sábado, 10 de abril de 2010

O Papa, a pedofilia e o “espírito do Anticristo”




Nos últimos dias, temos verificado uma onda midiática com relação a casos de pedofilia que estão a abalar a Igreja Católica Apostólica Romana.

Não é de hoje que aparecem casos e escândalos a envolver abusos sexuais de clérigos e pessoas vinculadas à Igreja Romana, mas, após uma série de investigações ocorridas principalmente na Irlanda, um dos principais países católicos da Europa (que, não coincidentemente, foi um dos principais focos de resistência para a implementação da atual configuração da União Europeia) , bem como a notícia de casos na Alemanha, terra natal do Papa Bento XVI, iniciou-se uma série de reportagens e matérias dos principais órgãos da imprensa a respeito do assunto, que encontraram seu ápice no jornal norte-americano “The New York Times” (um dos expoentes do “pensamento liberal” americano), que levavam ao comprometimento do atual Papa, seja enquanto arcebispo de Munique, seja enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (cargo que exerceu durante o pontificado de João Paulo II), com supostos “abafamentos” de casos de pedofilia praticada por sacerdotes e religiosos católicos romanos.

Evidentemente, devemos abominar todo e qualquer caso de pedofilia que venha a ser anunciado e descoberto na sociedade, pois tal comportamento é das mais afrontosas que existem com relação à dignidade da pessoa humana. A proliferação da ocorrência de abusos sexuais contra crianças e adolescentes é medida que reflete o quanto tem aumentado a iniquidade no mundo, prova de que vivemos nitidamente o “princípio das dores” (Mt.24:8), período imediatamente anterior ao arrebatamento da Igreja e ao término da dispensação da graça.

As Escrituras são enfáticas ao mostrar que, nestes tempos trabalhosos (II Tm.3:1-5), vicejariam o egoísmo, a falta de amor pela família, a incontinência e o amor pelos prazeres, valores que, ao serem cultuados e seguidos, levam, entre outras coisas, à chamada “liberação sexual”, que tem na pedofilia uma de suas manifestações consequentes .

A partir do instante que se abandona o modelo bíblico da sexualidade, que é o da prática do sexo somente entre homem e mulher no casamento com exclusividade entre os cônjuges, temos a permissividade que permite que se tenham comportamentos bizarros e aviltantes, dos quais a pedofilia é apenas uma de suas faces, como demonstram, por exemplo, a civilização greco-romana.

É interessante observar que os mesmos segmentos que estão a atacar sem dó nem piedade a Igreja Romana e, em especial, o Papa Bento XVI, são os mesmos que defendem abertamente o homossexualismo, que fazem vistas grossas à “indústria do sexo” e que lutam pela liberação do aborto, condutas que não são menos danosas que a pedofilia e que, ao contrário, são fatores que muito contribuem para que a pedofilia ocorra.

Com efeito, o número de casos de homossexualismo nas ocorrências de pedofilia é bem maior que a porcentagem de homossexuais que se crê existir no mundo, como também é inegável, pesquisas científicas estão a confirmar, que a disseminação da pornografia é um dos elementos que mais propiciam a formação de mentes voltadas à perversão sexual, dos quais a pedofilia é uma das formas de manifestação. Não é coincidência que a internet, a grande propagadora da pornografia em nossos dias, seja o ambiente das principais redes de pedofilia que se têm construído em todo o mundo.

O aborto, ademais, ao ser facilitado e permitido, faz com que cresça grandemente a irresponsabilidade e a ousadia dos acometidos de sentimentos perversos, o que, também, incentiva e estimula práticas como a pedofilia.

Dir-se-á que tais segmentos, por não estarem comprometidos com os chamados valores judaico-cristãos, não são obrigados, como a Igreja Romana, que assim se declara, a coibir tais práticas com exemplaridade e que, portanto, não se pode comparar a conduta de tais setores da sociedade com o da Igreja Romana, que, sob este aspecto, pode e deve ser criticada e atacada.

Não resta dúvida de que se exige coerência por parte da Igreja Romana, a última instituição de nível global a defender os valores escriturísticos da sexualidade e que, se apanhada em leniência quanto ao tratamento de tais questões dentro de sua estrutura, deve ser cobrada e duramente criticada por eventual negação da piedade que se diz professar, ainda que, saibamos, esta incoerência entre a aparência e a realidade seja, também ela, um dos sinais dos tempos difíceis em que estamos a viver (II Tm.3:5).

Todavia, também não se pode negar que, ao mesmo tempo em que uma incoerência entre o discurso e a prática no tratamento de tais casos seja manifestação de hipocrisia por parte do romanismo, também temos a mesma hipocrisia por parte dos que atacam tal conduta, pois eles não deixam de ser incoerentes, na medida em que dizem combater a pedofilia e se condoer pelas vítimas, no que a Igreja Romana seria insensível, quando, ao mesmo tempo, defendem os fatores que contribuem diretamente para que existam tais vítimas na medida em que há estímulo e incentivo à promiscuidade.

Temos aqui uma hipótese típica em que incide o famoso provérbio popular, em que “o roto está falando do rasgado”.

