sábado, 4 de junho de 2011

O “CREMOS” DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS



O “cremos” das Assembleias de Deus é um resumo das doutrinas da nossa fé que tem o objetivo de tão somente manter a unidade doutrinária de nossa denominação.

Texto áureo
Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer. (I Co.1:10).

INTRODUÇÃO

- Neste trimestre em que comemoramos o centenário das Assembleias de Deus, em complemento às lições bíblicas, apresentaremos um breve estudo a respeito do “Cremos” de nossa denominação, que é extremamente desconhecido dos seus membros.

- O “cremos” das Assembleias de Deus é um resumo das doutrinas de nossa fé pentecostal, que, ao contrário de outras denominações, não tem a presunção de conter toda a verdade bíblica, mas que foi uma maneira de, no início da história das Assembleias de Deus, impedir-se a dissensão doutrinária, a fim de manter uma uniformidade entre as Assembleias de Deus.

I – HISTÓRIA DO “CREMOS” DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

- O “credo” ou “cremos” é uma fórmula doutrinária ou profissão de fé, que, desde o início da história da Igreja, era proclamada pelo batizando. Na história da Igreja, há documentos antigos que demonstram que, desde os tempos apostólicos, havia uma fórmula que sintetizava a doutrina cristã.

- Há um texto de Inácio de Antioquia (35-110), um dos chamados “pais da Igreja”, que atesta existência de um “credo” no ano 107: “Sede, portanto, surdos quando alguém vos fala sem Jesus Cristo, da linhagem de Davi, nascido de Maria, que verdadeiramente nasceu, que comeu e bebeu, que foi verdadeiramente crucificado e morreu à vista do céu, da terra e dos infernos. Ele realmente ressuscitou dos mortos, pois o seu Pai o ressuscitou, e da mesma forma o se Pai ressuscitará em Jesus Cristo também a nós, que nele cremos e sem o qual não temos a verdadeira vida (Carta aos Tralianos, IX) (Disponível em: http://sites.google.com/site/zeroxdois/home/documentos/carta-de-santo-inacio-de-antioquia-aos-tralianos---sobre-a-obra-por-alessandro-ricardo-lima Acesso em 08 abr. 2011).

- Irineu de Lião (130-202), outro “pai da Igreja”, também menciona, em seus textos, uma síntese da fé cristã, como neste texto escrito por volta de 190: “A Igreja... recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra... e em um Espírito Santo, o qual através dos profetas proclamou...e no nascimento virginal, a paixão, e a ressurreição de entre os mortos,e a ascensão em carne ao céu do amado Cristo Jesus, nosso Senhor, e seu retorno do céu na glória do Pai, para recapitular toda as coisas em um e ressuscitar toda a carne de toda a raça humana.” (Contra as heresias I.X.1-2 apud GOMES, Wilhan José. Introdução ao Credo Apostólico. Disponível em : http://wilhan.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=20&Itemid=1 Acesso em 08 abr. 2011).

- Todos sabemos que as Assembleias de Deus surgiram do avivamento iniciado na rua Azusa, em Los Angeles, nos Estados Unidos, avivamento capitaneado pelo pastor William Seymour (1870-1922). O avivamento se espalhou não só pelos Estados Unidos mas por todo o mundo.

- O avivamento não se circunscreveu à Rua Azusa e diversas congregações, em todos os Estados Unidos, foram abertas em vários lugares, sem que houvesse nenhuma estrutura para manter a unidade doutrinária e organizar o próprio trabalho de evangelização. Como se isto fosse pouco, as leis vigentes em muitos Estados norte-americanos impediam o caráter multirracial do movimento surgido em Los Angeles (Seymour, por exemplo, era negro), o que gerou, em muitos lugares, a divisão entre brancos e negros nas igrejas formadas.

- Querendo modificar esta situação, uma série de líderes pentecostais resolveu convocar um Concílio Geral em abril de 1914, que se realizou na cidade de Hot Springs, no estado americano do Arkansas, com a participação de 300 (trezentos) líderes, de vinte Estados americanos e vários países, ocasião em que foi fundado o “Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos”. Surgia, assim, a denominação “Assembleias de Deus”.

- O “Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos” foi criado sem qualquer intenção de se tornar uma “denominação”, tendo sido preservada a autonomia das igrejas locais, que deveriam, entretanto, manter um relacionamento fraterno e unidade doutrinária.

