quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

LIÇÕES BIBLICAS SEGUNDO TRIMESTRE 2011


TEMA:MOVIMENTO PENTECOSTAL AS DOUTRINAS DA NOSSA FÉ

COMENTARISTA:Pr.ELIENAI CABRAL

01 – QUEM É O ESPIRITO SANTO
02 – NOME, SIMBOLO, DO ESPIRITO SANTO
03 – O QUE É O BATISMO NO ESPIRITO SANTO
04 – ESPIRITO SANTO AGENTE CAPACITADOR DA OBRA DEUS
05 – A IMPORTÂNCIA DOS DONS ESPIRITUAIS
06 – DONS ESPIRITUAIS QUE MANIFESTAM A SABEDORIA DE DEUS
07 – OS DONS DE PODER
08 – O GENUINO CULTO PENTECOSTAL
09 – A PUREZA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
10 – ASSEMBLÉIA DE DEUS, CEM ANOS DE PENTECOSTE
COMENTARISTA DESSA LIÇÃO:- PR. ANTONIO GILBERTO E PR. ISAEL DE ARAUJO
11 – UMA IGREJA AUTENTICAMENTE PENTECOSTAL
12 – CONSERVANDO A PUREZA DA DOUTRINA PENTECOSTAL
13 – AVIVA O SENHOR A TUA OBRA.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

SINAIS DO PERFUME DO JASMIM



2011 iniciou, na política internacional, com uma série de movimentos populares em diversos países árabes e/ou muçulmanos do Oriente Médio e Norte da África demonstrando a fadiga das ditaduras secularistas que, há décadas, governam estes países.

Tudo começou na Tunísia, onde uma onda de protestos eclodiu a partir da autoimolação de Muhammad Bouaziz, um jovem que, apesar de graduado em curso superior, não conseguia encontrar um trabalho regular e foi privado, por parte das autoridades, do seu magro sustento, vendendo verduras. Ele colocou fogo em seu próprio corpo em 17 de dezembro de 2010 e acabou incendiando o país, que já estava farto do governo do presidente Zine El Abidine Ben Ali, que já durava 23 anos e cuja família, principalmente a de sua mulher, praticamente controlava todos os negócios rentáveis do país.

Com a queda do presidente da Tunísia, que fugiu do país em 14 de janeiro de 2011, após uma onda de protestos populares, que ficou conhecida como “Revolução do Jasmim” (o jasmim é a flor nacional da Tunísia), uma série de protestos similares eclodiram em diversos países árabes, onde também há regimes autoritários longevos e seculares, como na Argélia, Egito, Iêmen e Jordânia.

Em meio aos protestos da Tunísia, o governo do Líbano, que era dirigido por Saad Hariri, também mudou de mãos, diante de uma manobra política liderada pelo movimento Hizbollah, que passou a controlar o novo governo.

Todos estes movimentos demonstraram que há uma insatisfação crescente nas populações destes países contra estes regimes autoritários, que cerceiam a liberdade política e que não têm conseguido melhorar as condições sócio-econômicas, pois, em regra, são países extremamente pobres, com enormes desníveis sociais, em que uma elite controla a política e a economia, sendo, todos estes países, fortemente sustentados pelos Estados Unidos, uma vez que são regimes políticos que, apesar de muçulmanos, não adotam e são contrários ao fundamentalismo radical.

A persistente pobreza e desigualdade social nestes países, agravada sobremaneira com a crise econômico-financeira que assolam Estados Unidos e Europa desde 2008, o que fez reduzir as oportunidades não só destes países no mercado internacional, mas também a vida dos imigrantes que encaminhavam recursos para seus familiares nestes países (principalmente nos países do Norte da África), fizeram com que o quadro político se deteriorasse rapidamente, ainda mais quando não se tem, no sistema político, quaisquer válvulas que permitam uma mudança que não seja mediante a rebelião contra as instituições.

Como se não bastasse isso, o clima de pobreza e desigualdade persistentes tornam ainda mais sedutoras as teses defendidas pelos fundamentalistas islâmicos, que, governos ou não, são grandes investidores na sustentação das comunidades islâmicas e, no caso principalmente de Argélia e Egito, as principais forças políticas de oposição.

Assim, diante da queda de um dos governos considerados mais estáveis da região, como foi o da Tunísia, não foi surpreendente o “pipocar” de movimentos similares nestes diversos países, notadamente no Egito, que é o mais importante de todos eles.

Não se pode, também, esquecer que, diante da crise econômico-financeira e da própria retórica trazida pelo governo Obama nos Estados Unidos, também houve uma sensível redução do “poder de fogo” dos Estados Unidos, que sustentam estes regimes, a criar ainda mais ardor entre os que desejam a queda de tais regimes.

O fato é que, após a queda do regime secular de Saddam Hussein no Iraque e a vitória de um partido islâmico na Turquia, nunca a vertente secularista (ou seja, aquela que, sem renegar a religião muçulmana, procura manter o Estado laico, criar uma vida social desvinculada dos preceitos do Corão) esteve tão agonizante no mundo árabe como agora.

Este quadro mostra-nos, claramente, que estamos vivendo um momento de profundas transformações na configuração política do Oriente Médio e, para os que conhecem as Escrituras, o fechamento de um quadro que nos permite vislumbrar a iminência de um “estado de guerra” que é descrito nos capítulos 38 e 39 do livro de Ezequiel.

