Deus, haviam atendido ao seu pedido e, dentro de sua pobreza, haviam revelado as “riquezas da sua generosidade” e, com a bênção de Deus, feito muito mais do que seria humanamente possível fazer em termos de angariar recursos para os crentes da Judeia.
A contribuição financeira, pois, é mero reflexo de nossa entrega a Deus, de nossa comunhão com o Senhor e, por causa deste estado espiritual, Deus, com nossa contribuição, na medida de nossa capacidade, realiza o milagre da multiplicação, não para quem contribuiu, mas para quem será favorecido por esta contribuição.
É a isto que o apóstolo se refere quando fala da semeadura decorrente da contribuição financeira (II Co.8:8-10), pois, apesar da pobreza dos contribuintes, haveria uma arrecadação que satisfaria as necessidades sem que deixasse de ocorrer a suficiência para os que haviam contribuído. Na partilha, haveria recursos suficientes tanto para quem deu quanto para quem haveria de receber.
Na Macedônia, a propósito, o apóstolo havia se portado da mesma maneira do que se propusera fazer em Corinto. Designara Tito para cuidar da posse dos recursos, em comum acordo com os crentes macedônios, ou seja, também tivera o cuidado de, na arrecadação dos fundos entre os crentes da Macedônia, agir com propósito, planejamento e transparência.
Antes o exemplo dos macedônios, o apóstolo, então, passa a tratar diretamente com os coríntios, admoestando a que se fizessem não imitadores dos macedônios, mas, sim, imitadores de Cristo que, sendo rico, havia Se feito pobre para que por Sua pobreza, enriquecêssemos (II Co.8:9).
Vemos aqui que o “fazer-Se pobre como Jesus” não precisa assumir a radicalidade de Francisco de Assis, que, literalmente, passou a viver a absoluta pobreza material, sem qualquer patrimônio (salvo uma só túnica remendada por dentro e por fora, com o cordão e calções), mas, sobretudo, que se tenha um espírito de desapego às coisas materiais, uma vontade resoluta de se despojar de bens, ainda que diminutos, em prol do bem-estar do próximo e do necessitado.
Por isso, o apóstolo pedia aos crentes de Corinto que não só praticassem a contribuição em prol dos crentes da Judeia, mas que, antes de tudo, quisessem fazê-lo (II Co.8:10).
Antes de tudo, é preciso que queiramos fazer a contribuição, que ela se faça com voluntariedade, pois, como o apóstolo explica na continuidade de seu raciocínio, Deus ama ao que dá com alegria (II Co.9:7).
A voluntariedade na contribuição é essencial para que ela seja uma bênção, para que ela agrade a Deus. A contribuição realizada com tristeza ou por necessidade não tem valor algum diante do Senhor e, em termos materiais, é apenas uma despesa e, dizemos com convicção, uma despesa mal feita, um desperdício, ou seja, uma destruição, uma ruína, uma perda, algo que, como sabemos, não é proveniente de Deus, mas resultado de uma ação maligna (Jo.10:10).
Sem a prontidão de vontade, sem o desejo de servir, sem a consciência de que se trata de um desapego aos bens materiais, não se tem bênção, mas avareza (II Co.9:5) e os avarentos não entrarão no reino de Deus, visto que são idólatras (Cl.3:5; Ap.22:15).