- Em 1916, porém, diante de controvérsias doutrinárias que havia entre as igrejas pentecostais existentes, principalmente a existência de igrejas que realizavam o batismo somente “em nome de Jesus”, negando a fórmula batismal trinitária de Mt.28:19, como também a controvérsia, já existente desde 1911 no movimento pentecostal, a respeito da santificação, pois alguns entendiam que a santificação era uma experiência distinta da conversão e do batismo com o Espírito Santo, enquanto outros entendiam que a santificação já se iniciava com a conversão e era um processo progressivo que não impedia o batismo com o Espírito Santo.

- Diante destas situações, o “Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos” entendeu que seria oportuno fazer uma “Declaração das Verdades Fundamentais” que, sem ter a pretensão de encerrar toda a verdade bíblica, teria o objetivo de permitir que as igrejas mantivessem uma unidade doutrinária e não corressem o risco de se desviar da verdade das Escrituras.

- Reunido o Concílio na cidade de Saint Louis, no estado americano do Missouri, estabeleceram a “Declaração das Verdades Fundamentais”, que foi o primeiro “cremos” das Assembleias de Deus em todo o mundo e que serviram de base para documentos similares, como o “Cremos” das Assembleias de Deus no Brasil, que, embora não seja oficial, é por todos admitido. O “Cremos” foi introduzido pela primeira vez no jornal Mensageiro da Paz de junho de 1969, por iniciativa do então diretor de publicações da CPAD e, posteriormente, presidente da CGADB (1987-1988), pastor Alcebíades Pereira Vasconcelos (1914-1988) que, naquele ano, sucedera na diretoria de publicações o jornalista Emílio Conde (1901-1971).

- Eis a Declaração das Verdades Fundamentais do Concílio das Assembleias de Deus nos Estados Unidos:

1. A Bíblia é inspirada por Deus e é “a infalível e autoritária regra de fé e prática”
2. Há um único e verdadeiro Deus que existe como uma Trindade.
3. Jesus Cristo é o Filho de Deus e, como Segunda Pessoa da Trindade, é Deus.
4. O homem foi criado bom por Deus mas foi separado de Deus através do pecado original.
5. A salvação “é recebida através do arrependimento em direção a Deus e a fé em direção ao Senhor Jesus Cristo”.
6. Há duas ordenanças. O batismo por imersão é uma declaração para o mundo da fé do crente em Cristo. A Ceia do Senhor é uma comemoração simbólica do sofrimento e morte de Cristo.
7. O batismo no Espírito Santo é uma experiência separada e subsequente à conversão. O batismo do Espírito traz revestimento de poder para viver uma vida cristã vitoriosa e ser uma testemunha efetiva.
8. Falar em línguas é a evidência física inicial do batismo no Espírito Santo.
9. A santificação total é a vontade de Deus para todos os crentes e deve ser sinceramente perseguida pelo andar na obediência à Palavra de Deus.- Hb.12:14; I Pe.1:15,16; I Ts. 6:23, 24; I Jo.2:6.
10. A missão da Igreja é buscar e salvar todos quanto estão perdidos em pecado; a Igreja é o Corpo de Cristo e consiste de todas as pessoas que aceitam Cristo, independentemente da denominação cristã.
11. Os ministros divinamente chamados e biblicamente ordenados servem à Igreja.
12. A cura divina dos doentes é provida pela expiação.
13. A “iminente e bendita” esperança da Igreja é o seu arrebatamento que precede ao retorno corporal de Cristo à Terra.
14. O arrebatamento da Igreja será seguido pelo retorno visível de Cristo e Seu reino na Terra por mil anos.
15. Haverá um juízo final e condenação eterna para os “mortos perversos”
16. Haverá futuros novos céus e uma nova terra “onde habita a justiça”.

- Estas verdades fundamentais adotadas pelas Assembleias de Deus nos Estados Unidos foram adotadas pelas Assembleias de Deus no Brasil, coerentemente, já que os missionários pioneiros adotaram a denominação “Assembleia de Deus” para a denominação que haviam fundado e que se chamava anteriormente “Missão de Fé Apostólica”, que era a denominação da igreja de William Seymour na rua Azusa, mostrando, assim, que se filiavam a este movimento surgido do avivamento pentecostal e que se organizara nos Estados Unidos.