Com efeitos, estes governos autoritários seculares, pró-americanos que, se não estão em paz com Israel (como é o caso do Egito), pelo menos não são favoráveis ao confronto com o Estado judeu, até porque são adversários daqueles que defendem que “Israel seja lançado ao mar”, como é o caso da Irmandade Muçulmana no Egito (que é a “mãe ideológica” desta ideia e que deu origem, entre outros movimentos, ao Hamas, na Palestina), em sendo substituídos, sê-lo-ão por governos que, ou serão diretamente controlados pelos fundamentalistas islâmicos ou, ainda que sejam dirigidos por pessoas moderadas, terão, mais cedo ou mais tarde, de ceder aos fundamentalistas islâmicos ou a suas teses, até porque nada indica que as profundas crises sócio-econômicas serão debeladas por estes novos governos que, diante da impaciência natural da população, terão de recorrer ao velho expediente do “bode expiatório” e Israel é, evidentemente, o candidato a assumir uma tal posição.

A queda do governo do Egito representará, para Israel, a perda do principal aliado do mundo árabe. Como as relações com a Turquia já estão profundamente deterioradas desde a subida ao poder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento em 2003, que defende o abandono do “kemalismo”, a ideologia que manteve o Estado turco dissociado da “sharia” (a lei islâmica) desde 1920, temos um quadro de profundo isolamento que, certamente, levará a uma nova guerra dos judeus contra os árabes.

A subida ao poder no Líbano do Hizbollah, que é um movimento que defende abertamente a destruição de Israel, complica ainda mais a situação, pois os confrontos com Israel aumentarão, havendo, também, o fato de que o Hamas, o movimento palestino que também defende a destruição de Israel e que governa a Faixa de Gaza, terá, doravante, a ajuda tanto do Líbano quanto de um novo governo egípcio, o que até aqui não ocorria.

O próprio governo da Autoridade Nacional Palestina, que administra a Cisjordânia, também, por questão de sobrevivência, terá de se aproximar do Hamas, pois o seu principal suporte, atualmente, tem sido os governos secularistas do Egito e da Jordânia.

A moderada Jordânia, com seu rei Abdullah II, também foi alvo de protestos e o rei, imediatamente, destituiu o governo e nomeou um novo primeiro-ministro, que deverá promover novas eleições, onde, certamente, os setores mais radicais terão maior influência. A Jordânia é outro país árabe que está em paz com Israel mas cuja disposição de não-enfrentamento sofrerá natural modificação.

Os países do Norte da África, os demais países árabes e a Turquia caminham, assim, para uma postura de enfrentamento com Israel, voltam a assumir como sua bandeira o sonho de “lançar Israel ao mar”.

Onde vemos isto no texto da Bíblia Sagrada? Nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel, onde, após a visão do vale dos ossos secos, que nos falam da restauração da nação israelita, temos a descrição de uma guerra em que Israel é atacado por um conjunto de nações, sob o comando de Gogue, o chefe de Meseque e Tubal, que se fará acompanhar de Togarma, Gômer, Pute, persas e etíopes (Ez.38:5,6).

Ora, conforme os estudiosos das Escrituras, Magogue (Ez.38:2), a terra de Meseque e Tubal, outra não é senão a Rússia; Pute, a região do Norte da África, em especial a Líbia; Togarma, a Turquia; persas, o Irã; os etíopes, a Etiópia, outro país do Norte da África e Gômer, identificada com a Alemanha (país em que a minoria turca é cada vez mais presente e influente) e que pode muito bem representar a União Europeia, que tem se envolvido cada vez mais nas negociações do Oriente Médio e de forma desfavorável a Israel.

Segundo texto de Ezequiel, estes países se unirão a outros, entre os quais Sebá e Dedã (Ez.38:13), povos apontados como sendo os árabes (mais precisamente a área da Jordânia, Iêmen e Arábia Saudita), querendo a destruição de Israel, com o objetivo de retirar-lhe a segurança de que hoje goza, mas serão fragorosamente derrotados, dando a Israel uma força internacional poderosa.

A “Revolução do Jasmim” mostra, claramente, o início do surgimento de um consenso entre os países do Oriente Médio contra Israel que não se via desde a Guerra dos Seis Dias, e ainda reforçado com um governo antipático a Israel tanto no Irã quanto na Turquia, países que estão muito dependentes da Rússia, que se ergue e precisa ter uma nova projeção no campo da política internacional.

O cenário está a mostrar que uma aliança contra Israel está em fase final de elaboração, em mais uma eloquente indicação que Jesus breve vem, não tarda muito para voltar e arrebatar a Sua Igreja, pois a vitória militar profetizada para Israel é o lastro que forçará o Anticristo, que será o outro grande emergente dentre as nações, a ter de firmar um pacto com Israel, que incluirá o ressurgimento do Templo e o consequente início da última semana de Daniel, fatos que somente poderão ocorrer após o término da dispensação da graça, do tempo da Igreja sobre a face da Terra.

Diante dos sinais trazidos pelo perfume do jasmim, estamos preparados para a volta do Senhor?


* Evangelista da Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede e colaborador do Portal Escola Dominical.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O CRESCIMENTO DA IGREJA PRIMITIVA


Atos mostra-nos o correto modelo de crescimento da Igreja.

Texto áureo
“E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.” (At.5:14).


INTRODUÇÃO

- Em complemento ao estudo deste trimestre sobre Atos, apresentaremos um sucinto estudo sobre o crescimento da igreja primitiva tal qual registrado naquele livro.

- O crescimento era uma marca da igreja primitiva e deve ser, também, característica da igreja atual, mas consoante o modelo bíblico contido no texto sagrado.

I – O CRESCIMENTO DA IGREJA EM JERUSALÉM

- Estamos a estudar o livro de Atos dos Apóstolos, que, como já temos visto, não é só o livro histórico do Novo Testamento, mas, também, o modelo, o manual a ser observado por todos os crentes, de todas as épocas, no desempenho da tarefa que o Senhor Jesus nos deixou até a Sua volta, qual seja, o de pregação do Evangelho a toda a criatura (Mc.16:15).