Muitas das contribuições que temos visto por aí são motivadas pela avareza, pela ganância, que é incitada e estimulada pelos arrecadadores de plantão, eles próprios falsos mestres que são igualmente movidos pela avareza (II Pe.2:3).
Tais contribuições são as responsáveis pela perdição tanto de quem contribui, quanto de quem recebe, pois, embora os gananciosos contribuintes sejam os primeiros a sofrer os danos de seu desatino, a Palavra de Deus é clara ao dizer que os que se enriquecessem às custas destes não terão outro destino senão a sentença de perdição (II Pe.2:3), como nos deixa claro o exemplo de Balaão, que é tipo bíblico desta gente (Nm.31:8).
Também não se pode levar o povo a contribuir com tristeza ou por necessidade, pois, nestes casos, assim como no caso da avareza, não se terá o desapego das coisas materiais. Embora se contribua, a tristeza ou necessidade fazem com que, sentimentalmente, a pessoa que contribui ainda esteja ligada ao que foi dado e, de igual maneira, não se terá bênção, mas tão somente uma despesa, um desperdício.
É imperioso que entendamos que, em termos de contribuição, é preciso que as pessoas sejam conscientizadas da bênção que é contribuir, da alegria que há naquele que serve a Deus de entregar sua contribuição em prol dos santos, de ser participante do milagre da multiplicação que fará o Senhor, multiplicação em favor dos necessitados, não do nosso próprio patrimônio.
Quando vemos o milagre da multiplicação, temos a convicção de que o Senhor sustenta a todos quantos Lhe servem, não os deixa à míngua e que, se hoje temos o gozo de contribuir, amanhã pode ocorrer que sejamos os beneficiários desta contribuição, mas que, sempre, tanto num caso quanto no outro, seremos alvos da bênção do Senhor (II Co.8:12-15).
Na contribuição com alegria, vemos não só que nossa pobreza material é enganosa, visto que, ao contribuirmos, vemos as “riquezas da nossa generosidade”, fruto da presença de Deus em nós, como também notamos o absoluto controle de Deus sobre todas as coisas e a Sua fidelidade, na medida em que nossa contribuição levará aos necessitados a terem a bênção da abastança, veremos como Deus cumpre a Sua Palavra, jamais deixando desamparado um justo (Sl.37:25) e, mesmo, aliviando as dores daquele que não O serve mas que, mesmo assim, é alvo de Seu amor através da generosidade da Igreja.
Esta voluntariedade não deve estar presente apenas nos contribuintes, mas também entre aqueles que forem comissionados, com aprovação da comunidade, a administrar os recursos e entregá-los a quem precisa.
Paulo fala de Tito que, pelo que deixa transparecer o texto (II Co.8:16,17), havia relutado, num primeiro momento, a aceitar o encargo, mas que, devidamente exortado, partiu voluntariamente para Corinto, a fim de supervisionar a arrecadação dos fundos.
Esta relutância de Tito, certamente, estava relacionada com a resistência em Corinto ao atendimento à ordem do apóstolo, mas, apesar de todas as dificuldades que enfrentaria, Tito, devidamente exortado, partiu para lá voluntariamente.
Encontramos aqui mais um ponto sensível que temos observado nas igrejas de nossos tempos difíceis. Cada vez menos pessoas se dispõem voluntariamente a assumir encargos nas igrejas, cujo corpo burocrático, por causa disso, aumenta cada vez mais, visto que todos querem ser remunerados, gerando um gasto que, não raras vezes, diminui sensivelmente os recursos arrecadados que, assim, estão menos a servir aos santos e, cada vez mais, a alimentar a burocracia eclesiástica.

Hoje em dia, parte considerável dos recursos arrecadados dos salvos serve tão somente para o sustento da “máquina administrativa eclesiástica”, reproduzindo-se, então, os mesmos desvios e mazelas que tanto têm caracterizado a Administração Pública.
Tito dispôs-se voluntariamente a servir à igreja em Corinto, mesmo sabendo que seu trabalho seria espinhoso, incompreendido e contrariado. Tinha, porém, a mesma prontidão de vontade que havia entre os crentes da Macedônia e, sendo assim, não só traria bênção, como não seria mais um motivo de escândalo.
Esta falta de prontidão de vontade e esta burocracia crescente existente nas igrejas locais de hoje são um dos fatores que levam à falta de transparência que tanto caracteriza a administração financeira eclesiástica hodierna.
Se o povo tiver acesso aos números da administração financeira e perceber que quantia considerável dos recursos está hoje a servir a interesses e negócios outros que não o propósito de favorecer os santos, certamente que muitos deixarão de contribuir e muitos desvios e malfeitos serão descobertos.
Contudo, temos de voltar ao modelo bíblico, que exige, como já vimos, transparência e honestidade. Não foi à toa que o Pacto de Lausanne foi enfático em afirmar que a Igreja “…torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização (…) quando lhe falta (…) uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças…” (item 6).
É preciso que reavaliemos, o quanto antes, o custo da burocracia eclesiástica e evitemos os desperdícios e os gastos imotivados e infundados, instaurando uma transparência que somente representará o bem-estar da obra de Deus e tornará a contribuição efetivamente uma bênção para toda a Igreja.