- O “Cremos” das Assembleias de Deus no Brasil, que é sempre publicado no jornal oficial de nossa denominação, “O Mensageiro da Paz”, tem nítida inspiração no credo de 1916. Eis o nosso “Cremos”:

1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).

2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17).

3. Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).

4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).

5. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8).

6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).

7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).

8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e 1Pd 1.15).

9. No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).

10. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade (1 Co 12.1-12).

11. Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14).

12. Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).

13. No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).

14. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).

- Este “cremos” das Assembleias de Deus no Brasil é, infelizmente, extremamente desconhecido da membresia. É verdade que não podemos adotar nosso “cremos” em detrimento das Escrituras, pois é a Palavra de Deus que é a verdade, mas é inegável que o “cremos” precisa ser conhecido, pois é um resumo das nossas crenças, uma feliz iniciativa para termos sempre em memória os fundamentos de nossa fé.

- É importante observar que o “cremos” contém apenas pontos doutrinários, constantes das Escrituras, não tendo qualquer dispositivo a respeito de “usos e costumes”. Verdade é que os “usos e costumes” estão definidos em resoluções de nossa Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB), mas tais resoluções, como os usos e costumes, podem ser modificados, pois costumes e usos variam de acordo com o lugar e com o tempo.

- Entretanto, não confundamos a variabilidade de usos e costumes com a abolição dos bons costumes, pois os costumes refletem a santidade do interior do homem. Na atualidade, vemos muitos que, em nome de uma falsa “liberdade”, aboliram os usos e costumes e, ao fazê-lo, estão simplesmente contrariando a Bíblia Sagrada, que nos mostra que os crentes tem uma maneira de viver diferente da do mundo (Rm.12:2; I Ts.4:1; I Pe.1:18). Costumes e usos modificam-se de acordo com o lugar e com o tempo, mas a santidade é sempre a mesma. Lembremos disto!
OBS: Documentos de nossa Convenção Geral falam claramente sobre os costumes que devemos observar, como a Resolução da 22ª AGO da CGADB e a decorrente do 5º ELAD (Encontro das Lideranças das Assembleias de Deus) (disponíveis em: http://cgadb.org.br/home/index.php?option=com_content&task=view&id=39&Itemid=36 Acesso em 08 abr. 2011).

II – BREVE EXPOSIÇÃO DO “CREMOS” DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL

- O primeiro item de nosso “cremos” diz respeito a Deus, nem poderia deixar de sê-lo pois devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Lc.10:27) e é impossível amarmos quem não sabemos quem é. Deus é um só e é, ao mesmo tempo, três Pessoas; Pai, Filho e Espírito Santo. Os crentes pentecostais genuínos e autênticos são “trinitarianos”, motivo pelo qual devemos repudiar toda e qualquer doutrina unitarista ou modalista, como, por exemplo, os movimentos “Voz da Verdade” e “Tabernáculo da Fé”.

- O segundo item de nosso “cremos” fala a respeito da Palavra de Deus. Os crentes pentecostais genuínos e autênticos têm a Bíblia como a Palavra de Deus, a única regra de fé e de prática. Por isso, não podemos aceitar tradições que contrariam as Escrituras, como também não aceitamos nos guiar por doutrinas ou mandamentos de homens. Entretanto, como afirmar que cremos na Bíblia como única regra de fé e de prática se não a estudarmos e a lermos diariamente? Eis um dos grandes motivos pelos quais muitos crentes das Assembleias de Deus, na atualidade, estão cheios de crendices e pontos de vista construídos em cima de “profecias”, “revelações” e outros ensinamentos, mas não com base nas Escrituras Sagradas. A estes, lembramos as palavras do profeta Isaías: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” (Is.8:20).

- O terceiro item de nosso “cremos” fala-nos de nossas crenças a respeito de Cristo Jesus. Como nos diz a Bíblia, nós cremos que Jesus veio em carne, Se fez homem para nos salvar (I Jo.4:2,3; II Jo.7; Jo.1:14). Assim, cremos que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, que era virgem quando Jesus foi concebido (Lc.1:34,35), não tendo, portanto, a natureza pecaminosa que herdamos de Adão (Rm.5:2), motivo pelo qual Jesus é chamado de “o último Adão” (I Co.15:45).

- Observemos que o nosso “cremos” diz que é matéria de nossa fé a “concepção virginal de Jesus” e não o seu “nascimento virginal”, que é um dos “dogmas marianos” da Igreja Romana, que afirma que Maria permaneceu virgem após o nascimento de Jesus, algo que não tem base bíblica, que diz que Maria não conheceu seu marido até que Jesus nasceu (Mt.1:25) e nos informa, ainda, que Maria teve outros filhos além de Jesus (Mt.13:55; Mc.6:3).