- Desta forma, não há como deixar de verificar que, no livro de Atos, temos o manual do Espírito Santo a respeito da estrutura e do comportamento da Igreja no cumprimento da “grande comissão”, modelo este que, por ser divino, não pode ser substituído nem distorcido por qualquer “visão humana”.

- Ao verificarmos o livro de Atos, chegamos à conclusão de que o crescimento é uma característica presente na igreja primitiva. Desde o dia de Pentecostes, quando, após a pregação de Pedro, quase três mil almas se converteram (At.2:41), como depois, o aumento do número de salvos para aproximadamente cinco mil, após o milagre da cura do coxo da porta Formosa do templo (At.4:4), nota-se que, por seguidas vezes, Lucas registra o crescimento como uma marca da igreja.

- Deste modo, não se pode negar que o crescimento é um elemento que deve constar dos objetivos e alvos de todos quantos estão a fazer a obra do Senhor, visto que o trabalho do Espírito Santo produz, sim, aumento do número de pessoas convertidas a Cristo Jesus, não havendo como se impedir que isto se verifique, pois se trata de um trabalhar divino, trabalho este que ninguém pode impedir (Is.43:13).

- Desde logo, pois, temos de reconhecer que todos quantos se empenham em criar recursos, estratégias, modelos e meios pelos quais se possa fazer crescer a obra de Deus têm uma motivação bíblica genuína, visto que as Escrituras são claras a mostrar que a obra de Deus foi feita para crescer. O próprio Jesus ensinou que o reino de Deus é semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta, que cresce e se torna grande árvore e em seus ramos se aninharam as aves dos céus ou semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou (Lc.13:18-21).

- No entanto, nos últimos tempos, muitas ideias, fórmulas, estratégias e “visões” têm invadido as igrejas locais, numa verdadeira “síndrome de crescimento”, criando mesmo o que se denominou de “movimentos de crescimentos de igrejas”, que grandes transtornos têm causado ao povo de Deus e que, em muitos casos, são verdadeiras operações satânicas preparatórias para o surgimento do Anticristo e para o estabelecimento de uma “cunha” que leve muitos que cristãos se dizem ser, por meio destes “modelos” e “visões”, a engrossar as fileiras da igreja apóstata que acolherá a besta.

- Torna-se, pois, imperioso que, no momento em que estamos a estudar o livro de Atos, precisamente no ano do centenário das Assembleias de Deus no Brasil, vejamos o que a Bíblia tem a nos dizer sobre o crescimento da igreja, para que não venhamos a ser enganados por falsificadores da Palavra de Deus.

- No livro de Atos, na Versão Almeida Revista e Corrigida, há pelo menos cinco referências a respeito do crescimento da Igreja, a saber: 2:47; 5:14; 6:7; 9:31; 12:24; 19:20. Vejamos cada uma das referências para, do texto sagrado, podermos extrair o que significa crescimento.

- Em At.2:47, na primeira referência do livro ao crescimento da Igreja, na descrição que Lucas faz da igreja primitiva, vemos que o crescimento é o resultado da perseverança na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At.2:42). O crescimento apresenta-se como consequência de uma vida espiritual. A igreja crescia porque servia a Deus. O crescimento, portanto, é uma demonstração visível de uma realidade invisível, qual seja, o da salvação por meio do Evangelho de Cristo Jesus.

- Este crescimento dava-se, segundo o texto sagrado, pelo “acréscimo do Senhor à igreja daqueles que se haviam de salvar”. Vemos, aqui, logo no limiar da menção do crescimento da Igreja, que se trata de uma obra divina, de algo feito pelo Senhor e não, pelo homem. Isto é importantíssimo, pois, se o crescimento da Igreja é obra do Senhor, não há como o homem querer criar mecanismos que, por si sós, tragam crescimento à Igreja.

- Uma das mais nefandas características malévolas dos atuais “movimentos de crescimentos de Igreja” é, precisamente, o fato de se aplicarem, para que haja crescimento na Igreja, métodos, técnicas e estratégias criadas e desenvolvidas por homens, métodos que, no mais das vezes, nada mais são do que transferência para a órbita eclesiástica de teorias e mecanismos criados na “ciência da administração”, quase sempre de “administração de empresas”. A Igreja passa a ser considerada como uma empresa, como uma mera organização humana. É, por isso, aliás, que estes “movimentos de crescimentos de igrejas” se constituem, no mais das vezes, em ardilosa empreitada satânica, visto que estão inseridas no espírito de divinização do homem, de independência de Deus que caracteriza este “princípio de dores” que anuncia o término da dispensação da graça.
OBS: Confessadamente, um dos movimentos que mais influenciam as estratégias de crescimentos de igrejas atualmente, a chamada “Rede de Liderança” de Bob Buford é inspirada na teoria de administração de Peter Ferdinand Drucker (1909-2005), considerado o “pai da administração moderna”, que via a administração como “o tratamento das pessoas nas organizações”.

- Jesus, ao falar sobre o crescimento do reino de Deus, fez, como já vimos, duas comparações que bem mostram que o crescimento depende do Senhor. Por primeiro, disse que o reino de Deus é como o grão de mostarda, i.e., o crescimento, embora seja possível somente após a semeadura, não pode, em absoluto, dar-se por vontade do dono da horta, depende de fatores que estão única e exclusivamente sob o controle divino, como as chuvas. O dono da horta deve ser cuidadoso, cuidar da terra, evitar disseminação de pragas, mas não pode controlar os fatores indispensáveis ao nascimento e crescimento da mostarda.

- Por segundo, o Senhor Jesus comparou o reino de Deus a três medidas de fermento que, postas na farinha, levedam toda a massa. O levedo é promovido por reações químicas que independem da vontade da mulher que pôs o fermento na massa. Ela teve de introduzir o fermento na massa, massa que ela também preparou, mas o levedo provocado pelo fermento não está sob controle da mulher.