Mas, coerente com a proposta que havia feito aos coríntios na sua primeira carta, o apóstolo não mandou apenas Tito, mas, juntamente com ele, o “irmão louvado”, que, por sua credibilidade e honestidade, havia sido escolhido pelas igrejas para que fosse companheiro de Paulo em sua viagem (II Co.8:18,19).
Em assunto de recursos econômico-financeiros, Paulo se fazia acompanhar de alguém que tivesse sido escolhido pela comunidade, em virtude de seu porte e testemunho diante da igreja, para que não houvesse a menor sombra de dúvida quanto à arrecadação e administração dos recursos advindos da contribuição financeira dos crentes coríntios.
Havia a mais completa transparência neste assunto, o que deve ser a regra no tocante à administração financeira eclesiástica.
Paulo, assim que manda Tito, faz questão que o “irmão louvado” fosse com ele, pois isto, certamente, representaria a seriedade e credibilidade do trabalho de arrecadação dos recursos, já que o “irmão louvado” fora escolhido pelos próprios crentes para fazer companhia a Paulo e cuidar dos recursos.
Como é importante que a posse e administração do dinheiro em nossas igrejas não fique com a liderança mas seja compartilhada com pessoas que gozem da confiança da comunidade e que estejam sempre prontos a lhes prestar contas.
Como é importante que as pessoas escolhidas para esta função sejam dedicados, correspondam ao testemunho que lhes levou até aquela posição e que não queiram aparecer, mas cujo trabalho seja feito única e exclusivamente para a glória de Deus. O “irmão louvado” não tem sequer seu nome mencionado pelo apóstolo, a demonstrar como era discreto e empenhado em tão somente fazer a vontade de Deus.

A transparência, diz-nos o apóstolo, tinha por objetivo, em primeiro lugar, a glória de Deus e, em segundo lugar, a prontidão do ânimo dos contribuintes (II Co.8:19). Fazendo tudo às claras, o apóstolo, a um só tempo, glorificava a Deus, como também mantinha a disposição dos crentes em contribuir.
É precisamente isto que tem faltado em muitos lugares em nossos dias. A falta de transparência, além de entristecer a Deus e negar-Lhe a devida glória, já que somos “filhos da luz e filhos do dia”, também enfraquece a disposição dos irmãos em contribuir, máxime nos dias de multiplicação da iniquidade em que vivemos, onde a corrupção destrói grandemente a confiança entre as pessoas, como ocorria nos dias de Miqueias (Mq.2:10).
Mas, além disto, este comportamento zeloso tinha o objetivo de impedir a desonestidade em virtude da abundância advinda de se estar a agir conforme a vontade do Senhor (e que, como já vimos, gera o milagre da multiplicação), pois o zelo existente era tão somente para que houvesse honestidade tanto diante de Deus quanto diante dos homens (II Co.8:20,21).
Como afirma o Pacto de Lausanne, já mencionado, a falta de honestidade com as finanças é um escândalo, uma pedra de tropeço para a evangelização. Quando não somos zelosos e não demonstramos nossa honestidade diante de Deus e diante dos homens, sendo como a mulher de César, que não basta ser honesta, mas tem de parecer honesta, estamos impedindo que muitos venham a se render a Cristo Jesus e a alcançar a salvação.
Muitos não se dão conta de que a falta de transparência traz trevas em vez de luz e, por causa disto, muitos não alcançam a salvação, fazendo com que, em vez de sermos servos de Cristo, sejamos como os fariseus que faziam com que os seus prosélitos fossem duas vezes filhos do inferno (Mt.23:15). Será que temos consciência disto, ou seja, de que a falta de transparência nas finanças de nossa igreja local executa um relevante trabalho para o inimigo de nossas almas, impedindo a real conversão dos evangelizados? Pensemos nisto!
Mas, não bastasse a escolha de Tito e do “irmão louvado”, o apóstolo ainda manda mais um irmão, o “irmão diligente”, que gozava da confiança entre os coríntios (II Co.8:22). Mais uma vez, o apóstolo, mesmo diante da resistência dos coríntios, não usava de sua autoridade, mas, para obter a contribuição necessária, fazia-se valer da confiança e da credibilidade dos irmãos de Corinto, escolhendo pessoas confiáveis dos contribuintes.
Não é raro que, em nossos dias, vejamos os líderes agirem de forma diametralmente oposta. Em vez de escolherem pessoas da confiança dos contribuintes, escolhem pessoas de sua mais absoluta confiança. Este gesto mostra aos contribuintes que há um objetivo de se controlar os recursos segundo a vontade da liderança e não segundo a vontade da comunidade que, afinal de contas, é quem vai contribuir.
Isto gera um clima de desconfiança em meio aos crentes que, por causa disso, não contribuem como deveriam, se é que contribuem. Não é à toa, pois, que muitos crentes acabam desviando sua contribuição para outras instituições e movimentos, muitas vezes mais deletérios e muito mais mal intencionados que a sua liderança da igreja local, mas simplesmente porque não confiam na sua liderança que está tão somente a colher aquilo que semeou, na medida em que pôs à frente da administração dos recursos alguém que não gozava da confiança e credibilidade da comunidade.