- Ainda na análise do item 3 de nosso “cremos”, vemos que também afirmamos nossa fé na morte de Jesus, entendendo que, ao morrer, ainda que sem pecado, Jesus assumiu o nosso lugar, pagando o preço dos nossos pecados, pois “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb.9:22). A morte de Jesus foi em nosso lugar e, por isso, podemos receber o favor divino imerecido da salvação, pois Jesus é a propiciação pelos pecados de todo o mundo (I Jo.2:2).

- Também no item 3 do nosso “cremos”, afirmamos nossa fé na ressurreição corporal de Jesus, que é a garantia de que Seu sacrifício foi aceito por Deus. Sem crermos na ressurreição corporal de Jesus, não temos como ter uma fé que tenha sentido (I Co.15:14). Não só Jesus ressuscitou, como subiu aos céus e está, agora assentado à mão direita do Pai (At.1:9; 7:56). Por isso, repudiamos todo e qualquer ensino que negue seja a morte de Jesus (como fazem os muçulmanos), seja a Sua ressurreição e ascensão (como fazem os espíritas).

- O item 4 de nosso “cremos” fala-nos a respeito de nossas crenças com relação ao homem. Como crentes pentecostais, reconhecemos que o homem é mau, perverso (Mt.7:11; 12:34; Lc.11:13) , embora tenha sido criado reto e bom (Gn.1:31; Ec.7:29).

- Ao se deixar dominar pelo pecado, o homem gerou uma natureza pecaminosa que o escraviza e da qual somente Jesus pode libertar (Jo.8:34-36). Só Jesus salva e não há outro meio pelo qual nos libertamos do pecado e entramos em contato com o Senhor.

- Por isso, não podemos aceitar, de forma alguma, todo o discurso, tão em voga nos dias atuais, de que o homem é essencialmente bom, de que é possível o progresso espiritual por esforços meramente humanos, que “todos os caminhos levam a Deus”. Tal pensamento é anticristão e é animado pelo “espírito do Anticristo” (I Jo.4:3) que, em breve, quando a Igreja for arrebatada, dominará por completo o cenário da humanidade. Tomemos cuidado com isso, amados irmãos!

- Uma outra consequência do item 4 de nosso “cremos” é a de que não cabe qualquer discurso a respeito da salvação pelo próprio homem. Teorias de “evolução espiritual” devem ser totalmente rechaçadas. Toda e qualquer doutrina que ensine que o homem, de alguma forma, por seus próprios esforços e meios, pode alcançar um melhor estado espiritual não pode ser aceita. Assim, devemos repudiar, entre outras, a “doutrina da reencarnação” e a visão a respeito do assunto que tem a Maçonaria.

- O item 5 do nosso “cremos” é a consequência lógica do item anterior. Para que o homem seja digno do reino dos céus é necessário que nasça de novo. Foi o ensino que Jesus deu ao príncipe Nicodemos (Jo.3:3,5). É preciso nascer de novo, tornar-se uma nova criatura mediante a fé em Jesus como Senhor e Salvador, fé esta que não nasce de nós mesmos, mas que é resultado da pregação da Palavra de Deus (Rm.10:17) e do convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8-11). Quando ouvimos, cremos na Palavra, mediante o convencimento do Espírito Santo, passamos a ver o reino de Deus (Jo.3:3).

- Depois que ouvimos, cremos na Palavra e somos convencidos pelo Espírito Santo, precisamos diariamente permanecer neste estado, “nascendo da água e do Espírito” e, desta maneira, poderemos, ao fim da jornada, entrarmos no reino de Deus (Jo.3:5). É por isso que, em nosso “cremos”, se fala em novo nascimento pelo “poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus”. Somente assim seremos achados dignos de entrar no reino dos céus.

- Por isso, no item 6 de nosso “cremos”, afirma-se que a salvação é presente, ou seja, depende de nossa continuidade no estado em que fomos postos quando entregamos nossas almas ao Senhor Jesus. Repudiamos, pois, o ensino de que “uma vez salvo, salvo para sempre”.