- Além de o texto indicar que o crescimento é obra do Senhor, também nos mostra que a Igreja cresce através do número de “salvos”, ou seja, “daqueles que se haviam de salvar”, um texto que é, em tudo coerente, com a narrativa das primeiras conversões, quando Lucas diz que se agregaram quase três mil almas que “foram batizadas de bom grado” visto que “receberam a Palavra” (At.2:41).

- As pessoas que se tornaram a Igreja eram aquelas que haviam recebido a palavra. Que palavra? A pregação feita por Pedro para que se arrependessem e fossem batizados em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados e recebessem o dom do Espírito Santo (At.2:38), que se salvassem daquela geração perversa (At.2:40). Pessoas que tinham sido compungidas em seus corações com a pregação do apóstolo (At.2:37).

- Para que se tenha crescimento da Igreja, portanto, faz-se necessário que se pregue a Palavra de Deus e que a Palavra seja recebida nos corações dos ouvintes, que sintam o poder da Palavra para compungirem seus corações. Compungir é “'picar em muitas partes; causar impressão desagradável, ferir, ofender”. No original grego, temos a palavra “katanusso” (κατανύσσω), que tem o significado de “picar, ferir, agitar veementemente, atingir fortemente a mente com sentimento de tristeza”.

- A Igreja cresce não com número de pessoas, mas, sim, com pessoas que sentem, por causa da Palavra de Deus, a “tristeza segundo Deus”, que opera o arrependimento (II Co.7:10), que as faz mudar de maneira de viver, a abandonar o modo de vida que tinham até então para passarem a querer obedecer a Cristo. Este é o crescimento que será mencionado em Atos dos Apóstolos, algo bem diferente do que é defendido por Peter Drucker, um dos “gurus” dos atuais “movimentos de crescimento de igrejas”: “…’Considere as megaigrejas que cresceram de forma tão rápida nos EUA desde os anos 1980 e são certamente o fenômeno mais importante na sociedade americana nos últimos trinta anos. Existem agora cerca de 20.000 dessas igrejas e, embora as denominações tradicionais tenham declinado continuamente, as megaigrejas cresceram muito. Isso aconteceu por que elas perguntaram: ‘O que é valor?’ para aqueles que não frequentavam igrejas e apresentaram as respostas que as antigas igrejas negligenciaram. Elas descobriram que o valor para um consumidor de serviços de igreja é muito diferente do que as igrejas tradicionalmente estavam fornecendo. O maior valor para os milhares que agora lotam as megaigrejas — tanto nos dias de semana quanto aos domingos — é a experiência espiritual, em vez de um ritual.’ [tradução do autor de entrevista dada por Peter Drucker à revista Forbes, observação nossa]. O Dr. Drucker admite que as grandes congregações estejam baseando suas mudanças naquilo que os não-frequentadores de igreja querem para então passarem a ir à igreja, em vez de pregarem a Palavra de Deus para aqueles que têm ouvidos e querem ouvir o que o Espírito de Deus diz às igrejas. Um sinal de uma ‘igreja do século 21’ é que ela está conformada com o mundo e, portanto, caminha na direção que os ‘não-frequentadores de igreja’ querem que ela siga. A razão por que essas igrejas estão experimentando um crescimento tão grande é que a congregação não está suportando a sã doutrina, mas seguindo suas próprias cobiças, está amontoando para si mestres, tendo comichão nos ouvidos e está se afastando da verdade e voltando-se para as fábulas. Essas pessoas querem experiências espirituais baseadas em relacionamentos e emoções humanas, em vez de um relacionamento amoroso com o Senhor Jesus Cristo, baseado em Seus fatos.…” (KLENCK, Robert. O que há de errado com a Igreja do século 21? Parte 3: como diaprax se manifesta na Igreja. Disponível em: http://www.espada.eti.br/klenck-3.asp Acesso em 28 dez. 2010).

- Quando se fala em crescimento da Igreja, portanto, não se fala em números, embora eles existam (Lucas fala das quase três mil almas que se converteram em Pentecoste e que subiram para quase cinco mil após a cura do coxo da porta Formosa), mas, sim, em salvação de almas. O crescimento era medido por um duplo critério: qualitativo-quantitativo. Não havia apenas crescimento numérico, mas crescimento numérico de salvos.

- Para que a igreja cresça, portanto, faz-se preciso que preguemos a Palavra de Deus, que preguemos o arrependimento dos pecados, pregação esta que seja precedida de uma vida de oração e de busca do poder de Deus. As Assembleias de Deus, cem anos depois da chegada dos missionários, é a maior denominação evangélica do Brasil não por causa de qualquer estratégia, visão ou mecanismo humanos (e nenhuma destas “visões” ou “mecanismos” tiveram tanto resultado como os dos avivamentos ao longo da história da Igreja), mas porque passou a pregar que “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu”, pregações estas precedidas de uma vida espiritual abundante na presença do Senhor. O atual declínio das Assembleias de Deus é resultado direto do abandono deste método que não é novo nem criado pelo avivamento pentecostal do século XX, mas que se encontra registrado em Atos dos Apóstolos.

- Em At.5:14, texto que adotamos como áureo deste estudo, é dito que “multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”. De pronto, vemos que o crescimento da Igreja não se subordina aos imperativos sociais. A salvação atingia tanto homens quanto mulheres, prova de que não havia qualquer discriminação na pregação do Evangelho. Ao contrário do que se procura atualmente incutir na mente de muitos, a Igreja não está submetida a qualquer discurso “politicamente correto” ou a qualquer convenção social.

- Por isso, a Igreja não precisa “agradar ao mundo” nem tampouco pode aceitar ingerências mundanas na sua forma de pregar a Palavra e de alcançar os perdidos. Cada vez mais o espírito do anticristo tem procurado fazer com que muitos que cristãos se dizem ser aceitem limites na atuação da Igreja, mas devemos pregar o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo e ninguém pode alterar este mandamento do Senhor Jesus. Nossa atitude tem de ser como a de Pedro diante do sinédrio: “mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At.5:29).