Paulo, porém, não procedeu desta maneira, mas, bem ao contrário, buscou indicar pessoas que tivessem a confiança e a credibilidade dos coríntios, de modo a impedir que a desconfiança viesse a impedir a realização da obra que, aliás, já se encontrava atrasada.
Observemos, ademais, que esta comissão de Paulo tinha por finalidade tão somente fazer com que os coríntios acatassem a ordem do apóstolo em iniciar a arrecadação dos fundos, mas isto não invalidava o fato de que, uma vez chegando Paulo a Corinto, seriam os próprios coríntios quem escolheriam aqueles que levariam os recursos a Jerusalém, na companhia, ou não, do apóstolo segundo fosse decidido pela própria igreja coríntia. Que zelo pela honestidade!
Com estes predicados, a comissão iria até os coríntios na condição de “embaixadores das igrejas e glória de Cristo” (II Co.8:23), ou seja, pessoas que tinham credibilidade e testemunho a ponto de poder “representar” as igrejas, terem autoridade de falar em nome das igrejas e, mais do que isso, serem “glória de Cristo”, ou seja, pessoas que tinham uma vida de boas obras, que dignificavam o nome do Senhor, que faziam com que o nome de Jesus Cristo fosse glorificado.
Temos procurado pôr pessoas com este porte de vida para cuidar das finanças de nossas igrejas locais? Temos buscado estes requisitos para indicar e designar quem cuida do dinheiro arrecadado junto aos nossos irmãos?
* Evangelista e professor responsável pelo Estudo dos Professores e Amigos da Escola Dominical (EPAPED) da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede e colaborador do Portal Escola Dominical (www.portalebd.org.br).

7 comentários:

claudiopimenta disse...

isso vai dar panos para mangas


gostei do texto vou examinar com atençao!

claudiopimenta disse...

muito bom mesmo!

claudiopimenta disse...

meu irmao

tem pastor presidente andando de bmw comendo caviar

enquanto os caras do sertao passam fome e nao tem nem colegio para os filhos!

claudiopimenta disse...

interessante que o texto em questao fala das cotribuiçoes para os pobres que estava acontecendo uma fome grande em jerusalem e judeia


onde cabe ai as ofertas e dizimos cobrados nas igrejas ?

o menor de todos os menores. disse...

Prezado Ev. André Moreira,

A paz de Cristo, o nosso Senhor!

Entraste em uma seara que muitos não querem entrar.

Sair da outra seara é muito difícil, para quem já come caviar(horrível por sinal), e anda com autos importados, com IPVAs caríssimos e seguros astronômicos. PURA VERGONHA! PURO DEBOCHE COM A CARA DOS CRENTES!

Sinto tristeza que muitos prometem riquezas 100 vezes mais, sem o mínimo de pudor, principalmente qando garantem a benção com os miseraveis 911 Reais. PURO ABUSO!

A igreja está se "ARMADILHANDO" pela plantação de sementes fantasiosas de muitos líderes que encontraram na JOGATINA DA FÉ, o abuso da ingenuidade entre aspas dos que desejam agradar ao Senhor com a fé mecânica introduzida COM UM FEDOR de maldade e ganância.

Somente jogam neste CASSINO DA FÉ, os interessados em tomar vantagens, mesmo que haja desvantagens na mentira. Triste!

O Senhor seja contigo!

O menor de todos os menores.

Pr. André Moreira disse...

Agradeço aos comentarios irmão Claudio.Continue conosco.Um grande abraço!

Pr. André Moreira disse...

Pr.Newton,è uma honra poder te-lo conosco.A questão é - de quem somos servos?O deus Mamom tem enganado e seduzido a muitos!

O especto de sermos servos de Deus já não é Enfatizado com a frequencia devida.

Enfatiza-se outros aspectos que deveriam ser concequencia do serviço cristão ...

Enfim vivemos tempos muitissimo trabalhosos!

Um grande abraço!