- Mas além de presente, a salvação também é perfeita. O sacrifício de Jesus é suficiente para realizar o perdão dos nossos pecados e nos dar uma eterna justificação da alma. Quem é salvo, é salvo de verdade, não depende de qualquer outra providência para garantir a salvação, a não ser a manutenção no estado em que foi posto pelo fato de ter entregado sua alma a Cristo. Por isso, não podemos aceitar, em absoluto, doutrinas como da “maldição hereditária” ou da “quebra de maldições”, pois, quem está em Cristo, nova criatura é (II Co.5:17).

- De igual modo, não podemos, de forma alguma, aceitar que, mesmo após a morte da pessoa, existam meios pelos quais se alcance o perdão dos pecados. A salvação é presente e perfeita. Assim, quem morrer em pecado, estará irremediavelmente perdido, não havendo mais como se salvar (Ez.18:4,20). Não há lugar para “atalhos”, como a “doutrina do purgatório” ou a “doutrina da reencarnação”.

- O item 7 de nosso “cremos” diz respeito ao batismo nas águas conforme as Escrituras. Por primeiro, entendemos que o batismo é uma das ordenanças deixadas pelo Senhor Jesus. O batismo é uma necessidade, pois se trata de um ato mandado por Jesus. Quem não se batiza nas águas está a desobedecer ao Senhor Jesus e, como tal, não pode ser considerado um verdadeiro cristão.

- O batismo conforme a Bíblia Sagrada é o batismo por imersão, ou seja, todo o corpo deve ser submergido em água, pois, caso contrário, não teremos a exigência escriturística e a correta figura do “sepultamento” para o mundo e a ressurreição com Jesus (Rm.6:4). O que se exige é a imersão e nada mais. Repudiamos todo ensino que exija que as águas sejam correntes, como eram as do rio Jordão, até porque o batismo cristão não é o batismo de João (At.19:3-5). Na Bíblia, mesmo, temos um exemplo que é de um batismo sem águas correntes, visto que na estrada de Gaza não havia rios (At.8:38,39).
OBS: Deve-se, pois, tomar-se muito cuidado com os ensinos de outras denominações que exigem o “rebatismo” para os assembleianos porque não se fez batismo “em água corrente”, como costuma ser ensinado pela Igreja Pentecostal Deus é Amor.

- O batismo é, além do mais, único. É um gesto em que dizemos que morremos para o mundo e ressuscitamos com o Senhor, declaração séria que nos fala da salvação, que é única. Assim, não se pode, de forma alguma, sob pena de se cometer sacrilégio, batizar-se uma segunda vez, pois isto seria banalizar o sacrifício de Cristo (Hb.10:29).

- Além do mais, ainda com relação ao item 7, devemos observar que a fórmula batismal é a constante das Escrituras, ou seja, “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt.28:19). A expressão “batismo em nome do Senhor Jesus” significa “segundo a autoridade de Jesus”, “conforme a ordem de Jesus”, não sendo uma fórmula de batismo, portanto.

- Este foi um dos pontos que motivou a elaboração de um credo pelas Assembleias de Deus norte-americanas pois, com base numa equivocada interpretação da expressão “batismo em nome de Jesus”, surgiram movimentos que negavam a Trindade, o chamado movimento “Só Jesus” que deu nascimento aos chamados “modalistas”, como o “Tabernáculo da Fé” e, recentemente, “A Voz da Verdade”.

- Diante desta controvérsia, o Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos decidiram em 1916 o seguinte: “…Uma vez que as palavras em Mt.28:19 e as palavras em At.2:38 são ambas inspiradas por Deus, nós, por isso, desaprovamos a contenda de alguns para exclusão de um texto ou contra o outro, porque a confusão e um espírito faccioso certamente geram uma conduta antibíblica. Este Concílio, por conseguinte, recomenda que todos os pregadores incluam em sua fórmula que usam no ato do batismo as palavras usadas por Jesus em Mt.28:19” (RESOLUTION on Baptismal Formula. In: Minutes of the General Council of Assemblies of God in the United States, Canadá and Foreign Lands, p.8. Disponível em: http://ifphc.org/DigitalPublications/USA/Assemblies%20of%20God%20USA/Minutes%20General%20Council/Unregistered/1916/FPHC/1916.pdf Acesso em 08 abr. 2011) (tradução nossa de texto em inglês).
OBS: Neste sentido, com devido respeito a entendimentos contrários, entendemos ser perfeitamente válido o batismo realizado pela Congregação Cristã no Brasil, pois a mesma atende à exigência do uso da fórmula de Mt.28:19, sendo, ademais, um batismo por imersão. O fato de eles não aceitarem nosso batismo não significa que não devamos aceitar o deles.