- Triste, porém, é vermos que muitos nem precisam ser convencidos pelo inimigo ou seus agentes para circunscrever a área de atuação de sua igreja local. Eles próprios já se autolimitam, deixando-se levar por preconceitos culturais e sociais que os impedem de atingir a todos os perdidos. Se não há pregação, não haverá salvação e, por conseguinte, não se terá crescimento (Rm.10:14,15). São muitos os que se encontram, atualmente, “excluídos” da pregação do Evangelho por parte de muitas igrejas locais que, por isso mesmo, não crescem. O crescimento da Igreja exige que a pregação alcance a todos.
OBS: Devemos, pois, tomar cuidado, também, com as simplificações ou segmentações que se fazem, dentro de certos modelos de crescimentos de igrejas, em que se pretende criar o “alvo ideal” da pregação do Evangelho. Todas as atividades da igreja local são, então, planejados para este “alvo ideal”, um verdadeiro “consumidor” a ser conquistado, não uma alma a ser ganha para o reino dos céus.

- Vivemos hoje um marasmo com relação ao evangelismo. A quase totalidade das igrejas locais possui “departamentos de evangelismo”, o que é um contrassenso, já que toda igreja tem de evangelizar, a demonstrar, pois, que pequena parte da igreja está preocupada em ir ao encontro dos incrédulos, como também dos que se afastaram da fé. Deste modo, não há mesmo como a igreja crescer, dentro do que vemos registrado na Bíblia. É muito triste vermos o reduzidíssimo número de pessoas convidadas pelos crentes para os cultos ditos evangelísticos (como são, normalmente, os de domingo à noite), cujo objetivo é precipuamente o de ganhar almas para o Senhor Jesus… Não há como uma igreja crescer assim.
OBS: “…Com o crescimento da igreja, até certo ponto inesperado, houve também um volume considerável de atividades administrativas que, em regra geral, consomem a maior parte do tempo do pastor. Com isso, a administração dos números assumiu posição de prioridade, enquanto que a evangelização pessoal passou a ser tarefa de um grupo isolado da igreja local, geralmente chamado de ‘Departamento de Evangelismo’. Esse ‘departamento’ é que planeja, executa o evangelismo nos fins de semana, uma vez no mês, e, pasmem, algumas igrejas só tratam desse assunto durante os congressos da mocidade, anualmente (!). O que deveria ser tarefa diária de todos os crentes, sob a liderança do pastor, passou a ser feita periodicamente, por uns poucos. Evidentemente, tratamos de exceções que, todavia, tendem a crescer.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem sucedido, p.182).

- A referência seguinte sobre crescimento da igreja primitiva em Atos se dá em At.6:7, quando, após o episódio da instituição do diaconato, que pôs fim à murmuração existente na igreja, é dito que a “crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava muito o número de discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”.

- Mais uma vez, vemos que o crescimento da Igreja é aliado ao crescimento da Palavra de Deus, ou seja, somente crescia o número de salvos, porque crescia a pregação da Palavra. Não há, pois, como crescer uma igreja local se não houver crescimento da pregação da Palavra, da pregação do Evangelho, pregação esta que deve levar em conta a necessidade de arrependimento dos pecados. Tanto assim é que os próprios inimigos da Igreja testemunham que Jerusalém estava cheia da doutrina, doutrina que tinha, como ponto proeminente, o perdão dos pecados por meio do sangue de Jesus (At.5:28).

- Não se trata, nem de longe, de criar “pontos de contato” com o público, com o auditório, de se fazer “palatável” ou “agradável”, muito menos “simpático” ou “popular”, como se defende hodiernamente nos variados “movimentos de crescimento de igrejas”, baseados no marketing, que, para “vender seu produto”, tem de criar condições emocionais e psicológicas favoráveis ao público a fim de lhe motivar a adquirir o produto. Não, não e não! A Igreja precisa mostrar ao mundo uma “boa nova”, a de que, em Jesus, podemos ter o perdão dos nossos pecados e alcançar a salvação, sem o que iremos irremediavelmente para a eterna separação de Deus.
OBS: Atualmente, é outro o quadro que temos visto nas igrejas preocupadas com crescimento: “…A mensagem é aguada. Temas como pecado, julgamento, o poder tremendo de Deus, etc., geralmente estão ausentes da mensagem, ou são substituídos por uma terminologia menos ofensiva. Normalmente, a mensagem inicia com alguns 'quebra-gelos' iniciais, como anedotas ou historietas. Diversas versões da Bíblia são usadas, a tradução King James Version (equivalente à Almeida Corrigida e Fiel) é evitada e os versos citados são exibidos nos telões de vídeo. A mensagem é ambígua, parecendo sensata para as pessoas que pensam tradicionalmente, estão em transição, ou já foram treinadas a pensar de forma transformacional. Frequentemente, meias-verdades são usadas (por exemplo, a proeminência de Cristo como um líder religioso, mas omitindo Sua divindade), ou mensagens "subliminares" são utilizadas.…” (KLENCK, Robert. end. cit.).

- O crescimento da Palavra gera a multiplicação de discípulos, diz o texto, inclusive grande número de sacerdotes, classe que, se esperaria, seria mais resistente à pregação do Evangelho, pelo recente histórico de confronto entre eles e o Senhor Jesus. No entanto, o crescimento da Palavra de Deus, a pregação contínua das Escrituras levou muitos dos sacerdotes a realmente entenderem, pelo Espírito Santo, que Jesus era o Cristo, passando, então, a obedecer à fé.