A Igreja Romana, reconheçamos, tem admitido os erros ocorridos, muitos deles acontecidos há décadas passadas, em que as circunstâncias eram bem outras e onde a própria sociedade não via a pedofilia ou os abusos sexuais da maneira como o tema tem sido tratado ultimamente, tendo mudado a sua orientação inicial de “abafamento” de forma a permitir não só a reparação das vítimas, como também a apuração dos fatos que ainda podem ser punidos pela Justiça.

A recente carta pastoral que o Papa Bento XVI encaminhou à Igreja Católica da Irlanda mostra-nos precisamente esta disposição por parte do Vaticano, de quem, entretanto, não se pode esperar seja a mudança doutrinária, seja o desmantelamento da instituição.

Todavia, o que se percebe é que os ataques à Igreja Romana e ao Papa não se contentam com tais medidas, porque seu objetivo não é nem a reparação das vítimas nem que se faça justiça nos casos em que a autoridade civil ainda pode agir.

O que estão tais movimentos a desejar é que haja a completa desmoralização e a perda da credibilidade da Igreja Romana, que, quer queiramos, quer não, é a última instituição global que ainda está a trazer resistência aos valores anticristãos que estão a dominar o mundo.

Após terem conquistado o governo norte-americano com a eleição de Barack Obama, tais valores anticristãos precisam, e estão a conseguir, abalar e desmantelar a Igreja Romana, a última instituição a defender a dignidade da vida humana nos moldes bíblicos em nível mundial.

Já é sabido que o Papa Bento XVI, desde a sua eleição, passa por momentos de isolamento e de crescente oposição interna. Sua eleição reflete, aliás, a fraqueza do movimento conservador doutrinário que triunfara com João Paulo II em 1978.

Não são poucos os que defendem uma “atualização” da Igreja Romana, com a “flexibilização” de seus valores ante os “novos tempos”. A profusão de escândalos da pedofilia aparece, assim, como a “pá de cal” neste processo de sepultamento desta linha de pensamento imprimida à Igreja Romana a partir da eleição de João Paulo II e que estancou o desenvolvimento de uma linha mais assimiladora dos valores mundanos que se esboçara a partir do Concílio Vaticano II.

O desgaste sofrido por Bento XVI é inegável e irreversível. Sua idade avançada, que indica um curto pontificado, mostra-nos que não demorará para que “novas cabeças” cheguem à cúpula do Vaticano e, com elas, um comprometimento final com os valores do “espírito do Anticristo”, como aliás admitiu o teólogo e arcebispo emérito de Bologna, cardeal Giacomo Biffi, em seu livro “Pinocchio, Peppone, o Anticristo e outras divagações”, publicado em 2005 e que foi o tema das pregações deste cardeal nos exercícios espirituais do Vaticano em 2007.

Temos aí mais um evidente sinal de que “o círculo está se fechando” e que ingressaremos numa época de confluência das ideias religiosas sem as Escrituras, sem referência a Cristo Jesus, ideias religiosas que serão pautadas pela supervalorização do homem, pela permissividade e pelo relativismo, que Bento XVI tanto tem combatido desde sua eleição.

Os segmentos que atacam a Igreja Romana e o Papa não estão interessados em uma remoção da hipocrisia religiosa, mas, sim, na remoção dos próprios valores que têm sido defendidos pelo romanismo e que se constituem na única voz global contra tudo o que tem sido alardeado pelo “espírito do Anticristo” em todo o mundo.

Pretende-se calar o discurso contra o relativismo moral, contra o aborto, contra o sexo fora do casamento, contra o homossexualismo. A partir do descrédito que se lança sobre a Igreja Romana e sobre o seu principal representante, o Papa, está-se a mostrar que o é pregado pelo romanismo, nesta matéria, é igual indigno de crédito e de acolhida.

Ao mesmo tempo em que reclamam que o Papa não tratou os casos dos clérigos envolvidos em abusos sexuais, “abafando-os”, estes mesmos movimentos defendem abertamente a adoção de crianças por casais homossexuais, quando se sabe que boa parte destas adoções têm, como finalidade, as perversões sexuais dos integrantes desta união, casos cuja apuração é extremamente dificultada por estes movimentos, que também buscam “abafar “ estes casos, assim como acusam o Papado.

Ao mesmo tempo em que reclamam que o Papa deve rever o celibato dos padres (medida que não é bíblica e que, por isso mesmo, é um dos fatores que permitiram tais desvios na Igreja Romana), são os mesmos que aviltam a figura do casamento, ao lutar pela legalização das “uniões homoafetivas” e a defender a “liberação sexual”, com o incentivo do “sexo livre”, que é, também, um dos fatores que muito contribuem para a proliferação da pedofilia (em 2009, por exemplo, houve, como evidente provocação, distribuição de “camisinhas” na França com a foto do Papa, quando, em viagem à África, Bento XVI criticou a forma como se tem combatido a aids…).

Estamos a assistir à demolição da última resistência aos valores anticristãos, à derrocada da última trincheira global contra o predomínio do “espírito do Anticristo”. Nós, como salvos em Cristo, estamos preparados para o arrebatamento da Igreja? Pense nisto!

* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – Belenzinho/São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical.

Um comentário:

JOÃO JOAQUIM MARTINS disse...
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