- O item 8 de nosso “cremos” é resultado de outra controvérsia surgida no movimento pentecostal, a respeito da “santidade” e da “santificação”. Ao contrário dos “movimentos de santidade”, os crentes pentecostais entendem que a santificação advém ao homem desde o instante da conversão. Não se trata de uma experiência distinta da conversão e, também, do batismo com o Espírito Santo. A partir do momento que nos convertemos, somos santificados (Jo.17:19; I Co.6:11; Hb.2:11; 10:14).

- No entanto, como a salvação é um processo, a santificação operada em nossa conversão tem de ser mantida e ampliada dia após dia, é a chamada “santificação progressiva”, que não precisa ser completada antes do batismo com o Espírito Santo. É um processo contínuo que deve ser mantido até o término de nossa vida sobre a face da Terra ou no dia do arrebatamento da Igreja (Rm.6:22; I Ts.4:3,4; I Tm.2:15; Hb.12:14).

- Por isso, o nosso “cremos” diz que obtemos a vida santa pelo sacrifício de Cristo Jesus, mas que esta santificação depende, para se manter até o dia de irmos para a eternidade, do “poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo que nos capacitar a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo”.

- Esta questão da santificação gerou, inclusive, uma revisão no credo das Assembleias de Deus dos Estados Unidos que, em 1961, alterou o item 9 de seu credo, que passou a ter a seguinte redação: “ A santificação é ‘um ato de separação daquilo que é mau e a dedicação para Deus’. Ela ocorre quando o crente se identifica com e tem a fé em Cristo, em Sua morte e ressurreição. Ela é entendida como sendo um processo no qual se requer a continua entrega para o Espírito Santo.”

- Isto é importante porque o batismo com o Espírito Santo não é uma experiência que demonstre que o crente que o recebe já está inteiramente santificado, como entende o “movimento da santidade”, mas, apesar do revestimento do poder e da posse dos dons espirituais, o crente precisa se santificar diariamente, sem o que não verá o Senhor, pois muitos que receberam o dom do Espírito Santo e os dons espirituais, que se descuidarem da santificação, não verão o Senhor (Mt.7:21-23).

- No item 9 de nosso “cremos”, temos o que os assembleianos norte-americanos consideram como um dos “quatro fundamentos cardeais” do credo, ou seja, o batismo com o Espírito Santo. Como crentes pentecostais, cremos que o batismo com o Espírito Santo é uma realidade para os nossos dias e que a evidência inicial do batismo, o sinal do batismo é o “falar em línguas estranhas”.

- Já há pessoas em nosso meio defendendo outros “sinais” para o batismo com o Espírito Santo, ensinamentos que devem ser repudiados, pois o único sinal bíblico para a confirmação do batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas estranhas. Não nos deixemos enganar por estes “inovadores”, que estão a falsificar a verdade bíblica.

- O item 10 do nosso “cremos” traz a nossa crença na atualidade dos dons espirituais. Assim como o batismo com o Espírito Santo é uma realidade para os nossos dias, de igual maneira os dons espirituais também o são. Lamentavelmente, são poucos os crentes que se dizem pentecostais que mostram crer neste item. Por quê? Porque são pouquíssimos os crentes que estão a “buscar com zelo” os dons espirituais (I Co.14:1). Muito das anomalias que estão a ingressar em nossas igrejas locais resulta desta negligência de buscarmos seja o batismo com o Espírito Santo, seja os dons espirituais, algo que acontece no período em que a transmissão do poder de Deus se faz mais necessário do que nunca, diante da multiplicação da iniquidade (Mt.24:12) e da iminência do arrebatamento da Igreja. Acordemos enquanto é tempo!