- O crescimento da Palavra de Deus não resultava, apenas, em multiplicação numérica, mas em aumento do número daqueles que “obedeciam à fé”. Havia real conversão, real transformação. As pessoas abandonavam as suas velhas formas de viver e passavam a viver de acordo com a Bíblia Sagrada, com a doutrina dos apóstolos. Crescimento importa em conversões, em mudanças de atitudes. Temo visto isto, porventura, nas megaigrejas tão mencionadas e imitadas na atualidade?

II – O CRESCIMENTO DA IGREJA APÓS A DISPERSÃO DOS DISCÍPULOS DE JERUSALÉM

- Em At.9:31, Lucas dá conta do crescimento da igreja na Judeia, Samaria e Galileia, dizendo que elas tinham paz e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.

- O crescimento mencionado por Lucas, aqui, abrangia as igrejas surgidas da dispersão dos crentes de Jerusalém, por causa da perseguição liderada por Saulo (At.8:1). Este crescimento mostra, de pronto, que a pregação do Evangelho, que havia alcançado toda Jerusalém, não era obra apenas dos apóstolos, mas, também, dos crentes em geral.

- Isto já nos mostra que a igreja não se circunscrevia às reuniões que, até então, haviam ocorrido no alpendre de Salomão, no templo de Jerusalém (At.5:12), mas também havia reuniões em casas, onde os discípulos em geral serviam a Deus e pregavam a Cristo (At.5:42), porque todos, ou, pelo menos, grande parte dos discípulos haviam sido igualmente revestidos de poder (At.4:31). Constantes eram as reuniões de oração entre os crentes (At.12:12-17), que tinham uma vida comunitária que trasbordava as quatro paredes do templo (At.2:44,46).
OBS: “…O obreiro precisa, cada vez mais, usar a inteligência que Deus lhe deu. Não podemos ficar presos entre quatro paredes. O Diabo continua mais sagaz do que nunca. Está cada vez mais difícil ganhar um pecador para Jesus. Se ele trabalha, precisamos trabalhar mais do que ele, em dobro.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. op.cit., p.167).

- A igreja, então, atuava tanto no templo, nas reuniões no alpendre de Salomão, às quais todos compareciam (At.5:12), como também reuniões menores em casas, seja para orar, seja para anunciar o Evangelho. Não há, pois, a dicotomia que se procura hoje construir entre “igrejas em células” e “igrejas em templos”, como se a igreja primitiva fosse de um ou de outro tipo.

- Na verdade, diante da real conversão dos crentes, eles não podiam calar-se diante do amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito Santo (Sl.45:1; Rm.5:5) e tinham a noção da necessidade e da urgência da pregação do Evangelho (I Co.9:16), levando, assim, as boas novas de salvação para toda Jerusalém, independentemente das pregações dos apóstolos ou da ida ao alpendre de Salomão.

- Os crentes, inclusive, pregavam nas diversas sinagogas existentes em Jerusalém, como nos mostra Estêvão (At.6:9), a provar, pois, que os crentes não escolhiam locais ou grupos, grandes ou pequenos, para pregar o Evangelho, mas aproveitavam todas as oportunidades que tinham para anunciar a Jesus.
OBS: “…Outro princípio paulino que bem assegura o desenvolvimento deste tema é encontrado em 1 Co 9.22, onde o apóstolo busca todos os métodos disponíveis ao seu alcance, e até as alternativas que estavam além das suas possibilidades para salvar os seus ouvintes. É isso que sugere o texto: ‘Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns’. A aplicação da estratégia de Paulo para os nossos dias, pode-se resumir da seguinte maneira: todos os métodos pedagógicos, todos os meios de comunicação, todos os equipamentos tecnológicos disponíveis, investir todo o dinheiro, em todos os lugares, a qualquer hora, com todo o pessoal, com todas as forças, com todo ânimo, com todos os instrumentos e grupos musicais recomendáveis etc.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. op.cit., p.181).

- Inexiste, pois, esta dicotomia que hoje se pretende fazer entre templos e grupos pequenos, pois a evangelização deve ser feita a todo tempo, a toda hora, como, aliás, nos mandou o Senhor Jesus e afirma o apóstolo Paulo (II Tm.4:2). Aliás, a igreja não era organizada nem com base no templo nem com base em grupos pequenos, de forma que não se pode afirmar que este ou aquele seja o modelo bíblico.

- O que havia era o interesse dos crentes pela salvação das almas perdidas, tanto que não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo, fosse no alpendre de Salomão, fosse nas casas, fosse nas sinagogas. O crescimento está ligado à mobilização dos crentes em busca dos perdidos, mobilização esta que somente se dará se houver amor de Deus nos corações. De nada adiantam estratégias e sistemas eficientes e eficazes se não houver amor pelas almas.

- Os crentes, uma vez dispersos, continuaram a fazer o que já faziam em Jerusalém, ou seja, anunciar a Cristo Jesus nas aldeias e cidades da Judeia, Samaria e Galileia e o resultado foi o surgimento de igrejas nestes locais. Perceba-se que Lucas fala em igrejas, não em casas, células ou grupos pequenos. Evidentemente que as reuniões, uma vez que não podiam mais ser realizadas no alpendre de Salomão, passaram a ser feitas em casas, quiçá até em sinagogas, mas isto não significa, em absoluto, que as reuniões coletivas tivessem sido abandonadas ou que a igreja fosse formada por “células”. Havia, sim, igrejas estabelecidas nestes locais, igrejas que cresciam, porque não cessavam de anunciar a Cristo Jesus.

- Também nestas igrejas locais, não havia luta pelo poder, o que se poderia esperar já que, nas referidas igrejas, não estavam presentes os apóstolos, abrindo espaço, pois, para quem quisesse ter o primado. Lideranças havia, mas nenhuma busca de cargos ou de títulos. As igrejas não competiam entre si, não havia “invasões de campo”, mas entre elas havia paz.