- Inexplicavelmente, nosso “cremos”, ao contrário do das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, não contém um item específico sobre a cura divina, que é considerada entre os norte-americanos um dos “fundamentos cardeais” de sua declaração de fé. Este fato, contudo, não nos permite dizer que não cremos na cura divina. Como já diziam nossos pioneiros: “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará”. Talvez esta falha em nosso “cremos” (e temos aí a prova de que um credo é apenas um resumo da verdade bíblica e não a substitui) tenha sido determinante para o surgimento, entre nós, de outros movimentos que, aproveitando-se desta omissão, quiseram se notabilizar perante a sociedade brasileira pela ênfase na cura divina. De qualquer modo, embora não conste de nosso “cremos”, como crentes pentecostais devemos crer na cura divina, pois, como bem diz o item 12 da “Declaração das Verdades Fundamentais do Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, Canadá e Nações Estrangeiras”: “A cura divina dos doentes é provida pela expiação”, ou seja, a morte de Cristo no Calvário tanto nos concede o perdão dos nossos pecados, como também a cura de nossas enfermidades (Sl.103:3; Is.53:4,5; At.3:16).

- O item 11 do nosso “cremos” inicia a “parte escatológica”, que contém quatro itens, a mostrar a importância que o crente pentecostal deve dar para a “doutrina das últimas coisas”, uma vez que a sua esperança deve ser a vida eterna com Cristo. A falta de menção desta doutrina em nossos púlpitos, na atualidade, é um fator preocupante e que mostra como estamos distantes do fervor dos pioneiros…

- O item 11 confirma que o movimento pentecostal adota a linha premilenista dispensacionalista, i.e., crê que Jesus voltará para arrebatar a Sua Igreja e que, sete anos depois, quando se completar a “septuagésima semana de Daniel” (Dn.9:24-27), voltará para redimir Israel e estabelecer o Seu reino milenial sobre toda a Terra.

- Na atualidade, já há muitos “ensinadores” em nosso meio que adotam outros entendimentos, dizendo que a Igreja passará pela “Grande Tribulação” (que é a septuagésima semana de Daniel) ou, pelo menos, na primeira parte do período, sem falar naqueles que já chegam a negar o próprio reino milenial de Cristo.

- Salientemos que nossos pioneiros, quando acolheram este ensino, fizeram-no pela fé nas Escrituras, num tempo em que Israel era apenas uma nação sem terra e sem qualquer perspectiva de retornar a ser um país no mundo. Em 1948, porém, numa demonstração inequívoca de que a linha premilenista dispensacionalista é a que traz a verdade bíblica, Israel ressurgiu dentre as nações e, portanto, não vemos como, agora, depois desta demonstração, alguns dos nossos queiram adotar linhas que foram cabalmente desacreditadas. Tomemos cuidado, amados irmãos!

- O item 12 de nosso “cremos” fala-nos a respeito do Tribunal de Cristo, onde os crentes serão julgados pelas obras que fizeram por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm.14:10; II Co.5:10). Ao lado da alegria da salvação e do amor pelas almas perdidas, este é um ponto doutrinário que nos incentiva e estimula a trabalharmos para o Senhor enquanto estivermos nesta Terra. Foi, indubitavelmente, um dos aspectos incentivadores do poeta sacro, o missionário sueco Simon Lundgren (1898-1990), um dos pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil, na elaboração do hino 16 de nossa Harpa Cristã. Lamentavelmente, pouco se fala sobre este tema na atualidade em nossas igrejas locais, o que muito contribui para a letargia que vivemos em termos de evangelização. Acordemos enquanto é tempo!

- O item 13 de nosso “cremos” fala do “juízo final”, também conhecido como “juízo do Trono Branco”. Neste juízo, do qual os crentes não participarão pois já terão sido salvos e julgados, só em relação às obras mas não em termos de salvação, no Tribunal de Cristo, haverá recompensa para os fiéis e condenação para os infiéis. É importante observar que, ao contrário de alguns ensinamentos em nosso meio, não cremos que todos serão condenados no juízo final.

- O item 14 do “nosso cremos”, por fim, fala do “estado eterno”, onde haverá “vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis” e “tormento e tristeza para os infiéis”. Em virtude disso, não podemos, de forma alguma, aceitar seja o argumento de que “todos serão salvos no final dos tempos” (ensino conhecido como “universalismo”), nem tampouco dizer que os que forem infiéis serão destruídos (ensino conhecido como “aniquilacionismo”). O padecimento eterno é uma realidade e, embora não devamos pregar o medo e o pavor para as pessoas, pois ninguém irá ao céu por medo do inferno, não podemos deixar de pregar esta realidade que, infelizmente, em busca de “simpatia” e “popularidade”, muitos têm omitido.

- É este, pois, o resumo de nossa fé. Será que temos sido crentes assembleianos genuínos e autênticos?

Caramuru Afonso Francisco

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