- Também havia edificação, pois, apesar de os apóstolos não estarem lá para doutriná-los, os crentes que abriram estes trabalhos eram preparados, já haviam sido doutrinados pelos apóstolos e, desta forma, podiam transmitir aquilo que haviam recebido. O Senhor Jesus dispersou-os no momento em que estavam devidamente preparados para poder ensinar outros.

- O resultado da pregação do Evangelho e da edificação espiritual outro não era senão o crescimento das igrejas locais, que Lucas diz que “se multiplicavam”. Mas o médico amado nos mostra como se dava este crescimento: “andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo”.

- Esta afirmação de Lucas traz-nos preciosas lições. Por primeiro, que o crescimento, assim como em Jerusalém, era qualitativo-quantitativo. Aumenta o número, mas o número de salvos, pessoas que tinham mudado a sua forma de viver, passando a temer a Deus e a ter a consolação do Espírito Santo.

- Por segundo, o motivo de haver paz entre as igrejas e de elas crescerem era a circunstância de que quem imperava sobre elas era o Espírito Santo. Não se tratava de presença de quaisquer “pais espirituais”, de uma “rede de células” vinculadas por uma “nova unção”, por uma “fidelidade ao líder”. Nada disso! Todos eram dirigidos e guiados pelo Espírito Santo, o Espírito que traz o vínculo da paz (Ef.4:3), o Espírito que glorifica o Príncipe da Paz (Is.9:6; Jo.16:14).

- Por terceiro, verificamos aqui que a ideia de “igreja local” é perfeitamente possível. As igrejas não estavam vinculadas hierárquica ou administrativamente a Jerusalém, prova de que inexistia qualquer primado daquela igreja ou mesmo dos apóstolos sobre os demais crentes. Evidentemente que os apóstolos tinham uma função primordial no início da Igreja, pois eram os “enviados” (isto é o significado de “apóstolo”) pelo Senhor Jesus para a propagação do Evangelho.

- A dispersão dos crentes, com exceção dos apóstolos, de Jerusalém, porém, era uma demonstração do Espírito Santo no sentido de que a Igreja deveria começar a caminhar sem depender dos apóstolos, embora tivesse de perseverar na doutrina ensinada pelos apóstolos que, afinal de contas, a haviam recebido diretamente do Senhor Jesus (At.1:21,22). Os apóstolos constituíam os fundamentos da Igreja, postos ao lado dos profetas, depois da pedra principal da esquina (Ef.2:20; Ap.21:14), mas era preciso começar a edificar mais.

- Esta “localidade” também não tem nada que ver com a delimitação administrativa do governo romano, nem que houvesse uma igreja em cada lugar. A Bíblia diz que havia igrejas na Judeia, Samaria e Galileia que convivam em paz e se multiplicavam. Nada, pois, que exigisse que cada cidade, cada vila, cada aldeia, segundo a divisão administrativa do governo romano, tivesse apenas uma igreja, como defendem os “localistas” de Witness Lee (1905-1997).

- Em At.12:24, Lucas volta a dizer que “a Palavra de Deus crescia e se multiplicava”, depois de ter narrado a trágica morte de Herodes Agripa I, que havia mandado matar Tiago. Esta afirmação mostra que, apesar da perseguição e da própria vingança do Senhor contra Herodes, o fato é que a Igreja prosseguia crescendo e, por causa da Palavra de Deus. Perseguições não impedem o crescimento da Igreja, desde que haja evangelização, desde que haja o anúncio de Cristo Jesus aos perdidos. Temos feito isto num instante de peculiar intensificação da perseguição contra a Igreja?

- Esta mesma ideia é repetida por Lucas quando, já falando do ministério de Paulo em Éfeso, diz que “assim a Palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At.19:20).

- Lucas faz como que um resumo de todo o profícuo ministério de Paulo em suas três viagens missionárias, pois iniciaria a narrativa da volta de Paulo a Jerusalém e sua consequente prisão. O que significa este “assim” do texto de Lucas? Após ter dado os principais dados das três viagens missionárias do apóstolo, o médico amado faz questão de mostrar que era “daquela forma” que o Evangelho crescia entre os gentios, ou seja, assim como havia acontecido entre os judeus, por intermédio do anúncio da Palavra de Deus que vencia todos os obstáculos existentes no mundo para a conversão das almas.

- Até mesmo Éfeso, bastião da idolatria e da feitiçaria (At.19:19, 25-27), estava sendo eficazmente evangelizada por Paulo e muitas almas se convertiam, porque “assim a Palavra de Deus crescia poderosamente e prevalecia”. Não há crescimento da Igreja, não há manifestação do poder de Deus contra todas as potestades malignas, se não houver o anúncio de Cristo Jesus e de Sua salvação.

- Incansavelmente, em suas viagens missionárias, Paulo pregava a Palavra de Deus. Ao pregar a Palavra, Palavra confirmada por sinais e prodígios, Palavra precedida por uma intensa vida de oração e meditação nas Escrituras, o Senhor salvava almas de todas as classes sociais, de ambos os sexos, judeus e gentios, fazendo com que nascessem e crescessem inúmeras igrejas locais tanto na Ásia quanto na Europa. O mundo de então foi atingido na geração apostólica por causa da pregação da Palavra (At.14:21-23; 16:4,5). É “assim” que uma igreja local cresce!

- O livro de Atos, a propósito, termina mostrando Paulo em uma casa alugada em Roma, pregando o reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus sem impedimento algum (At.28:31), a mostrar que este é o cerne de toda atividade que vise o crescimento da Igreja.

- A Igreja foi feita para crescer. É o grão de mostarda que se torna a grande árvore; as três medidas de farinha que leveda toda a massa. No entanto, para que isto ocorra, é necessário que deixemos que o crescimento se dê por conta de Deus, pois se trata de uma obra divina, mas que, neste crescimento, a parte que nos cabe é pregar o Evangelho, ensinar a doutrina dos apóstolos, ir ao encontro dos perdidos.

- A Igreja crescerá se todos os crentes se mobilizarem a fim de, seja em templos, seja em casas, seja em uma reunião coletiva, seja em reuniões em pequenos grupos, levem pessoas que não conhecem a Jesus Cristo ao conhecimento do Evangelho, mediante uma pregação que seja precedida de revestimento de poder, de oração, consagração, meditação nas Escrituras, de um testemunho fiel, de quem é temente a Deus e está sempre na companhia e consolação do Espírito Santo.
OBS: “…Há uma guerra contínua da Igreja contra o pecado, contra o mundo e contra Satanás. O príncipe deste mundo tenta de todas as maneiras ocupar o crente para que ele não se preocupe com o trabalho de evangelismo, mas busque, em primeiro lugar, o seu próprio interesse.(…)Mobilizar, segundo os dicionários de português, significa movimentar tropas para a guerra. O exército dos salvos precisa sair às ruas e invadir o mundo, mostrando que só Jesus Cristo salva. Há a necessidade do obreiro trabalhar sem cessar para o engrandecimento do reino de Deus aqui na Terra. Volto a mencionar a atuação dos pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil, porque eles foram usados por Deus com um procedimento padrão para nós, os obreiros desta geração. Eles não conseguiram esse êxito que conhecemos hoje somente saindo de casa à noite para a igreja. Não, eles saíam todos os dias de casa em casa, evangelizando, distribuindo Bíblias, orando por enfermos etc. Naquela época eles tinham tudo e todos contra eles e o trabalho que faziam. A população era hostil, perseguia com grande furor os pioneiros; o sistema de transporte era o mais precário possível. Como se isto fosse pouco, ainda havia a falta do dinheiro. Mas, com todos estes obstáculos, a obra foi feita.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. op.cit., pp.162-3).

- A pregação da Palavra de Deus não é uma mensagem simpática, construída com base em pesquisas mercadológicas, muito menos tendo por parâmetros teorias e técnicas humanas, mas, sim, a mensagem simples constante das Escrituras: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu. Foi esta mensagem que alvoroçou o mundo da igreja primitiva e que alvoroçará, também, o nosso mundo (At.17:6).

- “Alvoroçar o mundo” significa, pelo original grego “anastatóu” (άναστατόω), “inquietar, virar de cabeça para baixo, agitar, mover”, ou seja, os crentes eram conhecidos, já ao tempo da segunda viagem missionária de Paulo, como aqueles que perturbavam o mundo, ou seja, faziam o mundo se inquietar diante da realidade do pecado, faziam o mundo perceber que estavam debaixo da ira de Deus e que precisavam de um Salvador. Ora, é exatamente o contrário do que se pretende nos dias hodiernos com o “crescimento de igrejas”, que é o de tornar o ambiente da igreja “agradável”, ou seja, sedimentar a maneira de viver existente, apenas mostrando que isto pode ser vivido dentro das igrejas.
OBS: É o mesmo sentido que temos em Pv.30:21, onde “alvoroçar” é o hebraico “ragaz” (ךגצ), cujo significado é “agitar, perturbar, incitar”.

- Por isso, não podemos admitir que haja crescimento de igreja sem que se pregue a Cristo e Este, crucificado (I Co.2:2), sem que fale da necessidade do perdão dos pecados pelo sangue de Jesus (At.5:28-32). A utilização de uma “mensagem aguada”, de um “evangelho light”, de um evangelho tolerante ou omisso quanto ao pecado não produzirá crescimento de igrejas, mas, quando muito, apenas um aumento de sócios ou frequentadores que não serão muito diferentes de quaisquer outras associações ou organizações.
OBS: “…’O que é uma verdadeira igreja?’ A resposta seria a mesma — Uma verdadeira igreja é um corpo de crentes nascidos de novo reunidos para a adoração, comunhão, e para estarem equipados para o serviço. Uma vez que uma igreja aceite um único membro que negue a salvação pessoal em Jesus Cristo, essa organização cessa de ser uma verdadeira igreja. Como então pode uma igreja tornar-se "uma igreja para os sem-igreja?" A própria frase não é um oximoro? Quando isso acontece, a igreja não é nada mais do que um clube, e o ministério não é nada mais que um jogo.…” (DOMINIK, Mac. Pragmatismo na Igreja: uma religião orientada para resultados — uma apostasia com propósitos, cap.8. Disponível em: http://www.espada.eti.br/n1506cap-8.asp Acesso em 28 dez. 2010).

- Pregando o genuíno e autêntico Evangelho, a Igreja crescerá, o número de salvos, de pessoas realmente transformadas pelo Evangelho, aumentará. Sinais, maravilhas e prodígios confirmarão a Palavra pregada e, por causa da pregação, perseguições sobrevirão. Mas ninguém poderá deter o crescimento da Igreja e a glorificação do nome do Senhor.

- Vivemos dias em que se confunde o que significa o crescimento da Igreja e diversas inovações e conceitos têm ingressado nas igrejas locais. Esta “corrida atrás de crescimento quantitativo” tem sido obtida mediante sacrifício do que seja o verdadeiro objetivo e missão da Igreja. Com este comportamento, está-se apenas criando adeptos para a igreja apóstata que adorará o Anticristo. Tomemos cuidado, pois, se assim procedermos, estaremos tão somente repetindo o feito dos fariseus dos dias de Jesus, os quais, segundo o próprio Cristo, “percorriam o mar e a terra para fazer um prosélito e, depois de o terem feito, o faziam filho do inferno duas vezes mais do que eles próprios” (Mt.23:15). Que Deus nos guarde!

Caramuru Afonso Francisco